Com 172 metros de altura e 46 andares, o edifício Platina 220 será inaugurado na próxima segunda-feira (5) no bairro do Tatuapé, na zona leste de São Paulo. O prédio, que conta com apartamentos residenciais, hotel e salas comerciais, toma, por dois metros, o lugar do Mirante do Vale, no centro da cidade, como o maior prédio da capital paulista.
Há 20 elevadores para atender moradores e visitantes. A subida do térreo ao último andar leva cerca de 45 segundos —e alguns zumbidos nos ouvidos. Para alcançar o topo do prédio, ainda há três lances de escada. De lá, há visão para todas as zonas da cidade.
A construtora nasceu na região há 35 anos e os lançamentos pretendem atrair empresas para a Zona Leste e oferecer apartamentos residenciais de alto padrão, como o “Figueira Altos do Tatuapé”.
O urbanista explica que, desde os anos 2000, o bairro passa por um intenso processo de verticalização. A partir de 2010, esse fenômeno ganhou empreendimentos mais luxuosos, que o especialista nomeia como perfil “ostentação”.
Nas laterais, outros prédios, que servem como cartão postal da cidade, compõem o cenário do horizonte amplo. Quem olha para um dos lados, dá de cara com o Edifício Martinelli, o primeiro arranha-céu de São Paulo, aberto em 1929, com sua estrutura arquitetônica fascinante.
A idealização do mirante Sampa Sky conta com inspiração no Skydeck de Chicago, nos Estados Unidos. Este, por sua vez, fica no 103º andar do edifício Willis Tower, a 412 metros de altura. A versão norte-americana conta ainda com diversas experiências interativas com o público, que os leva a conhecer mais a cidade em que está localizado.
Nascido e criado no Tatuapé, o urbanista Lucas Chiconi acredita que o conjunto de transformações trazidas pelos novos – e altos – empreendimentos apaga a memória e a identidade do bairro. Em 2019, Chiconi fez parte de um grupo que tentou impedir a demolição de um conjunto de casas da década de 50 que faziam parte da vila operária João Migliari, a 1 km de onde está o Platina 220.
Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.
A enfermeira Rosana Santos, que ia ao shopping Metrô Tatuapé, a poucos metros do prédio, disse ter tirado três fotos e gravado um vídeo, que logo foi enviado para vários grupos no WhatsApp. "O bicho é grande, né? E fizeram aqui, longe do centro. Fiquei boba", afirma.
Tavolari afirma que o mapa está claramente fazendo expansões de eixos abaixo do potencial permitido pelo Plano Diretor, mas sem indicar claramente quais foram os critérios. Ela também diz que não é possível calcular com precisão esse aumento porque a prefeitura ainda não tornou disponível os arquivos contendo os dados geoespaciais.
Nesta terça (19), em nota, a gestão Nunes afirmou que o objetivo do projeto é "rever aspectos pontuais e promover compatibilizações necessárias para a melhoria da aplicação da legislação de 2016".
O edifício Platina 220 faz parte do Eixo Platina, uma rede de edifícios que busca atrair pequenas e médias empresas, startups, coworkings, prestadores de serviços, centros de varejo, saúde, cultura e entretenimento para a zona leste de São Paulo.
Até agora, foram usadas 2.300 toneladas de aço e 29.100 metros cúbicos de concreto. Para segurar o gigante, 32 metros de estacas perfuram o solo e dão sustentação à construção. Vinte elevadores deverão ser instalados para o acesso do público no prédio que terá uso misto, ou seja, salas comerciais e apartamentos residenciais.
No seu rival brasileiro, um estúdio está sendo vendido por cerca de R$ 700 mil. A vista da janela dos apartamentos, instalados do 4º ao 11º andar do Platina 220, difere da das lajes comerciais. No apartamento visitado pela reportagem, no 9º andar, a visão é das antigas casas do bairro conhecido como capital da zona leste.
"O ideal seria a ocupação da quadra, não do lote. Deveria haver mais unidades, mais espaços coletivos, sejam públicos ou privados, como comércios, serviços e órgãos públicos. Ou seja, conseguir liberar o chão da cidade para que as pessoas possam usufruir melhor. E esses prédios estão voltados para si mesmos. O uso misto do prédio acaba sendo para si mesmo", diz.
O edifício pode ser visto a partir da avenida Alcântara Machado, a três quilômetros do endereço. A área onde está localizado é majoritariamente residencial, com alguns comércios entre as casas. Há outros prédios no entorno, mas todos somem perto do Platina 220.