A história da culinária paulista Tudo começou com a chegada dos portugueses e com o interesse deles em explorar, em conjunto com os índios brasileiros, os produtos alimentícios de nossa terra. Já em 1500, alimentos como abóboras, amendoim, palmitos, feijões, mandiocas e algumas frutas foram descobertas.
O yakissoba preparado com legumes (como cenoura e batata, por exemplo) também está entre os pratos típicos dos paulistanos. Ele pode ser feito com carne vermelha ou frango – e ambas as receitas são tão comuns que são encontradas até mesmo em pequenas barraquinhas de rua.
A culinária do Brasil é fruto de uma mistura de ingredientes europeus, indígenas e africanos. Muitos dos componentes das receitas e técnicas de preparo são de origem indígena, tendo sofrido modificações por parte dos portugueses e dos escravos oriundos da África.
O lanche de “carne louca”, como é apelidado pelos paulistanos, é feito com pão francês e recheio de carne de panela desfiada e bem temperada com cheiro verde, cebola, azeitona, alho, pimentão e outros.
Pratos tradicionais
Em suas considerações, Waldman sustentou suas argumentações em três premissas: a vertente popular, a mestiça e a regional do Virado à Paulista. “Note-se que o Virado sempre foi um prato do dia a dia dos paulistas, mais tarde calendarizado pelo cardápio dos botecos e dos restaurantes como manjar das segundas-feiras. É igualmente mestiço por fundamentalmente resultar da articulação de dois acervos culturais, o indígena e o português. Por fim, é regional, pois apenas em São Paulo encontramos o Virado tal como o conhecemos”, sustenta. E completa, elencando aspectos históricos, sociais e culturais relacionados ao pitéu: “O Virado à Paulista não é propriamente bandeirante, como muitos apregoam. Este manjar é na realidade de extração mameluca, ou dito de outro modo, matricialmente associado à miscigenação de base que caracteriza a população original resultante da colonização do Estado de São Paulo, basicamente formada por mestiços de populações indígenas com colonizadores portugueses. Coube aos mamelucos sintetizarem o eixo pivotante do prato, que é a massa de feijão cozido no toucinho com a farinha de milho, ou então, de mandioca, como também acontece até hoje”. Na entrevista que segue, Waldman fornece todos os detalhes da pesquisa que serviu de base ao tombamento do prato.
Maurício Waldman – Após o tombamento, muitos restaurantes reintroduziram o Virado à Paulista no cardápio, estabelecimentos que em alguns casos, haviam retirado o prato do menu há muitos anos. A própria imprensa noticiou que nunca o Virado à Paulista foi tão bem comercializado quanto agora, após o tombamento. Clara exemplificação do quanto a economia também depende de conceitos culturais de vida.
Herdado da culinária japonesa, o temaki se tornou um dos pratos preferidos dos paulistanos. Na capital, principalmente – já que não à toa, é considerada o ‘berço’ da maior comunidade de japoneses de todo o mundo.
Maurício Waldman – Conta tudo, absolutamente tudo. A começar pelo fato de que o Virado à Paulista não é propriamente bandeirante, como muitos apregoam. Este manjar é na realidade de extração mameluca, ou dito de outro modo, matricialmente associado à miscigenação de base que caracteriza a população original resultante da colonização do Estado de São Paulo, basicamente formada por mestiços de populações indígenas com colonizadores portugueses. Coube aos mamelucos sintetizarem o eixo pivotante do prato, que é a massa de feijão cozido no toucinho com a farinha de milho, ou então, de mandioca, como também acontece até hoje. Milho e mandioca são insumos de origem autóctone. Contudo foram misturados ao cozido, forma de preparo que é bem ao gosto da culinária portuguesa. A partir deste ponto, notamos outras contribuições, que refletem as vagas migratórias que alcançaram o Estado de São Paulo. O uso da banana num prato salgado é, por exemplo, uma inculturação africana. A entrada do arroz no quitute também é procedente das gentes da África. A couve refogada é obviamente um traço português no prato, assim como dos torresmos, no caso, uma adjetivação no Virado que também contou com o reforço gastronômico da tradição negro-africana. A bisteca de porco remete ao antigo consumo local da carne do porco do mato sul-americano, o cateto, que levado à extinção, foi substituído pela bisteca do porco domesticado de cepa europeia. Temos de igual modo aportes italianos, como o empanamento da banana e a linguiça calabresa, esta última uma contribuição dos colonos calabreses, que criaram este embutido aqui no Brasil. Portanto, pelo que a própria lógica do concreto demonstra, não existe nada mais paulista de raiz numa mesa do que o Virado à Paulista. Mais ainda, o Virado também reflete o caráter mutante da cultura. O manjar foi se modificando ao longo da história até chegar à sua forma final, hoje disseminada por todos os estabelecimentos de alimentação e nos lares do Estado de São Paulo.
O virado à paulista é um prato de almoço ou janta servido em bares e restaurantes de todo o estado. Sua composição é a seguinte: arroz, bisteca de porco (preferencialmente frita), tutu de feijão, couve refogada, linguiça e ovo frito.
Quando o assunto é culinária paulista, destacamos que ela pode ser facilmente comparada à culinária da cidade de Nova York, nos EUA. A razão é compreensível: ambos contam com uma enorme variedade gastronômica, capaz de agradar a todos os gostos e paladares.
Pela primeira vez na história, uma produção culinária, o Virado à Paulista, foi tombada como patrimônio histórico e cultural imaterial do Estado de São Paulo. A iniciativa, ainda que criticada por alguns poucos, a meu ver reveste-se de grande importância, por reconhecer as preparações gastronômicas como bens tão valiosos para a sociedade quanto um edifício ou uma peça de artes plásticas. Uma receita é capaz, sim, de revelar de forma eloquente costumes, comportamentos e trajetórias de um povo. O tombamento do Virado à Paulista pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), órgão subordinado à Secretaria da Cultura, foi precedido de um parecer emitido pelo professor Mauricio Waldman, homem de muitas letras e especialidades. Jornalista, antropólogo e pós-doutor em Geociências pela Unicamp, o intelectual fez uma análise aprofundada do tema, considerando diferentes dimensões, e concluiu por recomendar a preservação do prato.
O cuscuz, feito com farinha de mandioca, ganha alguns complementos deliciosos nas cidades paulistanas: frango, palmito, ovo cozido, sardinha ou atum são alguns deles. O prato pode ser o principal ou apenas um acompanhamento – você é quem decide!
O lanche típico é encontrado no Mercado Municipal de São Paulo – que inclusive, está entre os principais pontos turísticos da região. O sanduíche é feito com pão francês e muitas – muitas mesmo! – fatias de mortadela. Algumas de suas versões acompanham mostarda.
Obviamente esse mix cultural também influenciou na formação da culinária paulista. Neste artigo, vamos conhecer o histórico e os principais pratos que compõem a gastronomia da região.
No Brasil a produção interna de alimentos era limitada, pois a economia estava toda voltada para a exportação . A atual culinária colonial constituinte das bases culinárias do país pode ser dividida em quatro correntes: a do litoral açucareiro; a do norte; a dos bandeirantes; e a quarta, da pecuária.
Conteúdo não verificável poderá ser removido .—Encontre fontes: Google ( notícias, livros e acadêmico) (Abril de 2017) A culinária do Brasil é fruto de uma mistura de ingredientes europeus, indígenas e africanos.
A receita, herdada dos portugueses, é uma das preferidas dos paulistanos. Os bolinhos de bacalhau marcam presença principalmente nos bares e botecos da cidade, sendo acompanhados por uma boa caipirinha ou cerveja gelada.
Maurício Waldman – Meu parecer baseou-se em três premissas, que positivaram o laudo em favor do tombamento: a vertente popular, mestiça e regional do Virado à Paulista, eixos que conotam de modo inextricável o caráter paulista deste verdadeiro banquete. Note-se que o Virado sempre foi um prato do dia a dia dos paulistas, mais tarde calendarizado pelo cardápio dos botecos e dos restaurantes como manjar das segundas-feiras. É igualmente mestiço por fundamentalmente resultar da articulação de dois acervos culturais: o indígena e o português. Por fim, é regional, pois apenas em São Paulo encontramos o Virado tal como o conhecemos. Outras culturas gastronômicas regionais, como a culinária mineira, podem oferecer o tutu de feijão, congênere ao que encontramos no Virado à Paulista. Mas apenas o Virado combina o tutu com banana a milanesa, bisteca de porco, arroz, torresmo, couve, etc., uma combinação única, singular da culinária paulista.
De acordo com alguns historiadores, foi no reinado de Luís XIV que a gastronomia teve a sua origem, quando, de fato, os nobres da França passaram a elaborar e definir regras e normas sobre o que realmente seria comer bem ou comer mal.
Maurício Waldman – Sem dúvida alguma, pois sou paulista. Isto recordando uma máxima gastronômica pela qual nós somos o que nós comemos. Agora, o que eu nunca pensei, é que um dia o destino me reservaria a missão de desenvolver um trabalho acadêmico visando imortalizá-lo como bem cultural do Estado de São Paulo. Assim é a vida. Gostei!