Um dos mais famosos poemas de amor da literatura brasileira é o queridinho de muitos apaixonados ao longo de gerações. Escrito por Vinicius de Moraes, a promessa aqui não é por amor eterno.
Ao invés de uma declaração de amor clássica, de quando o casal está unido, temos um momento de partida, quando o sujeito é deixado para trás. Ao longo dos versos percebemos que ele deseja que a amada se arrependa da sua decisão de ir embora e que volte para os seus braços.
O sujeito pretende expressar que a humanidade ainda não superou todo o sofrimento a que assistiu, sendo assombrada e comandada apenas pelo medo e esquecendo todas as outras emoções.
O famoso poema O tempo tinha como título original Seiscentos e Sessenta e Seis, uma referência aos números contidos dentro dos versos que ilustram a passagem implacável do tempo e também uma alusão bíblica ao número do mal.
Encontramos aqui um sujeito que, já ao final da vida, olha para trás e procura extrair sabedoria de suas vivências. Como não pode voltar no tempo e refazer a sua história, tenta transmitir através dos versos a necessidade de se aproveitar a vida sem se preocupar com o que é desnecessário.
O poema de Bandeira é marcado portanto por um desejo de escapismo, ansiando alcançar liberdade e descanso em um lugar onde tudo funciona em plena harmonia, pelo menos no campo da imaginação.
Chacal (1951) é um dos mais importantes criadores brasileiros do nosso tempo e tem investido principalmente em poemas curtos, com uma linguagem clara, acessível e cativante.
Nesta composição, o sujeito lírico parece falar diretamente com o seu leitor ("você"). Procurando aconselhá-lo, partilhar sua sabedoria, formula neste seus votos de transformação para o novo ano.
Este eu-lírico associa o florescimento dos ipês à alegria, à força e à esperança. Na sua visão, eles teriam dado flores antes do tempo para alegrar os cidadãos do Rio de Janeiro. O encanto dos ipês contrasta com a realidade distópica do local: "desamor, tumulto, inflação, mortes".
Integrada na segunda fase do modernismo brasileiro, sua produção literária reflete algumas características do seu tempo: uso da linguagem corrente, temas do cotidiano, reflexões políticas e sociais.
Descreve as várias dimensões do amor como perecíveis, cíclicas e mutáveis ("amar, desamar, amar"), transmitindo também as ideias de esperança e renovação. Sugere que mesmo perante a morte do sentimento, é preciso acreditar no seu renascimento e não desistir.
De coração partido, lembra que o amor, como a própria vida, é inconstante, passageiro, repleto de incertezas ("hoje beija, amanhã não beija"). Afirma, então, que não tem como fugir disso, nem através do suicídio. O que resta é esperar "as bodas", o amor correspondido, estável. Para seguir em frente, precisa acreditar no final feliz, ainda que não chegue nunca.
Nesse curto poema de Drummond, o que vemos é uma síntese sobre a brevidade da vida. O autor se vale do contexto histórico de industrialização do início do século XX para traçar um paralelo entre o automóvel e o próprio movimento de estar no mundo.
A rotina naquela cidadezinha é identificada como uma "vida besta", por ser simples ou até mesmo vazia. Fica, deste modo, evidente que o sujeito se sente sozinho e desenquadrado ali, assumindo a postura de um observador.
Referindo os obstáculos que surgem na vida do sujeito, simbolizados por uma pedra que se cruza no seu caminho, a composição sofreu duras críticas pela sua repetição e redundância.
Publicado em Amar se aprende amando (1985), o último livro de poemas que o autor lançou em vida, o poema pode ser interpretado como um manual de sobrevivência para tempos difíceis.
Destruídos, guardam a memória do amor como uma "cobra" que os persegue e morde. Mesmo com a passagem do tempo, essa memória ainda machuca ("quedam mordidos") e a lembrança do que viveram persiste.
A solidão aqui é buscada sobretudo como uma forma de autoconhecimento. O poema simula a conversa do sujeito com aqueles que estranham o seu comportamento e desejo de estar só.
Parte da coletânea Alguma Poesia (1930), a composição usa um vocabulário simples e rimas singelas, quase infantis. Estamos perante um retrato do cotidiano de uma pequena cidade rural, com versos que descrevem o dia-a-dia do lugar.
Assim como em outras composições do autor, estamos perante um desabafo do sujeito que parece tentar apaziguar a própria tristeza. O destinatário da mensagem de consolo, tratado na segunda pessoa, pode também ser o próprio leitor. Refletindo sobre a sua jornada e a passagem do tempo, constata que muita coisa se perdeu ("a infância", a "mocidade"), mas a vida continua.
O tema da máquina do mundo (as engrenagens que condicionam o modo como o universo funciona) é um tema bastante explorado pela ciência e a literatura medieval e renascentista. Drummond faz referência ao canto X dos Lusíadas, passagem onde Tétis mostra a Vasco da Gama os mistérios do mundo e a força do destino.