Os especialistas consultados por VivaBem explicam que a pré-publicação tem sérias limitações, pois utiliza um número muito pequeno de participantes e um público muito específico. "É necessário que haja uma revisão dos dados, porque é apenas um pré-print [pré-publicação]. Precisamos ver a qualidade dos detalhes, do banco de dados e se todos os protocolos de pesquisa foram seguidos. Além de uma análise por pares em uma boa revista", diz Alexandre Naime, infectologista chefe do Departamento de Infectologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).
O estudo, que não registrou eventos negativos, deve ser expandido em um ensaio clínico duplo cego com placebo, envolvendo um maior número de pacientes —fato importante e que os infectologistas também defendem. "É importante avaliar o resultado do estudo em outros centros, não só no Brasil, mas pelo mundo. Em etnias diferentes, em condições diferentes, em hospitais públicos diferentes também. E, com isso, ver se o tratamento fez diferença do ponto de vista anti-inflamatório", explica Marinho.
O própolis pode ser usado diariamente. Geralmente, é indicado consultar um médico ou um profissional de saúde para saber a quantidade e a frequência ideal para o uso de própolis.
A forma de uso também pode variar: é comum que seja ingerido puro ou diluído em água ou chá. Ele também pode fazer parte de receitas como shots matinais com outros ingredientes anti-inflamatórios e antioxidantes.
"O próximo passo é importante, que é o ensaio clínico randomizado, com um número grande de pacientes, em torno de 1.000 e 1.300 pessoas para ver o efeito", completa Naime. Ensaio clínico randomizado é quando os participantes são misturados e, de forma aleatória, são colocados em dois grupos: o de controle (placebo) e o experimental (recebe o medicamento/tratamento).
O grupo de controle apresentou 23,8% de lesões, contra 4% entre os que ingeriram a maior dosagem de própolis. As lesões renais podem ser um fator de risco para os infectados com o Sars-Cov-2.
É importante ressaltar que o uso contínuo do própolis pode fazer com que o corpo fique tolerante às substâncias e elas deixem de fazer efeito. Por isso, consulte um médico para saber qual tipo e a melhor forma de fazer o seu uso.
Entre os pesquisadores envolvidos, estão membros do Instituto D’Or de Pesquisa e Educação (IDOR), do Hospital São Rafael, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e da empresa Apis Flora.
"Por enquanto, é um estudo preliminar, não está totalmente aprovado", diz. Segundo Marinho, os participantes são um único público, pessoas com um perfil de saúde semelhante e uma alimentação parecida, o que pode gerar um viés. "Os resultados são bons, mas ainda é muito precoce para dizer que seria uma boa opção de tratamento".
Uma das possibilidades do uso do própolis para a melhor recuperação do paciente é que a substância interfira, de forma positiva, em uma proteína da superfície celular (TMPRSS2), a qual estava envolvida no processo de invasão do coronavírus. “Outro ponto importante de destaque na pesquisa é que as propriedades da própolis podem ajudar a reduzir os processos inflamatórios por inibição da PAK1, que está associada a uma maior necessidade de cuidados intensivos e com altas taxas de mortalidade”, afirma o professor David.
Publicado na plataforma MedRxiv, o preprint — artigo sem revisão por pares — concluiu que o uso de extrato de própolis pode auxiliar na redução no tempo de permanência hospitalar de pacientes com a COVID-19 que ingeriram própolis durante internação. Vale ressaltar que o estudo não comprova nenhuma terapia preventiva ou cura da COVID-19 através da medicação do própolis.
O extrato de própolis pode ser usado a qualquer hora do dia. No entanto, durante a noite pode ser diluído em chás para acalmar e relaxar o corpo, contribuindo com uma noite de sono mais tranquila.
Por ter propriedades que ajudam na cicatrização de feridas, o própolis pode ser benéfico para quem tem gastrite ou úlceras. Isso porque pode proteger a mucosa do estômago. No entanto, em quantidades excessivas, algumas pessoas podem sentir um desconforto gástrico.
“A administração oral da substância foi segura, pois não houve eventos negativos associados ao uso. Além disso, a diminuição do tempo de internação após a intervenção foi significativa. O grupo controle, que não ingeriu própolis, ficou 12 dias hospitalizado após o início do tratamento. Já os grupos que receberam doses mais baixas e mais altas ficaram, respectivamente, 7 e 6 dias internados”, explica o professor David de Jong da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e um dos autores do estudo.
Análises em laboratório feitas pelo farmacêutico Pedro Luiz Rosalen, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e cientistas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, mostraram que, além de combater o excesso de radicais livres (associados ao envelhecimento precoce e danos celulares), o própolis foi bastante eficaz frente aos micróbios.
O própolis também pode ser consumido por meio de chás, diretamente sobre a pele, na água para fazer inalações em vapor ou em gargarejo. No mercado ou em lojas de produtos naturais, ele já é encontrado em forma de cremes, pomadas ou loções. Também pode ser ingerido em cápsulas.
Você sabia que o própolis é produzido pelas abelhas? Bastante indicado para diminuir inflamações, ele também é usado para o tratamento de diversos problemas de saúde. Entre suas propriedades, encontram-se antioxidantes, vitaminas e minerais.
O principal efeito colateral que pode ocorrer ao fazer o uso do própolis é alergia à substância. Assim, ela pode causar vermelhidão ou inchaço. Para evitar, faça um teste de alergia: pingue 2 gotas sobre o antebraço e deixe agir por 30 minutos. Fique atento caso surja algum sintoma como vermelhidão ou coceira na pele.
O própolis está contraindicado para pessoas alérgicas a mel ou a qualquer componente do extrato de própolis. Durante a gravidez ou lactação, o própolis só deve ser usado com orientação médica.
O estudo clínico que investigou a eficácia do extrato de própolis ocorreu entre junho e agosto de 2020, envolvendo 124 participantes internados, em decorrência da infecção por coronavírus, no Hospital São Rafael em Salvador, na Bahia. Os voluntários tinham o seguinte perfil: cerca de 50 anos; apresentavam comorbidades; tinham sintomas da COVID-19 há cerca de oito dias; e o grau de acometimento pulmonar estava em torno de 50%.
Além disso, ao apresentar sintomas da doença, procure atendimento médico e não faça uso de nenhum medicamento ou substância natural sem orientação de um profissional da saúde.
Para evitar que o voluntário perceba se ele é do grupo placebo ou não, já que o própolis tem um sabor e um cheiro muito característicos, o extrato será encapsulado na próxima etapa da pesquisa. Segundo a assessoria, será o mesmo extrato de própolis (EPP-AF), o que mudará é apenas o formato. No caso, serão adotadas cápsulas de própolis, com a mesma concentração.