Conhecido entre a Geração de 1930, Sérgio Buarque de Holanda produziu reflexões interessantes sobre quem nós somos como brasileiros. Atualmente, suas ideias são utilizadas em muitos campos – sobretudo a ideia da cordialidade. A seguir, entenda mais sobre o assunto para adentrar também no debate.
Para refletir sobre o assunto, o autor se inspirou nas ideias de um conhecido sociólogo: Max Weber, sobretudo no método do tipo ideal. Em resumo, os tipos ideais são modelos teóricos para pensar a realidade que, na prática, é muito complexa e pode não se encaixar completamente no conceito.
Quando Sérgio Buarque defendeu esse conceito, ele não estava dizendo que nós somos educados, caridosos e afetivos. Nada disso. Ele dizia, na verdade, que as nossas atitudes e decisões são pautadas pelo nosso coração – e não tanto pela racionalidade.
A cordialidade é ainda um conceito útil para pensar um tipo de personalidade existente no Brasil. Principalmente, esse personagem aparece no campo da política e no controle do poder econômico. Assim, veja por quais razões o homem cordial é também negativo nesse âmbito.
A obra Raízes do Brasil foi publicada em 1936. Nela, Sérgio Buarque de Holanda apresenta algumas das raízes da formação brasileira: a colonização portuguesa e o patriarcado rural que se formou.
Além dos contos traduzidos para a coleção Mar de histórias, Aurélio Buarque de Holanda traduziu romances de vários autores, os Poemas de amor e os Pequenos poemas em prosa, de Charles Baudelaire.
O autor foi um historiador e professor da Universidade de São Paulo. Em 1936, publicou o livro Raízes do Brasil – um clássico para refletir sobre a formação histórica do país. Além disso, em 1962 se tornou o primeiro diretor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), que existe até hoje.
Passou a residir no Rio de Janeiro a partir de 1938. Continuou no magistério, como professor de Português e Literatura Brasileira no Colégio Anglo-Americano em 1939 e 1940; professor de Português no Colégio Pedro II, de 1940 a 1969, e professor de Ensino Médio do Estado do Rio de Janeiro, de 1949 a 1980. Contratado pelo Ministério das Relações Exteriores, assumiu a cadeira de Estudos Brasileiros na Universidade Autônoma do México, de junho de 1954 a dezembro de 1955.
Justificativa: a cordialidade, ou seja, as relações pessoais e afetivas com raízes no paternalismo e patrimonialismo no Brasil, dificulta a consolidação da democracia no país. Essa intimidade na vida pública, contudo, não significa que não há hierarquia ou autoritarismo nas relações.
“O brasileiro mistura algumas ações e acaba agindo impulsivamente com excesso de alegria ou excesso de raiva, por exemplo”, explica Braian. Em resumo, nós somos emotivos e agimos com base nos sentimentos – sejam ele bom ou ruim.
Portanto, Sérgio Buarque de Holanda ofereceu não apenas uma teoria e um método, mas um imaginário sobre o tipo brasileiro na vida pública. Mais do que descrever apenas uma personalidade cultural, isso diz respeito aos nossos problemas políticos e sociais.
Quarto ocupante da cadeira 30, eleito em 4 de maio de 1961, na sucessão de Antônio Austregésilo e recebido pelo Acadêmico Rodrigo Octavio Filho em 18 de dezembro de 1961. Recebeu os Acadêmicos Bernardo Elis, Marques Rebelo e Cyro dos Anjos.
“O ponto central que se cobra sobre o Sergio Buarque é o que ele chama da cordialidade – ou de homem cordial”, conta o professor. O homem cordial é uma representação da população brasileira. Em outras palavras, ele resumiu algumas características que os brasileiros possuem como um todo.
Holanda foi original em suas ideias e inspirou muitas reflexões a respeito de quem nós somos como brasileiros. Assim, é importante escutar e debater o tema, de modo que o conteúdo faça mais sentido:
Portanto, se a democracia no modelo europeu impõe que assuntos pessoais fiquem separados da vida pública, aqui no Brasil isso não acontece. Isso explica, por exemplo, o favorecimento de familiares e amigos quando alguém ocupa um cargo público – somente aos outros é aplicada a lei, mas aos íntimos não: o famoso jeitinho brasileiro.
Filho de Manuel Hermelindo Ferreira, comerciante, e de Maria Buarque Cavalcanti Ferreira, passou parte da infância em Porto das Pedras, AL, e estudou as primeiras letras em Maceió. Fez os preparatórios no Liceu Alagoano. Aos 15 anos ingressou no magistério e passou a se interessar pela língua e literatura portuguesas. Diplomou-se em Direito pela Faculdade do Recife, em 1936. Em 1930 fez parte de um grupo de intelectuais que exerceria forte influência literária no Nordeste, entre outros Valdemar Cavalcanti, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Raul Lima, Raquel de Queirós. Em 1936 e 1937 foi professor de Português, Literatura e Francês no Colégio Estadual de Alagoas, e em 1937 e 1938, diretor da Biblioteca Municipal de Maceió.
No entanto, o cordial no sentido de Sérgio Buarque de Holanda vem do cor de coração. Ou seja, significa a nossa incapacidade, inabilidade e até uma repulsa em lidar com a esfera pública e burocrática do Estado sem envolver o lado pessoal, do coração.
A sociologia que aparece nas questões interdisciplinares do ENEM nem sempre está relacionada aos nomes dos grandes pensadores europeus, como Marx, Weber ou Durkheim. Para ser mais exato, “O ENEM costuma abordar mais a Sociologia Brasileira”, revela o professor Braian.