Se você nasceu entre os anos 1980 e os anos 2000 em qualquer lugar da América Latina, o programa infantil Chaves pode ter sido uma importante parte de sua infância. Crescendo com os personagens, aprendendo com eles e se apaixonando por ele, o público de Chaves ainda ama a série até hoje.
No livro As Chaves do Sucesso, de 2006, do autor Pablo Kaschner, ele comenta que a vila é um espaço peculiar de convívio de pessoas, e de classes sociais dispares, como ocorre nos países latinos.
A série já foi dublada em mais de 50 idiomas e ganhou em 2006 sua versão em desenho. Nem o próprio Bolaños imaginava que seus bordões fossem tão repetidos assim. "Nunca imaginei que durariam assim, nem que eu escutaria essas frases sendo repetidas até em meios como na política", declarou ele numa entrevista concedida à BBC em 2005.
Em outra entrevista, desta vez ao portal El Universo, declarou não conhecer a fórmula do sucesso, mas sim a do fracasso. "Tentar lisonjear a todos. Nunca fiz concessões nem investiguei o que o público gostava, só fazia o que gostava, confiando que muita gente também gostava", simplificou.
Personagens diferentes do elenco clássico passam a aparecer com maior frequência, como Nhonho, Pópis e Godinez. A série ganha mais episódios na escolinha e mais números musicais, como os clássicos Que bonita a sua roupa e Se você é jovem ainda.
"Roberto Gómez Bolaños tinha apalavrado um contrato de usufruto dos personagens e de sua criação literária até 30 de julho deste ano, quase seis anos depois de sua morte. E não renovaram os direitos, a Televisa não quis pagar", disse Edgar Vivar, intérprete do Sr. Barriga.
Chaves, aliás, foi uma tradução que causou espanto aos dois mexicanos entrevistados. Ambos questionaram o que significa. "Chaves como o ditador venezuelano?", estranhou Damian. Respondi que a pronúncia é a mesma e o título no Brasil não tem significado. Depois disso, enviei a abertura da série que fez sucesso no SBT e o aclamado episódio O Disco Voador. "Não conseguimos parar de rir com a dublagem. Seu Madruga?", divertiu-se Damian, que viu o conteúdo em português ao lado de amigos e afirmou que também achou curiosa a abertura. "A introdução é muito diferente", opina o jovem.
Gabriela, consultora de tecnologia que explicou anteriormente como a palavra "chavo" se expandiu no México, também se diz orgulhosa pelo êxito alcançado pelo Pequeno Shakespeare. "Bolaños levou o nome do país para o mundo. Fico admirada como a série conseguiu fazer tanto sucesso, inclusive no Brasil, que fala português", espanta-se ela. E Damian concorda. "Para nós significa muito que outros países o admirem e também desfrutem de seu trabalho, cujo objetivo era compartilhar sua mensagem a todos através dos seus personagens."
Esta foi a última temporada em que o Quico, interpretado por Carlos Villagrán, fez parte do elenco da série. Por conta de problemas pessoais com Roberto Gómez Bolaños, Villagrán começou seu próprio programa, exibido no Brasil como Kiko e sua Turma.
Uma curiosidade é que, nesta temporada, podemos ver o Seu Madruga sem seu clássico bigode em alguns episódios. Além disso, a Chiquinha não aparece em boa parte dos episódios porque María Antonieta de las Nieves estava grávida no período.
O especial de fim de ano de Chaves é um dos poucos episódios que é anualmente exibido na data correta, fazendo parte da memória de quem cresceu nos anos 1980 e 1990.
Não por acaso, no lançamento do livro O Diário de Chaves, em 1995, Bolaños comentou: "A moral de Chaves não deixa dúvidas. É materialmente possível ser pobre e ser feliz ao mesmo tempo. E assim como Chaves perdurou na TV, a pobreza não apenas perdurou, mas também cresceu na América Latina".
Na primeira temporada de Chaves, os personagens eram significativamente diferentes da maneira com que ficaram famosos. Primeiro, os figurinos não eram os mesmos: as cores das roupas do Chaves, do Quico e da Chiquinha eram mais claras e mais simples.
Bolaños morreu em 2014, de infarto, aos 85 anos. Seus relatos dos últimos períodos de vida mostram alguém muito satisfeito com o sucesso alcançado, tranquilo em relação à idolatria de várias gerações e sem nenhuma vergonha de se resignar diante da força de seu personagem mais marcante.
O apartamento dela, na vila onde a série se passa, era o de número 8 e, por isto, Chaves ficou conhecido daquela maneira. No entanto, quando a senhora faleceu, o menino ficou sem casa de novo e passou a morar um pouco em todas as casas da vizinhança, cuidado por seus vizinhos, que o deram o barril para que ele brincasse e se escondesse.
Seu verdadeiro amor, no entanto, é Seu Madruga: mesmo sendo rejeitada pelo vizinho, Dona Clotilde não desiste de tentar conquistá-lo com favores e comidas. Mas, se depender da Chiquinha, as chances da Bruxa, quero dizer, Dona Clotilde não são nada boas.
Caso o nome for o correto ou não, desde a morte de Bolaños em 2014, a verdade provavelmente nunca será revelada — e a história por trás da personagem continua a mesma sendo ele Rodolfo ou somente Chaves.
No entanto, o seriado mexicano, que originalmente estreiou em 1973, ainda manteve diversos segredos de sua audiência quando oficialmente finalizou em 1980, após sete anos de transmissão original.
Quando importado do México, em 1984, o seriado já alcançara sucesso absoluto por toda a América Central e Latina. O Brasil chegou bastante atrasado ao fenômeno. Quando o personagem foi apresentado ao público brasileiro, a série já não era produzida. Os 312 episódios de “El Chavo”, título original de “Chaves”, foram exibidos na TV mexicana entre 1973 e 1980.