Quem O Autor Do Poema Ou Isto Ou Aquilo?

Quem o autor do poema Ou isto ou aquilo

O poema Ou isto ou aquilo, incluído na obra que leva o mesmo nome, publicada em 1964, é uma das maiores criações de Cecília Meireles (1901-1964) e fala sobre a dificuldade de escolhermos entre duas (ou mais) opções.

Análise e interpretação do poema Ou isto ou aquilo

Portanto, Ou isto ou aquilo termina com o eu lírico expressando a ideia de indecisão, tão comum em crianças, e parecendo querer mostrar-lhes que é ela algo perfeitamente normal.

Um jogo para ser brincado em uma combinação lúdica entre o que oferece um índice sem numeração e as folhas soltas, também sem numeração. A página de rosto e a que fecha o livro trazem, ambas, o cata-vento em pé, com o cabo centralizado entre as páginas. Na penúltima página, os nomes dos livros - e de seus autores e ilustradores - publicados pela Giroflé-Giroflá, coleção cuja proposta era inovar a produção voltada para as crianças e que alcançou, na época, sucesso de crítica e fracasso de vendas.

E, para isso, nada melhor que ensiná-las através de textos esteticamente bonitos, cheios de lirismo e, principalmente, através de textos que estimulassem nelas a imaginação.

Autores

Autores

Ou isto ou aquilo, única edição de 1964 - única com Cecília ainda em vida -, tem um formato totalmente diferente das demais edições: comprido, retangular, com dimensões de 31,5 cm x 12 cm, capa dura, em duas cores e poderia ser, hoje, confundida com um catálogo, com uma agenda telefônica. A capa abraça folhas coloridas, em papel cartão, que podem ser lidas na ordem desejada pelo leitor. "Uma caixa de surpresas, um livrinho comprido, com cara de brinquedo, ou de bicho, na coleção Giroflé - Giroflá, da editora Giroflé de SP", conforme esclarece Drummond na referida crônica.

Localizar em sua materialidade a obra Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles, em suas edições - 1964; 1969; 1977; 1987; 1990; 2002 -; cotejá-las para compreender as formas pelas quais os textos são apresentados aos seus leitores, em diferentes tempos; e indagar como e por que essas formas são pensadas e concretizadas são desafios deste artigo. Esta pesquisa de cunho exploratório, à luz, principalmente, dos estudos da História Cultural, privilegia, no exame das diferentes edições, as partes externas que envolvem os poemas (o texto propriamente dito) e suas ilustrações. Identifica e discute a produção de sentidos e valores ligados à educação do leitor, ao reconhecimento de uma escritora consagrada pela tradição literária, à singularidade da linguagem, à importância de uma prática prazerosa da leitura.

Outro elemento comum nas criações tão diferentes é que, em todos os poemas há muito uso da repetição e se procura alcançar uma musicalidade de modo a facilitar a memorização.

Biografia do Autor

Localizar em sua materialidade a obra Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles, em suas edições - 1964; 1969; 1977; 1987; 1990; 2002 -; cotejá-las para compreender as formas pelas quais os textos são apresentados aos seus leitores, em diferentes tempos; e indagar como e por que essas formas são pensadas e concretizadas são desafios deste artigo. Esta pesquisa de cunho exploratório, à luz, principalmente, dos estudos da História Cultural, privilegia, no exame das diferentes edições, as partes externas que envolvem os poemas (o texto propriamente dito) e suas ilustrações. Identifica e discute a produção de sentidos e valores ligados à educação do leitor, ao reconhecimento de uma escritora consagrada pela tradição literária, à singularidade da linguagem, à importância de uma prática prazerosa da leitura.

São livros com projetos editoriais fabricados e cuidadosamente reinventados à medida que querem continuar com a permanência da obra, em busca de novos leitores. Um livro não existe sem leitor; daí tantas estratégias para seduzi-lo e para inscrever a obra em sua memória. Mas igualmente é verdadeiro que nenhuma edição substitui a outra ou as outras. Como também é verdadeiro que nenhum livro, mesmo na mesma edição, substitui o encontro sempre singular, móvel, entre ele e seu leitor, daquele lugar e daquele tempo.

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O presente trabalho insere-se nesta perspectiva e toma como desafio aproximar a obra Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles, em suas seis edições (1964; 1969; 1977; 1987; 1990; 2002); cotejá-las para compreender as formas pelas quais os textos são apresentados aos seus leitores, em diferentes tempos; e indagar como e por que essas formas são pensadas e concretizadas.

A de 1990, com ilustração de Beatriz Berman, retorna ao tamanho (23 cm x 16 cm) e grossura (72 páginas) muito próximos ao formato modesto da segunda edição (1969). Também, como aquela, faz referência, já na capa, ao convênio "Ministério da Educação-FNDE - Biblioteca da Escola, distribuição gratuita". A edição de 2002, ilustrada por Thais Linhares, também em um formato retangular (21 cm x 27 cm), de um livro que se amplia, pode hoje ser adquirida nas livrarias em sua 11ª impressão.

Os exemplos dados por Cecília Meireles são propositalmente ilustrativos, muito visuais e cotidianos (presentes no universo da infância). São elementos com os quais toda criança pode se relacionar rapidamente, facilitando a sua compreensão do dilema que é introduzido.

Informações

A voz do adulto cresce em direção à da criança nas páginas da apresentação, nas capas. Ela orienta modos de leitura, de apreciação de temas e de aspectos trazidos pela linguagem literária de Cecília Meireles. A intenção educadora, própria da produção cultural voltada para criança, fica mais evidente nas últimas edições (1990; 2002) do que as publicadas na década de 60.

A representação do leitor inscrita em Ou isto ou aquilo, no pólo da produção editorial, altera-se ao longo das edições analisadas. Nas primeiras, é menos marcada a categorização do leitor como escolar, como criança, como imaturo na leitura, etc. E, à medida que se distanciam do momento de produção, as edições incorporam outras marcas, ligadas a um modelo de leitor infantil, naquilo que os editores pensam ser seus gostos, suas expectativas.

Firmada e reconhecida como pertencente ao gênero "literatura infantil", a obra vem marcada, principalmente nos textos que rodeiam seus poemas, pela preocupação com as práticas de leitura legitimadas pelas instituições - escola, mídia, etc. - que promovem essa formação do leitor infantil contemporâneo. Esses textos ressaltam uma educação do leitor em que a ludicidade, a fantasia e o humor próprios da linguagem literária de Cecília Meireles podem ser usufruídos por uma leitura leve, prazerosa, fortuita. Neles, a poesia, por ser de qualidade, não exige esforço na sua recepção, no seu entendimento por parte do leitor.

Professora, Escritora e Blogueira

A indestrutibilidade do texto, supondo que seja atingida, não significa que devam ser destruídos os suportes particulares, historicamente sucessivos, através dos quais os textos chegam até nós, porque a relação da leitura depende também do leitor, de suas competências e práticas, e da forma na qual ele encontra o texto lido ou ouvido. (Chartier, 1998, p. 152).

Através da poesia, o leitor vai tomando consciência de que, muitas vezes, é preciso abrir mão daquilo que se quer em nome de outra coisa que também se deseja. Frequentemente nos encontramos em situações onde é preciso sacrificar algo para conseguir a outra hipótese.

O que foi possível localizar nessa busca? A primeira edição, na Biblioteca FCHL da USP, que, porém, não pôde ser retirada como empréstimo por causa da greve dos funcionários e dos professores. A segunda edição, na Biblioteca Mário de Andrade, que só pôde ser consultada no próprio local.

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Na Introdução da edição de 1990, Walmir Ayala constrói uma conversa sobre o "livro mágico" com um leitor de quem, segundo ele, não se sabe e nem se pode prever a idade, mas que, com certeza, será surpreendido pela beleza e pela magia que o livro carrega. Um leitor que experienciará os mundos imaginados e cheios de mistérios criados por Cecília:

Pelas idéias de Chartier, as implicações decorrentes da destruição dos suportes de textos significam mais do que a perda do mundo dos livros em forma de rolo ou impresso. Para ele, a perda é das próprias condições de inteligibilidade, do modo de ler de seus leitores, dos códigos de leitura, do processo de produção de sentidos próprios daquele texto naquele suporte. No caso de Ou isto ou aquilo, ficam os poemas, o conteúdo facilmente encontrado em novas edições, transportado para outros suportes, como livros didáticos e telas do computador. Mas, provavelmente, ficam perdidas as experiências de leitura realizadas pelos leitores com os livros, em edições específicas. Provavelmente ficam perdidas as relações de sentidos entre o que pode ter acontecido com os leitores e os livros dados a eles para ler, um dia.

A produção crítica em torno dessa autora já é bastante conhecida e difundida no nosso país. Sobre suas obras infantis é destacada a forma de lidar com a linguagem; a concretude da sonoridade e do movimento da palavra; a exploração do lirismo, em prosa ou em verso, que escancara, que desnuda, que dialoga com as perplexidades, com os impasses, com as utopias do ser humano. Às suas obras é creditado o abandono do tom persuasivo dos versos escritos pelo adulto para educar a criança de forma autoritária. A elas é atribuído o uso do tom de cumplicidade na anticonvencionalidade, quer da linguagem, quer do modo de ver o mundo; na fragilidade entre sonho e realidade, entre certezas e hesitações, entre instabilidades e rigidez, entre seriedade e humor. A propósito das ilustrações que acompanham seus poemas nas edições de Ou isto ou aquilo, ver o estudo de Camargo (1998); e sobre a especificidade da linguagem literária destinada ao leitor infantil, a produção de Lajolo e Zilberman (1988; 1993), de Zilberman (1982) e de Perrotti (1986; 1990), entre outros.