O criador do Metaforando, o maior canal de linguagem corporal do mundo, mostra o passo a passo para entender melhor as pessoas ao seu redor e identificar incongruências entre expressões emocionais, discurso e comportamento.
Suponho, portanto, que todas as coisas que vejo são falsas; persuado-me de que nada jamais existiu de tudo quanto minha memória repleta de mentiras me representa; penso não possuir nenhum sentido; creio que o corpo, a figura, a extensão, o movimento e o lugar são apenas ficções de meu espírito. O que poderá, pois, ser considerado verdadeiro? Talvez nenhuma outra coisa a não ser que nada há no mundo de certo.
Cogito, ergo sum é normalmente traduzida como Penso, logo existo, porém a tradução mais literal seria Penso, logo sou. O pensamento de Descartes surgiu da dúvida absoluta. O filósofo francês queria chegar ao conhecimento absoluto e, para tal, era preciso duvidar de tudo o que já estava posto.
Você já teve a sensação de não ir com a cara de alguém sem saber o porquê? Ou quem sabe desconfiou que não gostavam de você, embora não demonstrassem nenhuma inimizade? Costumamos observar os outros, tentando entendê-los não apenas pela forma como se expressam, mas também pelo modo como se comportam, o que pode gerar esses sentimentos "inexplicáveis". O corpo fala, mas será que você consegue entender o que ele diz?
Quando se diz neste texto que “nenhuma pessoa que preze por sua sanidade mental vai negar esta verdade” está se referindo apenas à frase tomada isoladamente sem se comprometer com toda a filosofia cartesiana implicada nela. Quem negará que o pensamento implica necessariamente a existência? É “achismo” ou “delírio” afirmar que “penso, logo existo”? Ou delírio não seria afirmar que “penso, logo não existo”? Aliás, fizemos questão de afirmar no texto que “é possível sim negar o “penso, logo existo” como o ponto de partida filosófico”, e em seguida citamos vagamente uma visão filosófica que confronta o pensamento cartesiano, que é a filosofia fenomenológica de Maurice Merleau-Ponty, pensador francês que buscou superar o dualismo mente-corpo de Descartes.
René Descartes de forma alguma estava desenvolvendo uma religião particular a própria tese de um gênio enganador vem por influência dos pensamentos gnósticos que através de seu mito defendia a tese que a partir de uma divindade se fragmentou em inúmeros pares com propriedades distintas e ao mesmo tempo igualitárias seguindo um sistema dialético absurdo, onde uma dessas fragmentações não teria sua parte igual e como forma de revolta contra a divindade inicial ela criou a matéria como forma de aprisionamento com objetivos de atrapalhar o ciclo da divindade primordial, tal fragmento divino revoltante foi reconhecido como demiurgo e como criador da matéria, assim aplicou a matéria leis hierárquicas que poderiam ser reconhecidas pela razão, então note que eles também são contrários a razão, afinal se a razão tem como objetivo reconhecer essa ordem criada pelo demiurgo (ou deus mal) seria uma forma de enganar e retardar a libertação das particular divinas aprisionadas através de seu processo evolutivo, maior prova disso é negar tamanha objetividade como a soma matemática de um mais um resultar em dois, além de ser alto defensor do racionalismo que é uma ideia irracional onde a razão humana seria ilimitada o que é por si só falso.
Tal método passa a considerar falso tudo o que pode ser posto em dúvida. O pensamento do filósofo acabou resultando em uma divisão entre a filosofia tradicional aristotélica e a medieval, o que facilitou a abertura do caminho para o método científico e para a filosofia moderna.
Além disso, a originalidade da experiência humana é sempre de um ser-no-mundo. Não somos uma coisa absolutamente pensante, somos seres encarnados em um corpo. O próprio pensamento só se desenvolve pelo contato com o mundo exterior.
Já no livro Meditações, Descartes chega a esse postulado depois de alguns passos, estabelecendo o conhecido método cartesiano, já introduzido no Discurso sobre o método com a dúvida hiperbólica, ou seja, uma dúvida muito extrema. Os degraus para se afirmar “eu sou, eu existo” são três: o argumento da ilusão dos sentidos, o argumento do sonho e o argumento do gênio maligno.
Descartes tem um escrita muito agradável, então uma boa opção para conhecer mais sobre suas ideias é lendo seus livros, sobretudo o Discurso do Método. Para uma apresentação introdutória sobre o pensamento do filósofo, leia o artigo Descartes: ideias e biografia.
Embora Descartes inicie suas Meditações colocando todas as suas crenças em dúvida e seja um forte crítico da filosofia medieval, isso não o impede de acreditar seriamente na existência de Deus. Para vermos como ele chega a essa conclusão, precisamos acompanhar mais uma parte do raciocínio desenvolvido nas Meditações.
No vídeo do canal Isto não é filosofia, Vitor Lima explica os argumentos cartesianos para chegar ao postulado “penso, logo existo”. Acompanhar o método para chegar na conclusão é uma das formas mais interessantes de entender como a Filosofia funciona na prática.
Segundo o pensador francês, não deveríamos confiar em nossos sentidos, pois eles podem nos enganar. Por exemplo, muitas vezes acreditamos ver certo objeto, mas ao nos aproximarmos, percebemos que não era aquilo que imaginávamos.
Neste vídeo, o professor Mateus Salvadori faz um resumo da obra Meditações Metafísicas. Ele separa a obra em partes e explica seus principais pontos, abordando os temas da dúvida hiperbólica, o gênio maligno e outros, como o argumento da prova da existência de Deus e a extensão da matéria.
A Meditação que fiz ontem encheu-me o espírito de tantas dúvidas, que doravante não está mais em meu alcance esquecê-las. E, no entanto, não vejo de que maneira poderia resolvê-las; e, como se de súbito tivesse caído em águas muito profundas, estou de tal modo surpreso que não posso nem firmar meus pés no fundo, nem nadar para me manter à tona. Esforçar-me-ei, não obstante, e seguirei novamente a mesma via que trilhei ontem, afastando-me de tudo em que poderia imaginar a menor dúvida, da mesma maneira como se eu soubesse que isto fosse absolutamente falso; e continuarei sempre nesse caminho até que tenha encontrado algo de certo, ou, pelo menos, se outra coisa não me for possível, até que tenha aprendido certamente que não há nada no mundo de certo.
A seguir, ele refina o argumento e propõe que se suponha não existir nenhum Deus, mas sim um gênio maligno, um ser tão poderoso a ponto de enganar tudo. Esse gênio seria capaz de apresentar todo o mundo, todas as coisas externas e todas as ideias claras e distintas como falso. Pode ser que 2 + 2 não somem 4, mas que esse gênio engane o homem para que ele pense assim.
Já no Discurso, Descartes percebe que não se pode confiar nos cinco sentidos como fonte de verdade, haja vista que os sentidos podem enganar. Um exemplo simples é pensar uma situação corriqueira de duas pessoas passando pela rua. É comum que a pessoa A pense ver a pessoa B e identificá-la como um conhecido. Mas conforme a distância diminui, a pessoa A percebe que, na verdade, B é um desconhecido. Isso acontece porque a visão humana é limitada e imprecisa.
Impulsionado pelas transformações sociais e pelas recentes descobertas científicas de sua época, Descartes almejou reexaminar fundamentos da Filosofia. Para isso, ele submeteu tudo à dúvida, inclusive sua própria existência.
Descartes viveu em um período histórico marcado por novas descobertas científicas, o que acabou resultando na crise da filosofia escolástica que estava fortemente ancorada na filosofia aristotélica. Descartes e os intelectuais da época sentiam a necessidade de lançar novos fundamentos para se estabelecer uma ciência segura. A frase “penso, logo existo” faz parte desse projeto filosófico de Descartes exposto em sua obra cujo título completo é: “Discurso sobre o método para bem conduzir a razão na busca da verdade dentro da ciência”. Portanto, objetivamente, é a busca de uma verdade indubitável que Descartes anseia antes de tudo, e não “trazer a concepção que do pensamento se cria a existência”. Talvez seja possível sim inferir que o pensamento cartesiano conduz a essa conclusão de que a existência é criada pelo pensamento, mas o fato é que esse não era o intuito original da frase. Além disso, buscando justamente fugir dessa conclusão, Descartes irá argumentar posteriormente que Deus não nos enganaria, e isso nos asseguraria a existência do mundo exterior tal como intuído por nossos sentidos.
Com essa expressão, o filósofo queria dizer que só podemos ter certeza de que existimos porque somos capazes de pensar. Apesar de parecer simples, é importante entender como essa ideia integra a filosofia de Descartes.