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A feijoada se popularizou no Brasil a partir do século XIX, quando se tornou um prato comum em festas e eventos sociais. Com o tempo, ela se consolidou como uma das principais iguarias da culinária brasileira.
Em Portugal, o cozido; na Itália, a casoeula e o bollito misto; na França, o cassoulet; na Espanha, a paella, esta feita à base de arroz. Essa tradição vem para o Brasil, sobretudo com os portugueses, surgindo com o tempo na medida em que se acostumavam ao paladar, sobretudo os nascidos por aqui a idéia de prepará-lo com o onipresente feijão-preto, inaceitável para os padrões europeus. Nasce, assim, a feijoada.
A dispersão populacional dos séculos XVIII e XIX (até então a colonização era restrita às áreas litorâneas), seja por conta dos currais do Nordeste, do ouro e dos diamantes do Centro-Oeste ou das questões de fronteira com os domínios espanhóis no Sul, foi extremamente facilitada pelo prestigiado vegetal. Atrás dos colonos, foi o feijão. Ao lado da mandioca, ele fixava o homem no território e fazia, com a farinha, parte do binômio que governava o cardápio do Brasil antigo.
Você sabia que a feijoada, prato tão tradicional no Brasil, tem origem europeia? Isso mesmo! Acredita-se que a receita tenha sido trazida pelos portugueses durante o período colonial. Porém, a feijoada que conhecemos hoje é uma mistura de influências europeias, africanas e indígenas.
Essa, sem dúvida alguma, é a história sobre a origem da feijoada mais difundida e igualmente a mais mirabolante possível. Contudo, está bem longe de ser a verdadeira origem da feijoada.
Nas regiões das minas de ouro (Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Mato Grosso), como o escravo ficava totalmente absorvido pela busca do ouro e dos diamantes, e sem disponibilidade para cuidar de sua própria comida, os mantimentos vinham de outras regiões (litoral paulista e carioca) carregados nos lombos dos animais, dai a origem do não menos famoso ‘Feijão tropeiro’, indicando a forte apreciação nacional pelos pratos feitos à base de feijão.
Obs.: Vale lembrar que as receitas tradicionais de feijoada apresentam variações regionais e que, em virtude disso, no Nordeste de nosso país prevalece o uso do feijão-mulatinho nesse prato enquanto a influência carioca impôs no sudeste e no sul a prevalência do feijão preto, constituindo dessa maneira a mais tradicional receita que conhecemos.
Já no litoral, a presença inicial dos portugueses foi mais marcante, com os engenhos de cana-de-açúcar já nos primeiros séculos de colonização. Essa dinâmica histórica determina (em parte) as variações de hábitos alimentares no Brasil, nas diversas regiões.
Por sua vez, os portugueses também tinham o hábito de cozinhar feijão com carnes. Porém, a “feijoada à portuguesa” era preparada com feijão-branco e incluía uma variedade de carnes, como chouriço, morcela e carne de porco. Essa influência portuguesa se fundiu com a tradição africana, dando origem à feijoada brasileira.
Convencionou-se que a feijoada foi inventada nas senzalas. Os escravos, nos escassos intervalos do trabalho na lavoura, cozinhavam o feijão, que seria um alimento destinado unicamente a eles, e juntavam os restos de carne da casa-grande, partes do porco que não serviam ao paladar dos senhores. Após o final da escravidão, o prato inventado pelos negros teria conquistado todas as classes sociais, para chegar às mesas de caríssimos restaurantes no século XX.
Pouco depois, acrescentou-se a este prato a carne, fundindo o apreciado cozido português, prato corn diversos tipos de carne e legumes, cozidos todos juntos, com o já adotado feijão, toucinho e farinha. Estava feita a feijoada.
Tal como a conhecemos, acompanhada de arroz branco, laranja em fatias, couve refogada e farofa, a feijoada parece ter sido oferecida publicamente, pela primeira vez, no restaurante carioca G. Lobo, que funcionava na rua General Câmara, 135, no Rio de Janeiro. O estabelecimento, fundado no final do século 19, desapareceu com a construção da avenida Presidente Vargas, na década de 40.
Posteriormente, a feijoada foi tratada como símbolo do Brasil, reunindo (miticamente) índios, portugueses e africanos em sua origem, consistindo num dos vários mitos brasileiros de miscigenação racial.
Em 1849, no Jornal do Commércio do Rio de Janeiro, no dia seis de janeiro, na recém instalada casa de pasto “Novo Café do Commércio”, junto ao botequim da “Fama do Café com Leite”, é comunicado aos seus clientes que será servida, a pedido de muitos freguezes, “A Bella Feijoada á Brazilleira”, todas as terças-feiras e quinta-feiras.
No Nordeste, a feijoada é preparada com feijão fradinho e acrescenta-se frutos do mar como camarão e caranguejo. E no Sul do país, a feijoada é acompanhada por pinhão e repolho refogado.
O nome pelo qual o chamamos, porém, é português. Na época da chegada dos europeus à América, no início da Idade Moderna, outras variedades desse vegetal já eram conhecidas no Velho Mundo, aparecendo a palavra feijão escrita pela primeira vez, em Portugal, no século XIII (ou seja, cerca de trezentos anos antes do Descobrimento do Brasil).
Foi dos portugueses o hábito ou a prática de consumir o feijão com arroz. Bem como com fatias de laranja (comportamento que acabou sendo abandonado progressivamente).