Em 2019, uma pergunta recorrente às pessoas que não costumam ler quadrinhos ganhou ainda mais destaque nas filas de cinema. Isso porque, embora o longa se chame Shazam!, muita gente ainda se referia ao personagem como Capitão Marvel. Acontece que, um mês antes, Capitã Marvel também chegava às telonas — só que, em vez de um filme da Warner Bros/DC Films, era outro do concorrente Disney/Marvel Studios. Essa é uma questão que confunde geral até hoje. Mas não tema: o Canaltech está aqui para tirar suas dúvidas sobre isso de uma vez por todas.
Eis que, em dezembro de 1967, a Marvel Comics lançou seu próprio Capitão Marvel, em Marvel Super-Heroes #12. O guerreiro Kree chamado Mar-Vell, que mais tarde assumiu a identidade humana do Dr. Walter Lawson na Terra, não era um personagem muito popular durante seus primeiros anos. Embora tenha pavimentado caminhos interessantes para o cantinho cósmico da editora, ele se tornou mais conhecido mesmo justamente na edição em que morre.
Há também a negação de mostrar Danvers tentando superar o Yon-Rogg, Fury ou qualquer outro homem. Afinal, sua busca é interior, sua batalha é consigo mesma. Ela quer descobrir sua real identidade. E, acima de tudo, superar suas próprias limitações e amarras.
E, desde então, Billy Batson vem sendo chamado apenas como Shazam, enquanto a Capitã Marvel é quem detém oficialmente a nomeclatura da propriedade intelectual da Marvel. A batalha judicial até poderia se estender mais tempo, mas como a Warner percebeu que a Disney lutaria até o fim para manter uma personagem fortemente posicionada no Marvel Studios, as companhias decidiram deixar o passado para trás e atualizar esses heróis, para torná-los mais ricos por conta do que acontece agora — e não com o que aconteceu anteriormente.
Nesse contexto, não tem como não iniciarmos esse review pela Carol Danvers de Brie Larson. Afinal, independente da qualidade geral da produção, era fundamental que ela funcionasse, e muito. Ainda mais, quando lembramos que a heroína deverá ter no futuro do MCU a mesma importância e relevância que Homem de Ferro e Capitão América tiveram até então na franquia.
Logo, a responsabilidade nesse aspecto era gigantesca. Felizmente, o objetivo é cumprido, por que Larson está ótima no filme! Sobretudo, ao apresentar a humanidade da personagem através de características e atitudes fundamentais da mesma. E embora em alguns momentos ela pareça inexpressiva – ou não se destaque tanto em cenas cômicas – saiba que parte destes fatores são justificados no próprio roteiro.
O Capitão Marvel porém, não deu as caras no Universo Cinematográfico Marvel (ou pelo menos não da forma como é nos quadrinhos). Então hoje decidimos falar um pouco sobre ele, em 10 fatos:
Mas no decorrer dessa luta, Danvers foi bombardeada com radiação de um Psico-Magnetron, o que a levou a desenvolver uma fisiologia meio Kree que era semelhante à de Mar-Vell. Usando os poderes sobre-humanos que ela acidentalmente adquiriu por esse meio, Danvers mais tarde se tornou a primeira aventureira fantasiada a usar o nome de Ms. Marvel.
Detalhe: o mesmo foi desenvolvido em parceria com Janet Van Dyne, a Vespa.
Kamala é uma adolescente normal, nascida e criada em Jersey, filha de pais paquistaneses, tem amigos, estuda, é fanática por super-heróis e um dia é exposta a uma nuvem Terrigen e sofre efeitos mutagênicos, por ser parte inumana.
Monica Rambeau era uma policial que ganhou super-poderes e decidiu combater o crime com o nome de Capitã Marvel. A personagem foi criada em 1982, então não havia nem millennials lacradores para dizer que a sociedade machista racista fascista dos quadrinhos finalmente teria que engolir uma mulher negra superpoderosa, nem havia nerds chatos inseguros atacando a personagem achando que seria o fim dos quadrinhos como os conhecemos.
Ela também entra para os Vingadores, até que em 1982 troca de codinome e se torna Binária. Nos anos 90 Carol muda de novo seu uniforme e codinome, passando a se chamar Warbird, com um uniforme cada vez mais indefensável.
Sim, isto está no filme. Mas, de maneira muito orgânica e original. Sem exageros no seu discurso, e respeitando ao máximo a mulher “comum” – sem apelar para argumentos panfletários. Nesse contexto, aliás, é interessante observar que em nenhum momento o filme – através da sua fotografia – sexualiza Larson.
Ao evocar a sabedoria de Salomão, a força de Hércules, o vigor de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio, o pequeno Batson passou a se transformar no adulto Capitão Marvel. Mas seus poderes e o visual, além de seu comportamento, começaram a ser comparados com os do Superman. E aí, a DC Comics, que via seu ícone se popularizar a cada dia, passou a ficar de olho na concorrência.
Nos anos 2000, a Marvel começou a notificar novamente a DC para deixar de vez o nome Capitão Marvel de lado, até porque a própria rival vinha revitalizando Billy Batson — nos anos 1990, por exemplo, ele teve uma importante participação na aclamada história Reino do Amanhã. Então, para evitar transtornos que já duravam décadas, a DC resolveu deixar para trás a nomenclatura e passou a tratar o herói apenas como Shazam!, a partir de um novo título mensal, em 2011.
Além disso, não podemos deixar de destacar algumas decisões corajosas do roteiro. E também, a forma como adapta com primor a origem da heroína dos quadrinhos para a telona. Isto merece – e muito – ser louvado!
O Capitão Marvel, da Marvel, surgiu em 1967, criado por Gene Colan e Stan Lee. Tecnicamente, o nome pertencia ao personagem que muita gente chama de SHAZAM, mas a Fawcett Comics perdeu na justiça os direitos dele depois que foi processada pela DC Comics, por ter um personagem parecido demais com o Super-Homem. A Marvel aproveitou a situação e, quando o copyright foi anulado, registrou o nome Capitão Marvel. E depois também criou a Capitã Marvel.
Ela chega a ter alucinações com os Vingadores, onde declara seu fanboyismo pela Capitã Marvel, e diz até que quer ser como ela mas usando o uniforme politicamente incorreto.
Voltemos para o final dos anos 1960, quando o Capitão Marvel da Fawcett não vinha mais sendo publicado. A Marvel aproveitou o hiato para reclamar a si própria a detentora por direto do nome “Capitão Marvel” — algo que não foi difícil de conseguir, já que não havia assim resistência a isso. Só que, em 1972, a DC Comics, que tinha o hábito de comprar outras editoras para absorver mais personagens ao seu leque de publicações ao longo das décadas, adquiriu as propriedades da Fawcett, incluindo seu Capitão Marvel.
Inicialmente ela não se lembra que é a heroína, Carol sofre blecautes quando se transforma. Em sua vida civil ela vai trabalhar com JJ Jameson editando uma revista feminina, discutindo todas aquelas questões sociais que os militantes lacradores E os fãs brucutus acham que só agora os quadrinhos estão discutindo.