A eletroconvulsoterapia, conhecida popularmente por terapia de eletrochoque ou apenas ECT, é um tipo de tratamento que provoca alterações na atividade elétrica do cérebro, regulando os níveis dos neurotransmissores serotonina, dopamina, noradrenalina e glutamato. Por regular esses neurotransmissores, é uma terapia que pode ser usada em alguns casos mais graves de depressão, esquizofrenia e outros distúrbios psicológicos.
Para saber mais sobre a técnica, leia Eletroconvulsoterapia: o que é, como funciona, quais os riscos?
Nosso material tem caráter meramente informativo e não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico, autotratamento ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte o seu médico.
Drauzio – Depois da experiência que tive com o eletrochoque à moda antiga e à medida que aprendi melhor como funciona o sistema nervoso central, como a circuitaria de neurônios se estabelece, a delicadeza da anatomia das sinapses e a sofisticação do estímulo nervoso, o eletrochoque sempre me pareceu algo como dar um pontapé na televisão para fazê-la funcionar novamente. Pergunto, então, como ele pode ajudar as pessoas que apresentam algum problema?
– Vou-me embora. Qual a vantagem de assistir a uma coisa dessas se não pretendo dar eletrochoque em ninguém? – e saí da sala no exato momento em que o professor estava chegando. Ele não entendeu os meus argumentos e nossa discussão resultou numa segunda época de Psiquiatria.
Outros efeitos adversos incluem um risco aumentado para pneumonia por aspiração, fraturas (especialmente em pacientes osteoporóticos), lesões de dente e/ou língua, cefaleia e náuseas.
Antes do procedimento de ECT, a pessoa recebe uma anestesia geral e um relaxante muscular. Os eletrodos são colocados em um (unilateral) ou em ambos os lados (bilateral) do couro cabeludo e uma pequena corrente elétrica é passada entre eles até que ocorra uma breve convulsão generalizada. A pessoa não sente nada devido ao anestésico e não convulsiona devido ao relaxante muscular.
Embora a ECT seja uma técnica que produz resultados por si só, nestes casos, ela também pode auxiliar no funcionamento adequado das medicações, ou seja, ela pode ser usada para potencializar o efeito dos medicamentos em pessoas que não respondem adequadamente.
Drauzio – Provavelmente, no passado, o eletrochoque era aplicado empiricamente e agora sua indicação é baseada em evidências experimentais, em estudos realizados. Talvez nisso resida a grande diferença entre uma e outra forma de aplicação, não é?
A eletroconvulsoterapia também é indicada nas depressões em gestantes. Por incrível que pareça, o eletrochoque é o tratamento mais seguro para tratar esse tipo de patologia, porque não interfere na formação do feto e pode ser aplicada em qualquer período da gravidez.
O Hospital Santa Mônica que é referência em saúde mental infantojuvenil e adultos e dependência química, realiza já desde 2019, o procedimento de Eletroconvulsoterapia para pacientes internados e ambulatorialmente.
A partir de 1938, dois médicos da Universidade de Roma – Ciarleti e Bini – começaram a usar estímulos elétricos cerebrais para induzir convulsões. A experiência piloto foi realizada com um paciente conhecidíssimo em Roma por sua história de internações e que vivia perambulando pelas ruas com um discurso repleto de fantasias. A melhora indescritível que ele apresentou depois da aplicação do eletrochoque, reforçou a tese de que realmente o estímulo elétrico poderia ser usado para induzir convulsões com fins terapêuticos.
Isso porque a medicação demora alguns dias para conseguir realmente ter efeitos significativos no cérebro. Enquanto isso, a ECT já possui efeitos logo após a primeira sessão. Estes efeitos não são duradouros, e a pessoa precisa voltar para mais sessões posteriormente, mas, em casos de ideação suicida grave, a ECT ajuda a tirá-la do perigo imediato.
O Tua Saúde, marca do Grupo Rede D'Or, é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com saúde, nutrição e bem-estar. Também facilitamos o acesso ao atendimento médico personalizado. As informações publicadas não devem ser utilizadas como substituto ao diagnóstico ou tratamento especializado, e não dispensam a consulta com um médico.
Após o procedimento, a equipe de enfermagem assegura que o paciente está bem, podendo então tomar café e ir para casa. A ECT é um método terapêutico rápido, seguro e eficaz, devendo ser realizadas sessões periódicas de acordo com o grau do distúrbio psicológico e recomendação do psiquiatra, sendo normalmente indicada a realização de 6 a 12 sessões. Após cada sessão, o psiquiatra realiza a avaliação do paciente para verificar o resultado do tratamento.
As sessões de ECT são feitas com o paciente sedado, sob efeito de relaxantes musculares e em jejum. Desta forma, pode-se garantir a segurança do paciente, que não vai sentir nenhuma dor por conta da anestesia, também não vai se debater e sofrer fraturas por conta dos relaxantes musculares, e o jejum também evita vômitos e a aspiração de secreções.
Contudo, nem sempre esses trajetos estão fluindo corretamente, e os neurotransmissores podem acabar tendo problemas em passar as mensagens que precisam passar adiante. Nesses casos, é necessário “limpar” estas vias, o que é feito por meio das convulsões induzidas.
Além disso, pode haver o aparecimento de sintomas leves, como dor de cabeça, náuseas, dores musculares ou pneumonia por aspiração, que podem ser tratadas rapidamente com alguns medicamentos.
Como instrumento de tortura, uma técnica comum era aplicar o eletrochoque no paciente na frente de todos os outros pacientes do hospital, como uma espécie de aviso, mostrando que o próximo a não se comportar seria “castigado” também.
Em alguns momentos, pode ser que apenas uma psicoterapia dê conta de aliviar os sintomas. Em outros, pode ser que o uso de medicamentos antidepressivos se faça necessário. E também há a possibilidade da pessoa acabar precisando de outros tipos de tratamento, como a ECT.