Precisamos entender a semântica da palavra antes de proferi-la, o que confere credibilidade ao nosso discurso e valor ao que dizemos.
Entretanto, é possível também admitir que a criticidade e a análise das contradições como motor das relações sociais sugerem a compreensão do ser social idiota a partir de outros patamares, a partir da perspicácia sensível encontrada em Marx, Lukács, Freud, Dostoiévski, Nelson Rodrigues e tantos outros; e conduzem a diferentes linhas de reflexão, amparadas na “velha” e tão atual criticidade.
Com o passar do tempo, a palavra começou a adquirir uma conotação cada vez mais negativa. Ela se transformou em um termo de reprovação e desdém, refletindo a mudança na percepção social das pessoas que optavam por se manter à margem dos assuntos públicos.
Esses fatos ensejariam algumas questões: afinal, quem são os idiotas e para que servem? De que forma tirar proveito de sua condição, para além da segregação? De fato, a consideração do sujeito como dimensão fundamental na evolução das sociedades de classe permitiria que sua análise se estendesse às suas possíveis nuanças ontológicas. Faz sentido, portanto, o exame mais pormenorizado do ser idiota na sua relação com a lógica produtiva, especialmente no modo de produção capitalista.
APOS A ELEICAO BOULOS FOI CONSIDERADO POR ALGUNS COMENTARISTAS COMO A NOVA ESQUERDA. CONFUNDIRAM UM JOVEM COM DISCURSO DE ESQUERDA COM NOVA ESQUERDA. MAS, COMO O ET DE VARGINHA, NAO EXISTE NOVA ESQUERDA. O QUE EXISTE E A MESMA ARCAICA E ENFERRUJADA ESQUERDA, MESMO QUE O DISCURSO SEJA FEITO POR UM JOVEM DE ESQUERDA AS IDEIAS CONTINUAM AS MESMAS. EM ECONOMIA O DISCURSO CONTINUA SIMPLISTA E ARCAICO COMO DEMONSTRA ESTA DECLARACAO DE BOULOS. PARECE QUE A LRF FOI ABOLIDA. BASTA VONTADE POLITICA.
E, a partir dessa compreensão, seria possível admitir que os idiotas não seriam minorias, muito menos detentores de incapacidades que os poriam em condição de desvantagem diante da tão litigiosa relação individualidade-generidade. O que aparentemente se apresentaria, conforme algumas reflexões críticas elaboradas nos tópicos aqui expostos, é que a atual condição de sociabilidade estaria marcada por massificação esmagadora de idiotas, condição ontológica essa que teria representantes nas mais diversas classes sociais e intelectuais, nos mais diversos segmentos da sociedade e que, embora haja sobressaltos, aclaramentos de suas próprias condições existenciais de idiotas, esses espasmos ainda não se tornaram suficientemente fortes para forjar uma sociedade de indivíduos livres e universais e, portanto, não idiotas.
De todo modo, a teoria marxista da alienação, no limite, relaciona-se com o pensamento de que a ideologia, que pode significar uma alienação no nível da representação e da identificação, mascara o real e suas determinações onto-históricas. Assim, o não se dar conta de seu ofuscamento responderia a uma jornada de manter o sujeito afastado da compreensão das condições mais reais de exploração, como aquelas presentes na produção e na realização da mais-valia.
Ao observar o panorama de sua época, Nelson Rodrigues, quase cem anos após o empenho literário de Dostoiévski, teve a sensibilidade sarcástica de perceber os transeuntes da vida cotidiana, consagrada em obras como O óbvio ululante. Sua análise recai sobre expressões de diversos idiotas que tentariam ocultar fatos tidos como degradantes de uma moralidade corrompida, para se manter indolentes e próximos a uma temperança casta.
A teoria desenvolvida por Marx vai além, alçando à condição de centralidade do processo emancipatório a classe trabalhadora, uma vez que essa seria o sujeito das irrupções revolucionárias, consequência das lutas de classe oriundas da relação de exploração entre capital e trabalho. Belo paradoxo, o trabalhador alienado e “idiota” é alçado ao protagonismo da transformação social. Na prática, porém, da vida dominada pelo paradigma burguês atual, tal ideia é uma idiotice, a ponto de se atribuir a essa interpretação da realidade, através de argumentos “lógicos” dos ideólogos de plantão, uma total perda de realidade.
A inversão da representatividade do idiota levou-o a ocupar indistintamente todos os setores da sociedade, independentemente de nível econômico, de classe social, de grau de instrução. Todas as instituições, quer no âmbito público ou privado, têm alta representatividade de idiotas. Essa ampliação se tornou interessante, como constataram Dostoiévski e Nelson Rodrigues, por conta da capacidade que tem o idiota de ater-se à efemeridade da mercadoria.
Essa segunda forma de representação redundaria, talvez, no modelo mais assertivo de estratégia de controle, cuja solução não estaria no campo da tentativa de mascarar o real. Nessa situação, o real seria apresentado e acompanhado da sedução da mercadoria, uma vez que tudo é mercantilizável: relações sociais, relações amorosas, relações sexuais, relações raciais, etc.
Idiotas são aqueles que pensam que são os gênios! Está classificação/adjetivação feito em um momento da história por alguns soberbos, ignoram que eles esposa foram um dia o Idiota do Idiota. E vocês que aqui criticam o Presidente Bolsonaro, repetindo as mesmas, desde o princípio, quando ele surgiu candidato, deveriam repensar suas carreiras. Mas não farão! São profissionais "Paus mandados". Que usam a tática do Boxe. Vai dando no FIGADO, que lá na frente ele cai. Vamos ver a história dirá!
Esperava-se que todos os cidadãos estivessem atentos e bem informados sobre assuntos públicos. Em outras palavras, ser “idiota” na Grécia antiga significava não se envolver na esfera pública, algo que era desencorajado na sociedade grega da época.
muito bom..me fez perceber que realmente as redes sociais fizeram que qualquer idiota diga o que quiser . tivemos na humanidade muitos seres humanos ruins que se fizeram ouvir antes das redes sociais, mas não eram idiotas, e sim loucos.
O participante da polis, no sentido grego, era aquele que deliberava sobre a vida coletiva. À condição de manifestado desinteresse pelo Estado, os gregos denominavam Ïδιoς (idiótes), de onde deriva o termo “idiota”. É na tensão entre gnosiologia e ontologia que o idiota será localizado ao longo de todo o pensamento moderno. Na atual conjuntura de sociabilidade, indaga-se: quem são os idiotas, afinal? Na condição de ensaio teórico, esta discussão pretende, a partir de uma perspectiva crítica, apontar indícios para tal condição: afirma-se que os idiotas comporiam o que se denomina maioria. Ainda mais, o estudo leva a crer que um dos desafios centrais à existência humana, desde as circunstâncias de sociabilidade da cidadania grega até as diversas transições e representações da sociedade capitalista, reside no complexo de relações indivíduo-gênero.