Depoimentos de doze mulheres serviram de base para que fosse apresentada uma notícia-crime contra o cabeleireiro especialista em cachos Bruno Dantte, na última quinta-feira (28), por "possíveis assédios em série" contra elas. O registro da ocorrência é um novo capítulo da história que começou em agosto, quando relatos anônimos de pessoas que diziam ter sido assediadas por ele ganharam força no Instagram.
Bruno estava à frente de uma escola em que ensinava seu método de corte numa rede salões de beleza, com unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, e já teve seu trabalho divulgado por famosas e influenciadoras.
A advogada Débora Nachmanowicz, que atua com a também advogada Maira Pinheiro, afirmou que há seis casos "mais demarcados como possível configuração de crimes sexuais", entre eles, importunação, assédio e estupro. Há ainda a possibilidade de tipificação por injúria.
A equipe complementa que a assessoria jurídica dele já está tomando as medidas cabíveis e necessárias, e que Bruno lamenta profundamente o ocorrido, não compactuando com nenhum tipo de comportamento abusivo.
Conforme relato da cabeleireira Pazin, ela sofreu assédio moral depois de sair de São Paulo para trabalhar no salão dele, no Rio de Janeiro. Após três semanas, a profissional foi demitida, pois não suportou os assédios.
Reportagem exibida neste domingo Fantástico aponta que o cabeleireiro Bruno Dantte, que durante anos foi uma referência em cabelos cacheados, ondulados e crespos, está sendo acusado de assédio por 12 mulheres, dentre clientes, alunas e funcionárias.
A atriz Samara Felippo foi a primeira famosa a se pronunciar sobre a leva de denúncias contra Bruno: por ter duas filhas já atendidas pelo cabeleireiro, ela apoiou as vítimas por meio do Instagram. "Assédio não é brincadeira, é humilhante, constrangedor e nos machuca", destacou ela na madrugada desta segunda-feira (10).
"Quem vai definir a classificação jurídica dessas condutas é o Ministério Público, a partir da investigação da polícia. Independentemente de serem ou não crime, são condutas inaceitáveis e não devem se repetir", comenta a advogada.
Por meio de assessoria de imprensa, a Polícia Civil afirmou que recebeu vídeos com os relatos das mulheres, entregues pelas advogadas, e que está analisando o material. Disse ainda que, como nem todas as ocorrências foram na circunscrição da unidade policial, alguns casos serão encaminhados para outras delegacias.
Para Universa, a advogada Vanessa Tadeu de Paiva, especialista em violência doméstica, explicou que assédio sexual se configura como "qualquer conduta de natureza sexual que a outra pessoa, o destinatário, não queira, venha a repelir essa conduta, e mesmo assim ela permanece, tirando então o direito a um princípio fundamental, que é o da liberdade sexual". A conduta pode ser interpretada com uma fala ou olhar de conotação sexual que não seja feito com consentimento da outra pessoa ou que a coloque em situação constrangedora.
Um acusado de abuso tentar calar as vítimas ameaçando tomar medidas jurídicas também é bem comum. E essa é outra razão que torna fazer a denúncia com outras mulheres é mais seguro. E, de preferência, depois de conversar com um advogado.
O colunista Leo Dias divulgou nota do empresário, direcionada a suas clientes, alunas, equipe, seguidoras e amigas. No texto, o cabeleireiro se defende, pontuando prezar por um ambiente de trabalho acolhedor e amistoso.
Em comunicado publicado no site do stylist, a assessoria de imprensa de Dantte informa que ele optou por se afastar de suas atividades e empresas em razão dos últimos acontecimentos.
A cabeleireira Samara Rosa pediu, em rede social, para que houvesse a compreensão de que demais funcionárias não compactuaram, em momento algum, com quaisquer tipos de assédio. Ela acrescentou que Bruno estava sendo afastado do salão. Os relatos foram estopim para surgimento de outras vítimas.
O cabeleireiro e empresário Bruno Dantte, famoso por tratar de cabelos cacheados e crespos, foi acusado de assédio. Funcionárias, clientes e alunas denunciaram o profissional, que é responsável pelos cabelos de Samara Felippo, Cacau Protásio e Vanessa da Mata. As informações são do portal Metrópoles.
Dantte e Felippo mantinham amizade, e ela quase foi parceira de negócios do profissional da beleza. "Muitas mulheres chegaram lá através da minha indicação, então deixo aqui toda a minha solidariedade, todo o meu apoio às vítimas", ressaltou a atriz em vídeo.
No registro da notícia-crime, as advogadas informaram às autoridades policiais que há relatos de possível assédio em que Bruno se aproximava da vítima e forçava um beijo, tocava as partes íntimas delas ou em suas mãos para colocar no órgão sexual dele.
Após a história vir à tona, influenciadoras digitais e atrizes que indicavam o trabalho de Bruno Dantte recomendaram que outras mulheres que tivessem sido vítimas de assédio pelo cabeleireiro publicassem seus relatos. Na página, consta um formulário para receber depoimentos anônimos de mulheres que se sentiram "lesadas pelo cabeleireiro". Segundo descrição do site de arrecadação para pagamento de assistência jurídica às mulheres denunciantes, foram registrados "mais de 40 relatos de comportamentos potencialmente inadequados e invasivos".
Em nota enviada para Universa nesta segunda (1º), a equipe de advogados de Bruno disse que ele "desconhece e nega a prática de qualquer crime e ato de assédio moral" e que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e contribuir para a elucidação dos fatos. Também afirmou que "dará explicação às suas clientes, funcionárias, alunas e ao público em momento oportuno".
— Os casos ocorridos no salão de beleza de Laranjeiras, provavelmente, continuarão na Deam do Centro. Mas também há relatos de casos no salão dele na Barra da Tijuca, que podem ser levados para a Deam de Jacarepaguá.
Na nota, Bruno Dantte ressalta não querer deslegitimar fala de outras pessoas e se eximir de suas responsabilidades por "eventuais equívocos imbuídos de eventual masculinidade tóxica", mas pede compreensão por estar em processo de desconstrução. "Reconheço erros e por isso estou aberto ao diálogo e peço desculpas a todas que se sentiram constrangidas".
"Em nenhuma circunstância intimidei pessoas com a intenção de obter qualquer vantagem ou me aproveitei da minha condição de superior hierárquico para coagir funcionárias e clientes", afirma. Ele acrescenta que "alguns relatos" que lhe são atribuídos são "inconvenientes" com as mulheres com as quais ele flertou, não refletindo com exatidão o que ele viveu.
O nome do cabeleireiro foi associado a relatos de assédio depois que uma cabeleireira de Niterói fez um post no perfil do Instagram em que dizia que tinha sido "passada para trás" por um "dono de salão bem famoso". Apesar de ela não mencionar o nome de Bruno, um grupo de mulheres se mobilizou e passou a repercutir a situação na rede social, deixando comentários sobre ele.