Em menos de 20 anos, a Venezuela passou por períodos de esperança, riqueza, declínio e, depois, pela maior crise humanitária de sua história. Agora, vê índices melhorarem, mas segue mergulhada em desigualdade e denúncias de violações de direitos humanos enquanto espera as próximas eleições, previstas para 2024.
Minguaram a reserva de dólares e reduziram ainda mais as importações e as exportações de petróleo, fazendo a Venezuela buscar outros compradores. Em novembro, o presidente americano, Joe Biden, relaxou algumas limitações.
Chávez assumiu o país em 1998 com altos índices de pobreza e conseguiu revertê-los durante a década de 2000, favorecido pelo preço da commodity no mercado mundial. Mas o valor começou a despencar no final de seu governo, contribuindo para a derrubada das receitas e o início da deterioração do país.
A desigualdade, porém, não para de aumentar, de acordo com o mesmo levantamento: os 10% mais ricos ganham 70 vezes mais do que os 10% mais pobres. Isso faz a Venezuela ser o país mais desigual das Américas em termos de renda, com índice comparado aos de Namíbia, Moçambique e Angola.
O autoritarismo começou ainda no governo de Chávez, principalmente depois que ele sofreu uma tentativa de golpe em 2002. Em 2009, o líder fez uma emenda na Constituição para permitir reeleições ilimitadas. Falava em ficar no poder até 2030, enquanto perseguia opositores e minava a liberdade de imprensa.
Paulo Velasco, coautor do livro "A Venezuela e o Chavismo em Perspectiva" (Appris, 2022), cita também a péssima gestão pública durante o regime. Além da queda do preço, houve a queda de produção pela falta de investimento na estatal de petróleo PDVSA, a nomeação de militares em cargos administrativos e casos de corrupção.
O desabastecimento não é mais um problema, e sim o acesso às mercadorias. "Há ampla oferta de bens de todos os tipos, mas o cidadão comum não tem acesso a eles. São para 10% a 15% da população", diz Omar Lugo, jornalista e analista no país, que destaca também os apagões de energia diários.
Isso provocou uma profunda mudança demográfica na Venezuela. Se em 2015 existiam cerca de 31 milhões de habitantes, em 2022 passaram a ser 28 milhões. Além das migrações, cresceram as mortes e caíram os nascimentos, o que causou um encolhimento significativo dos jovens na pirâmide etária.
Com a queda abrupta das exportações, reduziram-se as importações num país que não produz a maioria do que consome, o que causou crise de abastecimento de itens como alimentos e remédios. As sanções impostas a partir de 2017, principalmente pelos EUA, agravaram a situação.
"Há censura e autocensura. Não existem meios de imprensa tradicionais e programas de rádio e TV dedicados a informação e opinião. Os meios digitais são os que permanecem de pé no jornalismo independente, mas o acesso à internet é um dos piores do mundo", afirma o jornalista Omar Lugo, editor do site "El Estímulo".
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A crise econômica na Venezuela começou a dar as caras em 2013, atingiu seu ápice em 2018 e até hoje deixa a grande maioria da população sem acesso a produtos básicos. A principal raiz do problema, de acordo com analistas, está na grande dependência do petróleo.
Mas foi depois que ele morreu, devido a um câncer, em 2013, que seu vice, Maduro, passou a mostrar a face mais autoritária do regime, tentando se manter no poder com uma taxa de popularidade que nunca se aproximou da registrada pelo antecessor e sendo tachado por setores chavistas como "neoliberal".
Maduro costuma criticar as sanções e diz que elas mostram que "a economia não é neutra, que o dólar não é neutro, que os bancos internacionais [...] são não neutros", como discursou à rede de TV estatal do país no ano passado. Ele afirma que seu regime trabalha para que a Venezuela produza tudo o que come.
Em 2017, por exemplo, após perder o controle do Parlamento, o ditador criou uma Assembleia Constituinte com amplos poderes para neutralizar a oposição. O chavismo também domina o Tribunal Supremo de Justiça, instância máxima do Judiciário. Ele se reelegeu em 2018 sob eleições muito questionadas e sem o acompanhamento de observadores internacionais.
A ocorrência de uma série de crimes contra a humanidade também foi denunciada. Em abril, a Corte Penal Internacional divulgou um informe reunindo 1.746 denúncias. Em setembro passado, a ONU já havia publicado relatório com 122 casos desde 2014. Espancamentos, uso de descargas elétricas e asfixia são algumas das práticas relatadas por opositores da ditadura.
As crises política e econômica causaram também uma crise migratória sem precedentes, em especial a partir de 2018, para países países da vizinhança. A agência da ONU para refugiados registrou 7,2 milhões de venezuelanos refugiados ou migrantes até março —número próximo ao da Ucrânia, em guerra com a Rússia há mais de um ano.
Nesse contexto, o índice de pobreza multidimensional (que não considera apenas a renda, mas as privações da população) cresceu ininterruptamente entre 2014 e 2021, de 39% para 65%. No ano passado, caiu pela primeira vez, para 50%, segundo a última Pesquisa Nacional sobre Condições de Vida do país.
"O governo se acostumou com a época de vacas gordas e não soube se adequar à realidade", diz Velasco. Com grande parte da economia estatizada, Maduro manteve gastos muito elevados e controlou o câmbio. O bolívar foi derretendo, a inflação, explodindo, e o PIB, encolhendo.
Abaixo, entenda a crise e a situação atual da população governada há 25 anos pelo regime iniciado por Hugo Chávez, sendo a última década dominada pelo seu então vice, o hoje ditador Nicolás Maduro.
Nicolás Maduro Moros (Caracas, 23 de novembro de 1962) é um político venezuelano, atual presidente da República Bolivariana da Venezuela.
A descoberta do petróleo antes da Primeira Guerra Mundial fez da Venezuela, já em 1920, o maior exportador mundial do produto. As condições vantajosas oferecidas por J. V. Gómez atraíram as companhias estrangeiras, que passaram a controlar a exploração petrolífera.
Essa situação é ainda mais lamentável diante do fato que a Venezuela possui a maior reserva petrolífera do mundo, estimada em 303 mil bilhões de barris. ... No ano passado, por exemplo, dos 10 milhões de barris diários de petróleo comprados pela China, maior importadora mundial, apenas 300 mil pertenciam à Venezuela.
Em 1806 ocorreu a primeira insurreição independentista da Venezuela encabeçada pelo general Francisco de Miranda. A independência foi proclamada em 5 de Julho de 1811, mas Miranda foi preso e foram necessários dez anos de luta contra as forças espanholas até a decisiva Batalha de Carabobo (1821).
Vielma destaca que essas refinarias construídas no país são voltadas ao refino de petróleo do tipo leve, que se extraía principalmente ao norte do Lago de Maracaibo, estado Zulia.
Está é a/uma lista de países pela produção de petróleo....Lista de países por produção de petróleo.
Confira a relação completa dos 10 países com maiores reservas de petróleo do mundo:
1. Bacia de Campos: A Bacia de Campos é a maior e principal bacia petrolífera brasileira. Localizada na região que se estende por todo o litoral do Espírito Santo até o norte do Rio de Janeiro, é responsável por 80% da produção de petróleo no Brasil.
Tabela: Ranking dos 10 maiores produtores mundiais de petróleo