Talvez por causa do aumento na expectativa de vida dos cães, parece que o diagnóstico de câncer está se tornando mais frequente, especialmente em animais mais velhos. Neste artigo do Perito Animal vamos falar sobre um dos mais comuns, o linfoma em cães. Vamos explicar em que consiste esta doença, como ela pode se manifestar, quais são as opções para o seu tratamento e, finalmente, falaremos também sobre a expectativa de vida que, em princípio, os cães afetados terão.
Um dos principais sinais visíveis da doença é o aumento dos gânglios (popularmente conhecida como “ínguas”) encontrados em pontos específicos do corpo sendo alguns deles facilmente palpáveis. As vezes observamos o aumento de um único gânglio e em outras vezes observamos o aumento generalizado de todos eles. Esses gânglios palpáveis podem ser encontrados no pescoço (submandibulares), pernas (poplíteos) membros anteriores (cervical superficial) axilas (axilares) na virilha (inguinais) e também no abdômen e tórax (esses não palpáveis observados somente através do exame de ultra som e rx). Com exames de sangue (hemograma), citologia aspirativa realizada com uma fina agulha e depois avaliado no microscópio e em alguns casos a biópsia do gânglio podem fechar o diagnóstico. Alem desses exames recomendamos a avaliação da função renal e hepática além da contagem dos glóbulos brancos.
Nesta seção, vamos falar sobre o linfoma canino. Este câncer, também conhecido como linfossarcoma, aparece nos gânglios linfáticos ou órgãos que contêm tecido linfoide, como o baço, o fígado ou a medula óssea. O linfoma ocorre em cães idosos e de meia-idade, no entanto, o linfoma também pode ser detectado em cães jovens e até mesmo muito jovens. É produzido por uma proliferação descontrolada e maligna das células do sistema linfoide. A causa é desconhecida, porem, fatores de risco ambientais são considerados, como herbicidas ou fumaça de tabaco, alguns vírus ou alterações na imunomodulação, bem como a predisposição genética.
O linfoma é uma neoplasia de elevada incidência na população canina mundial, e que apresenta sinais clínicos diversos, dependentes da classificação anatômica e da extensão da doença. Este estudo objetivou avaliar as características clínicas e hematológicas de cães com linfoma no momento do diagnóstico, além da evolução clínica dos mesmos ao longo do tratamento com o protocolo de Madison-Wisconsin. Dos 18 cães inseridos no estudo, 50% apresentaram a forma multicêntrica da doença e 33% a forma cutânea. A manifestação clínica mais comum foi a linfadenomegalia superficial, acompanhada dos sinais sistêmicos de hiporexia, apatia e perda de peso. As principais alterações hematólogicas foram anemia normocítica normocrômica, trombocitopenia e leucocitose, associadas às síndromes paraneoplásicas. Vinte e sete por cento dos animais atingiram remissão completa da doença e apenas 22% atingiram sobrevida de um ano. Houve correlação positiva entre o valor do hematócrito e o tempo de sobrevida para os cães que morreram, demonstrando a influência da anemia no prognóstico dos animais. Sugere-se que o estágio avançado da doença no momento do diagnóstico tenha influenciado as baixas taxas de remissão e sobrevida obtidas neste estudo.
*Artigo publicado originalmente na edição n.º 159 da revista VETERINÁRIA ATUAL, de abril de 2021.
As sessões de quimioterapia exigem a internação dos pacientes, porque existe um risco considerável de desenvolvimento da síndrome de lise tumoral, decorrente da rápida destruição das células neoplásicas.
Esta técnica laboratorial utiliza a combinação de informações sobre o tamanho e complexidade celulares, associadas ao padrão de marcação com anticorpos específicos de linhagem para identificar a população celular presente no gânglio, órgão ou sangue circulante. Considero uma ferramenta extremamente útil no diagnóstico, estadiamento e acompanhamento de resposta à terapêutica.
ola,,tinha cachorro box com fila (misto) em 11/05, acordou mto triste com alguns pequenos carocinhos na regiao garganta, levamos veterinario,fizemos tds exames, caroços ao lado coração, ultrasson ele estava 4 estagio, biop, linfomas ja avançado, anemia aumentando, por fim ja começou atingir medula, tomando soro por 2 dias veio a falaecer, minha duvida nao tinha condiçoes de salvar ele, iniciamos quimio rapido, sera animia que o matou, fazia tratamento hospital unip cantareira….
IMédica Veterinária Autônoma. Alameda das Bauhínias, 40, Parque das Cascatas, 18607-350, Botucatu, SP, Brasil. Email: [email protected]
Uma vez constatada a existência do linfoma, com a confirmação de que não se trata de um tumor indolente (que se desenvolve lentamente e não se espalha para outros órgãos e tecidos), os cães afetados são encaminhados para a quimioterapia ou, no caso de tumores localizados ou de obstrução de um órgão importante (como esôfago e intestino), para um procedimento cirúrgico.
Os linfomas de alto grau mais comuns no cão são: Linfoma B Difuso de Células Grandes, com cerca de 40-60% dos casos e o Linfoma T Periférico, que constitui cerca de 16% dos casos.
Para avaliar a evolução clínica dos cães com linfoma, efetuou-se um tempo de seguimento clínico de no mínimo 180 dias, ou seja, até o término da quimioterapia, e de no máximo um ano. Seis animais apresentaram resposta clínica favorável ao tratamento, atingindo RC (cinco cães) ou parcial. Por outro lado, dez animais não responderam à quimioterapia. A primeira RC foi atingida em cinco cães (27,77%) após duas a quatro sessões de quimioterapia e sua duração variou de quatro a 24 semanas. Cinqüenta e cinco por cento dos animais não responderam ao tratamento, e vieram a óbito em um a 63 dias após a primeira sessão de quimioterapia. Dos cães que atingiram RC, três morreram em 56 a 180 dias após o início do tratamento. Dessa forma, 18 animais iniciaram o protocolo de quimioterapia e, em 180 dias após o início do tratamento, apenas seis (33,33%) estavam vivos, ou seja, somente estes finalizaram o tratamento. Ademais, a sobrevida de um ano foi atingida apenas em 22,22% dos cães (quatro animais).
Ambas as técnicas têm vantagens e desvantagens. A citologia aspirativa pode ser utilizada para numa primeira abordagem. Esta tem uma sensibilidade e especificidade perto de 90% no diagnóstico do linfoma, mas perde precisão quando é utilizada para subclassificar os tipos de linfoma.
Qualquer um dos sintomas descritos é motivo para uma consulta veterinária. Para chegar ao diagnóstico de linfoma em cães, o hemograma pode nos dar informações importantes e nele podemos descobrir anemia, linfócitos imaturos e aumento dos níveis de cálcio, o que é conhecido como hipercalcemia maligna. Os parâmetros hepáticos também podem se mostrar alterados.
Por vezes, a referenciação permite acesso a terapêutica e métodos de estadiamento mais avançados, com benefícios clínicos para o cão e otimização da comunicação veterinário-cliente.
Lymphoma is a neoplasm of high incidence in dogs, and has several clinical signs, depending on the tumor anatomical area and the extent of the disease. This study aimed to evaluate the clinical and hematological findings in dogs with lymphoma at diagnosis, and the clinical evolution during Madison-Wisconsin chemotherapy protocol. Of the 18 dogs that underwent the study, 50% of the dogs had the multicentric form and 33% the cutaneous forms of the disease. The most common clinical sign was superficial lymphadenomegaly, combined to systemic signs of hyporexia, apathy and weight loss. The main hematological changes were anemia, thrombocytopenia and leukocytosis, associated with paraneoplastic syndromes. Complete remission was achieved in 27% of the animals and the one-year survival rate was 22%. There was a positive correlation between the hematocrit and survival time in dogs that died, which indicates the importance of anemia in the prognosis. It is suggested that the advanced stage of the disease may have contributed to the low remission and survival rates observed in this study.
As taxas de remissão e sobrevida dos cães inseridos neste estudo foram inferiores quando comparadas com a literatura. O protocolo de Madison-Wisconsin utiliza as cinco drogas consideradas mais efetivas no tratamento do linfoma canino (HOSOYA et al., 2007). Tal protocolo passou por modificações, principalmente com relação à sua duração, desde que foi primeiramente publicado por KELLER et al. (1993). No referido trabalho, 55 cães com linfoma foram submetidos ao protocolo de Madison-Wisconsin, delineado com a duração de três anos. Oitenta e quatro por cento desses animais atingiram RC da doença, e 51% atingiram sobrevida de um ano. Outro estudo (GARRETT et al., 2002) utilizou o protocolo de Madison-Wisconsin modificado para 25 semanas de duração e comparou o resultado do tratamento de 53 cães com linfoma com os resultados obtidos por KELLER et al. (1993). Não houve diferença significativa com relação à resposta ao tratamento (RC) e sobrevida dos animais entre os dois estudos. Mais recentemente, outra versão do protocolo de Madison-Wisconsin, com 19 semanas de duração, foi publicada (HOSOYA et al., 2007). Neste trabalho, de 30 cães com linfoma, 77% atingiram RC e 45% atingiram sobrevida de um ano.