Hudson Rezende de Araújo, de 31 anos, estava deitado em seu quarto no dia 31 de janeiro quando os objetos no cômodo começaram a chacoalhar. Até mesmo a cama sacudiu, lembra o professor de História. Por cerca de 10 segundos, ele sentiu o chão trepidar e imaginou que um trator de terraplanagem, comum em obras na sua vizinhança, passava perto do condomínio onde mora. O docente só teve certeza do que se tratava horas mais tarde, quando surgiram as notícias de que um terremoto havia atingido Boa Vista, capital de Roraima.
“As estações ficam de 300 a 400 quilômetros de distância uma da outra, então falta cobertura. E quanto mais distante o epicentro do terremoto, menos os equipamentos detectam. Mas quando os tremores ocorrem perto da cidade as pessoas sentem e reportam, mesmo que o aparelho não tenha registrado”, explicou Collaço.
Os autores do relatório da ONU chamaram a atenção para as nações industrializadas que estão falhando miseravelmente na redução das emissões de gases de efeito estufa a níveis compatíveis com a meta desejada conforme estabelecido no Acordo de Paris.
O tremor testemunhado por Hudson em Boavista foi o maior sentido no Brasil desde 1955, quando ocorreu um sismo de 5.5 pontos na escala Richter em Codajás, no Amazonas. O terremoto verificado pelo professor no fim de janeiro chegou a 5.6 pontos, atingiu todo o estado de Roraima e chegou até Manaus. O epicentro foi na Guiana, perto da divisa com o Brasil, segundo o Centro de Sismologia da USP.
A RSBR é formada pela USP, a Universidade de Brasília, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e o Observatório Nacional, que fica no Rio de Janeiro. Até 2015, as instituições tiveram financiamento da Petrobras. Depois a rede passou a ter apoio do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), mas atualmente as despesas são bancadas pelas próprias universidades.
“O fato de não ter tido nenhum fomento em 2020 e de não ter perspectiva de financiamento em 2021, deixa todos os pesquisadores bastante apreensivos sobre o futuro da RSBR”, disse Collaço.
Aproximadamente 8.100 pessoas morreram em desastres naturais (incluindo terremotos) em 2020. O desastre natural mais mortal do ano anterior foi a enchente de monção na Índia, que matou cerca de 1.922 pessoas. Em outras partes do sul da Ásia, particularmente no Paquistão, Nepal e Bangladesh, outras 1.100 pessoas perderam a vida em chuvas de monção excepcionalmente fortes.
Os terremotos são fenômenos que ocorrem praticamente todos os meses no Brasil, explica o sismólogo Bruno Collaço, do Centro de Sismologia da USP. Dados da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) indicam que terremotos com magnitude 5 ocorrem a cada 5 anos no Brasil. Para os de 6 pontos na escala Richter o intervalo é maior: 50 anos. Mais que isso, o país nunca experimentou e é difícil prever se um dia ocorrerá.
Os danos segurados por incêndios florestais no ano passado foram de US $ 12 bilhões, o terceiro maior já registrado, atrás apenas de 2017 e 2018. Nos últimos quatro anos, 2020 foi o terceiro em que as perdas globais de incêndios florestais ultrapassaram $ 10 bilhões de dólares, um limite nunca ultrapassado antes de 2017.
Apesar de pouco percebido no Brasil, o fenômeno observado por Hudson não é incomum no país. Apenas neste começo de ano, o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) já registrou 30 tremores de terra em território brasileiro. Em 2020, os pesquisadores verificaram a ocorrência de 248 terremotos no Brasil, mas desse total, apenas três tiveram a magnitude acima de 4 pontos na escala Richter, a partir da qual são percebidos ruídos e oscilações dos objetos.
A seca severa atingiu partes significativas do Brasil em 2020, causando uma temporada de incêndios devastadora e pesadas perdas agrícolas. A seca contribuiu para o registro de incêndios florestais na floresta do Pantanal, a maior área úmida tropical do mundo. Cerca de um quarto do Pantanal foi queimado em 2020, superando o recorde anterior estabelecido em 2005. O prejuízo total da seca brasileira de 2020 foi estimado em US $ 3 bilhões.
Parte dos terremotos sequer é registrada. Primeiro porque as magnitudes são baixas, entre 2 e 3, quase imperceptíveis para as pessoas. Tremores com essas intensidades ocorrem mensalmente no Brasil.
O Centro de Sismologia da USP disponibiliza nesta seção informes mais detalhados sobre terremotos ou atividade sísmica de maior impacto, tanto a nível nacional como mundial. Os informes são organizados por data de publicação e podem ser atualizados sempre que houver a necessidade, sem que seja feita uma nova publicação.
Um relatório de 13 de outubro de 2020 do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR) encontrou um aumento "impressionante" nos desastres relacionados ao clima. O número de grandes inundações mais que dobrou, de 1.389 para 3.254, e a incidência de tempestades destrutivas aumentou de 1.457 para 2.034.
A percepção de que terremotos são raros no Brasil também está associada à baixa capacidade de detecção no país. A RSBR começou a ser formada em 2010 e hoje conta com 120 estações com sismômetros. Desde então, o número de terremotos registrados no país aumentou.
Pela primeira vez, IBGE mapeou os nem-nem por faixa de renda. Entre os 10% mais ricos, apenas 7,1% dos brasileiros de 15 a 29 anos estão nesta situação. Na baixa renda, houve piora nos últimos anos
A região nordeste concentra a maioria dos terremotos no Brasil. No ano passado, o Ceará registrou 39 ocorrências, enquanto Pernambuco teve 35, o Rio Grande do Norte contou 34 e a Bahia somou 24 tremores de terra.
A Terra foi assediada por um recorde de desastres climáticos que custou 50 bilhões de dólares em 2020, disse o corretor de seguros Aon em seu relatório anual divulgado em 25 de janeiro. O recorde anterior era de 46 bilhões de desastres climáticos em dólares, ocorridos em 2010 e 2011.
Nos EUA, houve um recorde de desastres climáticos de 22 bilhões de dólares, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA). Esse é de longe o maior total registrado, com o recorde anterior, estabelecido em 2017.
“Foi tudo muito rápido, mas deu uma sensação estranha por não saber o que era aquilo. Depois eu vi as pessoas do condomínio fora das casas e todos se perguntando o que tinha acontecido. Mais tarde minha irmã, que mora em Georgetown, capital da Guiana, ligou para dizer que também sentiu o terremoto. Ela estava na banheira e de repente o chão tremeu e a água começou a balançar”, disse Hudson.
O caso foi investigado pela 57ª Promotoria de Justiça do Ministério Público. A denúncia por assédio sexual, importunação e assédio moral, foi feita à 11 Vara Criminal.
Tempestades severas, furacões, incêndios florestais e chuvas de monções devastadoras, assediaram o planeta em 2020. O prejuízo foi de $50 bilhões de dólares, além de vidas perdidas.