A época, representou um avanço em termos de qualidade de produção na Volkswagen brasileira pois trouxe inovações como corte de chapas e soldas feitas a laser, o que aumentou a qualidade construtiva e a rigidez estrutural bem como diminuiu o volume de solda utilizado e consequentemente o custo final de montagem.
Como desconfiei quando andei pela primeira vez no GTS, ainda num protótipo, o Polo esportivo é mais legal no dia a dia que na pista. Se num track day você vai achar que o motor "acaba cedo" e as trocas de marcha deveriam ser mais rápidas, na rua ele é mais ligeiro que a maioria dos outros carros, enquanto o câmbio automático agrada pela ausência de trancos (algo que notamos no 1.0 TSI, embora a VW tenha reprogramado a caixa desde o lançamento do Nivus). Ao mesmo tempo, a suspensão mexida pela engenharia não arruinou o conforto de rodagem do Polo - pelo contrário, é um ajuste até mais parecido com os antigos hatches da marca e que muito bem poderia estar nas versões menos potentes.
Conta a favor do Polo GTS a boa relação entre o motor 1.4 TSI e o câmbio automático de 6 marchas. Os mais puristas podem olhar para o mercado e achar como uma excelente alternativa ao VW o Renault Sandero R.S, que é o único rival direto do compacto alemão para quem deseja estar ao volante de um esportivo nacional.
Os detalhes vermelhos se repetem ao redor das saídas do ar-condicionado, no console e no novo volante. A nova alavanca de câmbio tem pomo cromado, mas o quadro de instrumentos digital não aparenta ter grafismos diferentes. Pedaleiras de alumínio completam a decoração.
Ops, eu disse algo como instigante? Então é porque o Polo GTS conseguiu seu objetivo. Embora tenha limitações e não seja acessível como o Sandero RS (o VW custa R$ 106.390 contra R$ 75.990), ele é o Punto T-Jet (ou 208 GT, como preferir) dos dias atuais. Pelo menos até que alguma outra marca tenha coragem de lançar um hot hatch no Brasil.
O GTS chega com posicionamento curioso. Não quer ser o esportivo puro como o Renault Sandero R.S. nem um carro careta como as demais versões do Polo. O preço também o ajuda a se distanciar do Sandero, sendo o primeiro Polo a ultrapassar os R$ 100 mil nesta atual geração e o primeiro a ter o motor 1.4 TSI sob o capô - pena que apenas com o câmbio automático, sem nenhuma opção manual como já existiu no Golf 7 importado da Alemanha.
Claro que, no caso do Polo GTS, não estamos falando de um carro acessível na correta acepção da palavra, uma vez que seu preço, hoje partindo de R$ 102.500, o torna uma escolha para poucos. Se o valor é elevado, ao menos grande parte disso explica-se pelo conjunto mecânico primoroso e o bom nível de equipamentos que o Polo esportivo entrega.
Vou falar melhor sobre o que a engenharia fez para dar ao GTS um espírito consideravelmente diferente dos demais Polo, mas primeiro tiveram que o diferenciar em estilo. Na dianteira, trouxe os faróis em LEDs Matrix do Polo GTI europeu, assim como a grade com o filete iluminado e o parachoque, que abriga a curiosa luz em LEDs nas extremidades que não são faróis de neblina, mas marcam ainda mais o GTS, e se ligam com os faróis e o filete da grade.
A receita incluiu um eixo de torção traseiro com novo perfil, mais rígido, e uma barra estabilizadora 1 mm mais grossa na frente (21 mm no total), acompanhados de uma maior carga nos amortecedores e molas mais firmes. As rodas aro 17" possuem desenho exclusivo, mas usam pneus da mesma medida que a Highline (205/50), assim como os freios, que são os mesmos do 1.0 TSI. A VW disse que não adotou as rodas aro 18" e a suspensão rebaixada do conceito por questões de conforto, mas, ao menos quanto às rodas, teve de voltar atrás - elas passaram a ser oferecidas na linha 2021 como opcionais.
Entre os itens de segurança, a versão esportiva do Polo possui airbags frontais (obrigatórios por lei) e laterais, câmera de ré, controles de estabilidade e tração, Isofix, monitoramento da pressão dos pneus, assistente de partida em rampa, indicador de fadiga e sensor de estacionamento traseiro.
O recurso do ronco emulado parece bobo, mas a brincadeira tem bom efeito - andei quase o tempo todo da avaliação no modo Sport, que aciona o dispositivo e deixa a direção mais firme, além do acelerador mais esperto. Como dito anteriormente, o GTS não é um rojão, mas sabe arrancar um sorriso do rosto numa saída de pé embaixo ou numa curva tomada com menos juízo. A aceleração de 0 a 100 km/h em 8,6 segundos é mais rápida que a do Sandero RS (9,1 s) e a estabilidade direcional em altas velocidades é elogiável. Boa notícia para um Polo que chega a 207 km/h de máxima, pelas medições da VW.
O Volkswagen Polo GTS é equipado com motor 250 TSI (1.4 turbo) capaz de gerar 150 cavalos (cv) e 25,5 kgfm de torque. Os números de fábrica indicam o 0 a 100 km/h em 8,4 segundos e velocidade máxima limitada a 207 km/h.
Mas não foi simplesmente colocar o conjunto que está no T-Cross Highline, por exemplo. O câmbio teve o software recalibrado, para as trocas mais rápidas, assim como o do motor tem respostas mais rápidas ao acelerador e em como ele entrega força, já que a proposta do Polo é diferente do T-Cross. A suspensão recebeu molas e amortecedores mais firmes, assim como barra estabilizadora mais grossa e um eixo traseiro exclusivo para compor o conjunto. Os freios são os mesmos dos 200TSI (que não existe mais no Polo, aliás), com disco nas 4 rodas, ventilados na dianteira.
Vamos colocá-lo em nossa pista de testes ainda, mas a Volkswagen divulga a aceleração de 0 a 100 km/h em 8,4 segundos e velocidade máxima de 207 km/h. Ao mesmo tempo, iremos avaliá-lo em condições de uso urbano, rodoviário e números de consumo seguindo nossos padrões em breve - enquanto isso, fique com os dados do Inmetro: 11 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada com gasolina, e 7,5/9,6 km/l com etanol, respectivamente.
Não é um canhão, chegando aos 100 km/h em 8,5 segundos, mas se esforça. Quando no modo Sport, o câmbio faz as trocas um pouco mais rápido e um emulador de ronco faz o parabrisas vibrar numa frequencia que parece ser um ronco mais grosso no escape - que bem que a VW poderia fazer um sistema no próprio escape, já que estamos falando de uma versão esportiva. Não é difícil aproveitar bastante do GTS em curvas, com um vetorizador de torque disponível para ajudar no contorno das mais fechadas, além de um bom conjunto de freios e uma direção bem calibrada.
Complementando o novo design externo da versão de topo do novo Polo, as rodas de liga leve de 18 polegadas possuem acabamento diamantado, o aerofólio é exclusivo para o modelo e as cores disponíveis para a carroceria são o preto Ninja e branco Cristal (sólidas), cinza Platinum e prata Sirius (metálicas) e o vermelho Sunset.
Ainda que deixassem o GTS um tiquinho mais duro, eu optaria pelas rodas de 18" no "meu" GTS, assim como escolheria outro volante. O atual, mesmo do 1.0 TSI, é fino e mesmo com a costura vermelha não combina com uma versão esportiva. Merecia a mesma peça do Jetta GLI (do antigo Golf GTI) ou ao menos o volante do Nivus, que tem uma pegada mais firme - esse pode pintar na reestilização do Polo, prevista para o ano que vem. As portas quase sem forração continuam a destoar do bonito painel digital com a multimídia de 8" (Discover Media) integrada no desenho do painel, mas os bancos dianteiros inteiriços são excelentes e apoiam muito bem o corpo, com abas salientes que lembram os Recaro dos antigos Gol GTS. Um teto-solar cairia bem, mas a VW diz não ter volume de pedidos suficiente para justificar o investimento.
Os bancos com encosto de cabeça inteiriço começaram o Polo GTS e agora estão em toda a linha (em versão simplificada). O que realmente vai diferenciar a versão esportiva é o mesmo material sintético aplicado à faixa central do painel com costura vermelha no centro, uma tentativa de dar algum aspecto premium ao hatch.
A média de consumo de combustível é de 8 km/l com etanol e 11,6 km/l, com gasolina, na cidade. Na estrada, o GTS 2023 tem médias de 10 km/l com etanol e 14,2 km/l com gasolina.
Na pista do Autódromo Velocittá, o Polo GTS mostrou equilíbrio, não exigindo muita habilidade de quem está ao volante. Dócil na dinâmica (com reações previsíveis), diverte o comprador que não está habituado a um esportivo mais potente como o Golf GTI, ao mesmo tempo em que torque em baixas rotações ajuda na saídas das curvas. O simulador de ronco é exagerado? Sim, mas faz parte do show que o Polo GTS quer dar para seus clientes.
Além de usar os mesmos faróis full-led, importados da Espanha e que consegue iluminar até 170 metros adiante (contra 130 das demais versões), o novo VW Polo GTS tem grade com barra iluminada integrando as assinaturas de led dos faróis.