Um pescador da Tailândia encontrou esta semana um pedaço do chamado "vômito de baleia" com cerca de 30 kg, que pode valer até R$ 7 milhões. Mas, afinal, por que o item é tão valioso?
Após encontrar o âmbar, Narong decidiu levar o material para a avaliação de especialistas da Universidade Príncipe de Songkla, que disseram que os 30 kg de vômito de baleia têm valor aproximado de R$ 7,4 milhões.
Em tempos recentes, o item passou a ser utilizado como especiaria e também como um potente fixador pela perfumaria industrial. Um dos perfumes que utiliza o âmbar cinzento em sua composição é o francês Chanel Nº 5.
Por fim, os membros da equipe envolvida nesse esforço de coleta de dados de quase uma década usaram pequenos barcos equipados com eco-sondas para vigiar os locais onde as baleias estavam se alimentando. As eco-sondas usam ondas sonoras para detectar e medir o tamanho e a densidade de cardumes de krill e outras espécies de presas.
Ao combinar essas três linhas de evidência – com que frequência as baleias se alimentavam, a quantidade de presas que elas poderiam consumir durante a alimentação e quanto dessas presas estava disponível – os pesquisadores puderam gerar as estimativas mais precisas até o momento de quanto esses gigantescos mamíferos comem por dia e, por extensão, a cada ano.
Mensalmente, o pescador tailandês recebe um valor equivalente a R$ 1.400. A descoberta do tesouro, contudo, gerou novos planos nele. “Se eu conseguir um bom preço, vou parar de trabalhar como pescador e dar uma festa para meus amigos”, disse.
Proibido desde 1972 nos Estados Unidos, o âmbar verdadeiro segue sendo substituído por substâncias sintéticas, produzidas em laboratório, como cedramber, spirambrene e okoumal. Entretanto, eles não chegam a mimetizar todas as notas encontradas no âmbar natural.
Para demonstrar como o consumo de mais presas pelas baleias aumenta sua capacidade de reciclar nutrientes essenciais, os pesquisadores também calcularam a quantidade de ferro que toda essa alimentação extra das baleias recircularia na forma de fezes.
Apesar do nome popular ser "vômito de baleia", os cachalotes, assim como as orcas, não são propriamente baleias, mas pertencem à mesma ordem de mamíferos, "primos" de baleias e golfinhos.
Segundo Savoca, cada uma dessas marcas, colocadas por sucção nas costas de cada baleia, é como um smartphone em miniatura – equipado com câmera, microfone, GPS e um acelerômetro que rastreia o movimento.
Ao liberar excrementos nas águas, as baleias ajudam a manter os nutrientes essenciais suspensos perto da superfície, onde podem sustentar o fitoplâncton que absorve carbono e que forma a base das cadeias alimentares dos oceanos.
Um estudo publicado na última quarta-feira (3) na revista Nature descobriu que as maiores baleias de nossos oceanos (baleias azuis, jubartes e baleias-fin ou rorquais) consomem muito mais alimento do que se pensava anteriormente. Logo, elas fazem muito mais cocô, consequentemente. Isso, segundo os pesquisadores, tem papel fundamental nos ecossistemas oceânicos.
Sem as baleias, esses nutrientes vão mais rapidamente para o fundo do mar, o que pode limitar a produtividade em certas partes do oceano e, por sua vez, reduzir a capacidade dos ecossistemas oceânicos de absorver o dióxido de carbono que aquece o planeta.
“Nossos resultados dizem que se restaurarmos as populações de baleias aos níveis anteriores à caça às baleias vistos no início do século 20, recuperaremos uma grande quantidade de funções perdidas nos ecossistemas oceânicos”, disse Pyenson. “Pode levar algumas décadas para ver o benefício, mas é a mais clara leitura até agora sobre o papel maciço das grandes baleias em nosso planeta”.