Este mito é o mais comum e mais recorrente. Usar o Torniquete como último recurso é antiquado e perigoso. Há inúmeras pesquisas científicas que desbancam este mito.
Um estudo feito pelo exército americano no Iraque e Afeganistão, comparou resultados de aplicação do torniquete em momentos diferentes: antes do paciente descompensar por choque; depois de descompensado. Os resultados foram de 96% de sobrevida na aplicação precoce e bem indicada, ante 4% de sobrevida na aplicação tardia.
Um Torniquete comercial, assim como qualquer outro produto, terá suas vantagens e desvantagens, prós e contras. Todos tem suas diferenças e regras quanto à sua aplicação. Sou sempre perguntado qual Torniquete recomendo e sempre respondo com: “Recomenda pra quem, quando e onde?”. O Torniquete que funciona bem usado por um Militar com colete balistico não necessariamente significa que servirá de igual propósito para um civil, que usa pouca roupa e acessórios em um verão intenso. O Torniquete que eu carrego em patrulha ou missões da SWAT para socorrer outros policias não seria uma boa opção em um atendado a uma escola, onde espero lidar mais com pacientes pediátricos. O Torniquete que uso em um ambiente controlado e ilumidado não seria o mesmo que uso em uma situação estressante e com pouca luminosidade.
Isso é bobagem! Cintos são Torniquetes péssimos. É muito difícil, senão completamente impossível parar o fluxo sanguineo arterial usando apenas um cinto. Utilizar o cinto e a fivela nunca resultará em uma pressão suficiente para frear a hemorraria. Algo muito grande e forte, como uma perna de uma cadeira, teria que ter que ser usado para apertar o cinto devido à sua rigidez.
A melhora no tempo de resgate e o uso de medidas adjuvantes no controle da hemorragia, como curativos hemostáticos e compressivos, auxiliaram na melhora dos resultados de implementação de torniquetes.
Medidas antes associadas à maleficência, causando mais danos que benesses, como os torniquetes, hoje encontram literatura que baseiam sua aplicação inteligente e comprovam a importância do seu uso quando bem indicado.
As condutas dependem do local, extensão e volume do sangramento. Diversas medidas como pressão direta, curativos hemostáticos e terapias farmacológicas podem ser utilizadas. Daremos enfoque ao uso do torniquete.
A hemorragia vai causar redução do débito cardíaco por redução da pré-carga. Com a baixa volemia, haverá desequilíbrio entre perfusão e oxigenação, que por fim levará ao estresse oxidativo celular e ativação das vias apoptóticas. O ambiente torna-se propício para instalação da tríade letal (acidose metabólica, coagulopatia e hipotermia)
A classificação do choque hemorrágico em graus auxilia no diagnóstico e conduta quanto à reposição volêmica. Pode-se usar parâmetros clínicos simples ou elaborados, sendo que em vigência de gravidade dá-se preferência para os parâmetros simples e início rápido do tratamento.
Alguns médicos e enfermeiros no Brasil, principalmente que nao se atualizam ou se informam sobre os avanços da medicina moderna, tem tido dificuldade e resistência quanto ao uso do Torniquete.
Torniquetes são vendidos nos mais variados tipos, cores e tamanhos. Dão conta do recado em variadas formas. Como em qualquer tipo de missão, a resposta está em como usar a ferramenta adequada para o trabalho.
Segundo William Mayo “A medicina é a única vencedora na guerra”. Há forte ligação entre conflitos e avanço na melhoria do atendimento ao trauma e cuidado de pacientes com múltiplas lesões.
A pesquisa sobre manejo de politraumas e lesões graves é promovida por necessidade e tem resultado em taxas melhores de sobrevivência, atualmente, que em qualquer outro momento da história. Um dos principais pilares desse avanço na área é a guerra ao terrorismo, desempenhada pelos Estados Unidos ao longo dos últimos anos.
Observação: esse material foi produzido durante vigência do Programa de colunistas Sanar. A iniciativa foi descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu preservar todo o histórico e trabalho realizado por reconhecer o esforço empenhado pelos participantes e o valor do conteúdo produzido.
Deve-se impor pressão suficiente para bloquear o fluxo arterial, ocluindo o pulso distal a aplicação. Há relação direta entre a quantidade de pressão e tamanho do membro, quanto maior for este, mais forte deve ser aquele.
Tais lesões podem ocorrer externamente, derivada de traumas como: cortes, perfurações e lacerações. Mas também internamente, onde podem ser de difícil diagnóstico e necessitam de boa avaliação quanto aos seus sinais e sintomas. São locais passíveis de acúmulo sanguíneo: crânio, tórax, abdome, pelve e, apesar de negligenciados, os ossos longos fraturados.
A popularização do uso do torniquete auxiliou na melhora do manejo das lesões, mas implementava isquemia ao tecido não lesado que se encontrava distalmente ao local de uso do torniquete. A demora no transporte e remoção era um dos grandes responsáveis por esse efeito colateral catastrófico e o associava a infecções por manter aberta uma barreira de fácil contaminação.
Por muito tempo o sangramento de uma das extremidades foi a principal causa de mortes no campo de batalha, recentemente isso foi ultrapassado por sangramentos em juntas como sangramentos na virilha e axila.
Usar o que está ao seu alcance e disponível não é somente aceitável mas recomendado. Há vários casos e relatos de pessoas que improvisaram equipamentos e salvaram uma vida. Pesquise sobre Brian Ludmer, o professor que, durante um tiroteio no aeroporto de Los Angeles, foi alvejado na panturrilha. Brian so arrastou até uma loja de roupas e usou uma camisa para improvisar um torniquete em volta de sua perna para diminuir o sangramento. A frase chave aqui é “Diminuir o Sangramento”, isso é o que Torniquetes improvisados fazem. Torniquetes comerciais PARAM o sangramento. Hospitais, socorristas, médicos e enfermeiros estão sendo negligentes se não estiverem equipados com um Torniquete Comercial.
O primeiro torniquete deve ser aplicado na axila ou virilha. Em caso de controle insatisfatório, é indicado a aplicação do segundo torniquete proximal à lesão. O local de aplicação não deve ser coberto durante o transporte, para que a inspeção seja facilitada e revisada constantemente.
Para melhor entendimento dos pontos de discussão, aqui vai uma revisão do choque hemorrágico, frequentemente encontrado nos prontos-socorros. Não à toa, a atenção às lesões exsanguinantes tomaram a frente do tradicional mnemônico de atendimento inicial ao politraumatizado “ABCDE”, acrescentando-as como X no início do protocolo.
eu faço enfermagem e a area que eu mais me interesso é o aph, eu acho incrivel como o atendimento no brasil esta longe do aceitavel, na propria faculdade a gente a prende a improvisar torniquetes, ja fui em cursos e palestras sobre trauma e nunca foi apresentado um torniquete comercial…
O campo de batalha expõe uma realidade dura e de difícil simulação em ambiente controlado, na qual a pesquisa e a implementação de manobras, equipamentos e condutas podem expandir tanto quando a criatividade das pessoas que os propõem.
Em uma zona de conflito, um ambiente tático ou quando se está lidando com um Atirador Ativo, o Torniquete deverá ser a primeira opção quando há suspeita de sangramento arterial vindo de alguma extremidade.
Avaliar a situação, fazer a segurança da área e chamar o socorro especializado, essas são as primícias dos primeiros socorros. 0% 0% 0 voto(s). Na primeira avaliação ao chegar a uma cena devemos avaliar riscos e perigos do local para evitar que o próprio socorrista se torne vítima.
Primeiros Socorros: 7 procedimentos que você precisa saber!
“Casos como alergia de um produto, hemorragia, queimadura, estão propícios nessa profissão e, se o esteticista estiver preparado poderá evitar agravamentos. Claro que a primeira ação é pedir socorro, mas enquanto não chega é essencial que ele saiba manter o controle”, afirma.