Graduada em Psicologia pela Universidade de Salamanca (2012) e qualificada como Psicóloga Geral da Saúde, número de membro: EX01253. É mestre em Psicologia Clínica pelo ISPCS e pela AEPC (2014), Especialista em Intervenção Sistémica (2016), Especialista em Mediação Sanitária, Civil-Comercial (2013), Especialista em Psicologia Psicossomática (2013) e Monitora de Educação Sexual ( 2013). Atualmente é doutoranda na Universidade de Salamanca.
Tendo em vista a existência de memórias implícitas autobiográficas, podemos não apenas supor a ocorrência de um self autobiográfico, como também afirmar a existência de um inconsciente implícito, que se caracterizaria pelo conjunto de memórias implícitas "profundamente inconscientes", mas potencialmente acessíveis à consciência central.
O problema da consciência é bastante antigo: foi investigado amplamente pelos filósofos, principalmente os modernos; e tornou-se também, a partir do século XIX, objeto de estudo de psicólogos e fisiologistas.
as imagens do objeto afetam o estado do organismo.... O mapeamento das conseqüências relacionadas ao objeto ocorre em mapas neurais de primeira ordem que representam o proto-self e o objeto; o relato da relação causal entre objeto e organismo somente pode ser captado em mapas neurais de segunda ordem. (p. 220)
"O inconsciente não se identifica simplesmente com o desconhecido; é antes o psíquico desconhecido, ou seja, tudo aquilo que presumivelmente não se distinguiria dos conteúdos psíquicos conhecidos, quando chegasse à consciência."
No que diz respeito ao sistema nervoso, Edelman afirma que podemos concebê-lo a partir da existência de dois modos de organização, que compreendem duas etapas da evolução da consciência. O primeiro modo de organização inclui o tronco cerebral e o sistema límbico, que possui ligações com o sistema endócrino e o sistema nervoso autônomo; de acordo com Edelman (1998), esse sistema límbico-troncular é um sistema de valores, e está diretamente relacionado às funções corporais e internas. (Essa descrição de Edelman sugere uma aproximação com o que Freud descreve como sendo o sistema de neurônios psi-nuclear no "Projeto".)
O que tudo isso poderia nos ensinar a respeito do inconsciente? Primeiramente, fica clara a existência de dois "inconscientes": um implícito e outro explícito. Podemos, a partir da avaliação dos pacientes e de seus sintomas, chegar a uma afirmação razoável: o "inconsciente implícito" é psicossomático, enquanto o "inconsciente explícito" é propriamente psíquico. Em segundo lugar, podemos dizer que há uma evolução de uma vivência pulsional para o advento do desejo. Nesse caso, o desejo está ligado a um objeto explicitamente representado no contexto da linguagem. Em terceiro lugar, podemos questionar até que ponto uma psicanálise, no sentido mais rigoroso do termo (i.e., análise psíquica), poderia ajudar pacientes psicossomáticos ou com transtorno do pânico, tendo em vista que o processo de defesa do ego está mais comprometido nessas patologias. Em quarto lugar, podemos precisar o papel das diversas modalidades de recalque [tradução, repressão e supressão] na dinâmica das diferentes psicopatologias.
Ela realiza tarefas de tutoria para práticas de psicologia em colaboração com diferentes universidades (USAL, UPSA, UH). Ela também é diretora do TFM no mestrado universitário em Terapias de Terceira Geração da Universidade Internacional de Valência. Foi diretora médica de um centro de exames médicos (2013).
This paper consists of a revision concerning the concepts of "unconscious" and "consciousness", from the points of view of psychoanalysis and neuroscience. Thus, the author examines, initially, the Freudian Project; after that, he approaches Searle's critical view about psychoanalysis, and he presents, as well, Damásio's proposal and Edelman's conceptions about consciousness. Finally, the author indicates some possible contributions of the neuroscientific theories for psychoanalytic theory and clinic.
Eis, portanto, algumas questões a serem consideradas pela psicanálise no século XXI, e que demonstram a importância de um diálogo permanente com a neurociência. Trata-se, basicamente, das mesmas questões colocadas por Freud há pouco mais de cem anos; não obstante, a inserção de novos conceitos, advindos da neurociência, além de tornar mais clara a compreensão da metapsicologia freudiana, também se apresenta como um forte estímulo para a investigação psicanalítica. Esperamos que essa aproximação entre psicanálise e neurociência resulte num entendimento mais amplo do funcionamento da mente/cérebro, como também auxilie no tratamento das patologias de origem psíquica e/ou neurológica.
A aprendizagem, segundo Edelman, começa a ocorrer a partir da categorização perceptiva e vai se tornando um processo cada vez mais complexo, culminando na consciência elaborada. O "bootstrapping semântico", por sua vez, está relacionado com a ativação das áreas cerebrais responsáveis pela linguagem (áreas de Broca e Wernicke) e possibilitaria o surgimento da linguagem nos seus aspectos semântico, sintático e fonológico.
Em um sentido amplo, mais genérico, é o conjunto dos processos mentais que se desenvolvem sem intervenção da consciência. O segundo significado, mais específico, provém da teoria psicanalítica e designa uma forma específica de como o inconsciente (em sentido amplo) funciona.
O segundo modo de organização inclui uma ação simultânea do tálamo e do córtex cerebral, o que nos permite nomeá-lo de sistema corticotalâmico. Esse sistema, bem mais recente na cadeia evolutiva, é o responsável pela interação com o mundo externo (através dos órgãos do sentido e da motricidade), bem como pela aprendizagem e categorização dos acontecimentos. (Aqui, pode-se sugerir uma aproximação com as funções desempenhadas pelo que Freud chama, no "Projeto", de sistema de neurônios psi pallium em conjunção com o papel atribuído aos neurônios ômega [perceptivos]). É importante, ainda, mencionar a existência de alguns apêndices do córtex o cerebelo, os gânglios basais e o hipocampo , que evoluíram em conjunto com a estrutura cortical.
É somente com o surgimento de uma consciência elaborada (diretamente associada à linguagem) que podemos pensar num "inconsciente explícito", isto é, num inconsciente estruturado como uma linguagem (Lacan, 1964/1985). É o hipocampo que permite traduzir as memórias implícitas em memórias explícitas (LeDoux, 2000), possibilitando o recalque originário e dando origem ao "inconsciente explícito", ou seja, a um conjunto sistemático de memórias explícitas. Mas o que seria, então, recalcado no recalque originário? A resposta é simples: o que não é traduzido pelo hipocampo, isto é, aquelas memórias emocionais e procedurais que permanecem implícitas. Através do recalque originário, portanto, a consciência primária é suplantada pela consciência elaborada: doravante, toda a vivência subjetiva passa a ser mediada pela linguagem. Assim, a história do desenvolvimento de cada indivíduo é marcada por dois momentos: o pré-verbal e o verbal. O que não pode ser traduzido em palavras permanece, então, implicitamente, influenciando o comportamento emocional e os hábitos de cada indivíduo. Eventualmente, esse inconsciente implícito também poderia gerar sintomas. Podemos dizer que o inconsciente implícito é o núcleo do sistema inconsciente (Ics.) freudiano, território dos representantes pulsionais (Freud, 1915/2006). O inconsciente implícito é, portanto, psicossomático e pulsional.
De acordo com Damásio, essa relação entre organismo e objeto, capaz de causar imagens mentais, é vivenciada no nível de uma consciência central e se caracteriza pela presença de um self central. Assim,