O sucesso da narrativa talvez esteja no fato dela trazer uma história de superação, redenção e fé, sustentando-se a partir de ideias religiosas que vão ao encontro de grande parte da população que segue o cristianismo.
Entretanto, alguns cristãos, sobretudo os pentecostais e neo-pentecostais, se opuseram ao filme, por ele trazer a figura de Deus como uma mulher negra e Jesus como um homem de traços árabes, contrariando a visão bíblica.
Quando Mack vai com a família até um acampamento no fim de semana, não imaginava a tormenta que estava por vir. Em um momento de desatenção, sua filha de 6 anos desaparece. Mais tarde surgem algumas pistas e sabe-se que ela foi assassinada.
Ao retornar à cabana onde sua filha foi morta, o personagem tem contato com uma realidade mágica. Já durante o percurso ele encontra-se com um homem bastante tranquilo e amigável que faz o papel de Jesus, interpretado pelo israelense Aviv Alush.
Já a figura de Espírito Santo é representada pela atriz asiática Sumire Matsubara. Assim, o "trio santo" é bastante diversificado do ponto de vista étnico, explicitando a intenção de trazer representatividade e pluralidade racial.
É nesse momento que conhecemos os traumas de Mackenzie, um homem marcado por problemas na relação com seu pai e que decide ser uma referência paterna diferente da que ele teve.
Diante dessa tragédia, o filme apresenta um conceito discutido entre as pessoas que não possuem crenças religiosas, que é o "problema do mal", em que a ideia da existência de Deus é colocada em cheque diante da maldade que existe no mundo.
O documentário surge de uma série documental que foi exibida na TV americana. Originalmente, dividida em episódios de 30 minutos que são colocados praticamente de forma corrida no filme.
A Cabana é um filme emocionante. Como se sabe, baseado no livro de mesmo nome de William P. Young. A trama acompanha um pai que perde a filha, sequestrada e assassinada de forma brutal em uma cabana. Esse pai fica atormentado por anos com o acontecimento.
Entretanto, um dia ele recebe em sua caixa de correio uma carta o convidando para voltar à cabana onde ocorreu a morte de sua filha. Mackenzie, mesmo receoso, vai até o local e lá conhece figuras extraordinárias, vivendo situações fantásticas que mudarão definitivamente sua vida.
Mais tarde, são encontrados indícios de que a criança foi violentada e morta em uma cabana no meio das montanhas. Assim, o protagonista entra em desespero e é tomado por uma severa depressão, questionando a existência de Deus.
Essa é uma produção voltada para um público bastante específico, podendo ser considerado um filme gospel. Assim, foi recebido bem por boa parte desses espectadores, a maioria que já havia lido o best-seller de William P. Young.
Nos longos diálogos com Deus e as outras figuras santas, Mack faz muitos questionamentos e aos poucos começa a entender suas dores e traumas, na busca de exercitar o perdão e estancar seu sofrimento.
Nesse trajeto há um símbolo bastante claro da experiência espiritual que Mack irá vivenciar, o clima, que até então era extremamente frio, com neve e uma paisagem gélida, transforma-se em uma linda tarde ensolarada.
Mesmo com a história emocionante, o livro e o filme deixam algumas dúvidas. Sabendo disso, Young trouxe mais um conteúdo aos fãs, que está na Netflix.
Por conta disso, Mack entra em um estado de negação, culpa e raiva, distanciando-se da religião e duvidando da fé. Sua vida e seu estado psicológico/emocional estão despedaçados, podemos perceber isso na simbologia do jardim de sua casa, bastante bagunçado.
É interessante que no filme, assim como no livro, Deus venha sob a forma de uma mulher negra, surpreendendo o público e trazendo outros olhares no que diz respeito à maneira como o divino sempre foi representado. Por conta desse fato, alguns cristãos se opuseram ao filme.