A filosofia da mente é uma área da filosofia que procura entender o que significa ter uma mente, do que ela é constituída e se é possível que outros seres não-humanos, como máquinas e animais, por exemplo, também possuam mente.
Então, Searle defende que um computador será capaz apenas de simular processos mentais, não ter uma mente de fato. Afirma isso porque, através de um experimento mental chamado Quarto Chinês, mostrou que computadores não têm intencionalidade. Ou seja, seus “pensamento” não se referem a nada que seja externo ao próprio pensamento. Quando o computador, por exemplo, usa a palavra “cão”, ela não tem qualquer referência ao mundo real, como acontece quando seres humanos usam.
Com o desenvolvimento da informática e de uma série de tecnologias, como softwares capazes de conversar com pessoas, dirigir um veículo pelas ruas sem a ajuda de um humano, fazer diagnósticos médicos, é natural que nos perguntemos onde isso pode levar.
Alguns acreditam que isso irá acontecer quando computadores forem capazes de passar no Teste de Turing. Ou seja, quando computadores forem capazes de dialogar com seres humanos sem que estes percebam que se trata de um computador.
Ninguém duvida da possibilidade de criarmos um pulmão ou coração artificial para ser usado em ser humanos. No entanto, é possível criarmos uma mente artificial? Um computador que possua inteligência artificial e estamos mentais como o dos seres humanos?
O objetivo de Steven Rose, com o livro O cérebro do século XXI: Como entender, manipular e desenvolver a mente, é explorar exatamente até que ponto a crescente capacidade da neurociência para explicar o cérebro traz consigo o poder de consertar, modular e manipular a mente. Em particular Rose, esta interessado em um dos aspectos mais intrigantes, importantes e misteriosos de como a mente funciona: como nós, seres humanos, aprendemos e nos lembramos – ou, para ser mais exato, que processos ocorrem em nosso cérebro que possibilitam o aprendizado e a memória? É nesse âmbito, incluindo desde as propriedades de moléculas especificas em um pequeno número de células até o comportamento elétrico e magnético de centenas de milhões de células, desde a observação de células individuais em microscópio até o estudo do comportamento de animais confrontados com novos desafios – que atuam as neurociências, tornando-se uma área de investigação relativamente nova, cuja expansão teve lugar durante os últimos anos, levou diversas pessoas a sugerir que os primeiros dez anos deste novo século deveriam ser declarados ”a década da mente”. Tirar partido da escala e do sucesso tecnológico do Projeto Genoma Humano, conhecendo – e até decodificando – a complexa rede de interconexão entre as linguagens do cérebro e as da mente passou a ser visto como fronteira final da ciência. Com seus 100 bilhões de células nervosas, com seus 100 trilhões de interconexões, o cérebro humano é o fenômeno mais complexo no universo conhecido – sempre, é claro, à exceção da interação de uns 6 bilhões de cérebros como esses e de seus donos no interior da cultura sociotecnológica do ecossistemas do nosso planeta!
NAGEL, no capítulo 4. O PROBLEMA MENTE-CORPO questiona-nos sobre a relação mente-corpo. Qual pode ser a relação entre a consciência e o cérebro? Coloca-nos, que todos sabem que o que acontece na consciência depende do que acontece ao corpo. Exemplo: Se você der uma topada com o dedo do pé, ele irá doer. Ao que tudo indica, para que alguma coisa aconteça em sua mente ou consciência, é preciso que algo aconteça no seu cérebro – alguma coisa que envolva alterações químicas e elétricas nos bilhões de células nervosas que compõem o seu cérebro. Para NAGEL, parece haver dois tipos muito distintos de coisas que acontecem no mundo: as coisas que pertencem à realidade física, que muitas pessoas podem observar de fora, e as coisas que pertencem à realidade mental, que cada um de nós experimenta interna e individualmente.
Para entender como surgem os problemas discutidos pela filosofia da mente, basta prestar atenção a alguns fatos simples. Se olhar para si mesmo e tentar fazer uma lista de características que o definem, poderia chegar a coisas como: tenho um metro e setenta, cabelo preto e curto, gosto de cultivar amizades, penso que a política é importante e acredito que depois da morte não há mais nada.
Muitas pessoas que trabalham com o desenvolvimento de inteligência artificial (IA) acreditam que máquinas poderão ter uma mente. Que no futuro, com computadores mais poderosos e os programas apropriados, isso irá acontecer. Essas pessoas acreditam que a inteligência, a consciência, o pensamento é o resultado de uma espécie de programa de computador instalado no cérebro.
O idealismo é o contrário exato do fisicalismo. Enquanto o fisicalista diz que os seres humanos não são nada além da matéria, o idealista diz que os seres humanos (e toda a realidade) não é nada além de substâncias mentais. O idealista resolve o problema mente-corpo acreditando que a mente e o corpo não são realmente dois tipos diferentes e irredutíveis de realidade. Pelo contrário, ambos são, em certo sentido, “mentais”. Um dos defensores desse tipo de idealismo é George Berkeley.
Podemos concluir, quanto à questão sobre os posicionamentos de NAGEL: a) um processo mental não pode ser analisado em partes menores a exemplo dos processos físicos; não podemos concordar totalmente com o posicionamento de NAGEL, pois, percebemos hoje, que com os estudos da Biofilosofia, apresentado pelo farmacologista Philippe Mayer, enfocando questões como o pensamento, a memória e a linguagem, o autor considera a Biologia moderna essencial para meditar as grandes incógnitas da condição humana, numa perspectiva de conhecimentos voltados para o relacionamento das ciências humanas e sociais, com as clínicas neurológicas, psicológicas e filosóficas (Filosofia Clinica), estimulando o diálogo entre as ciências biológicas, exatas e humanas, propiciando elementos, que NAGEL, solicitava da Ciência, na década de 70. Levando-nos a considerar que o processo mental pode ser analisado no conjunto do Sistema Nervoso, num processo particularizado na detecção de sintomas neurológicos.
Para Rose, as contribuições para as neurociências vêm da genética – a identificação de genes associados tanto com as funções mentais normais, como aprendizado e memória, quanto com as disfunções que acompanham problemas como depressão, esquizofrenia e mal de Alzheimer. Da física e da engenharia vêm novas janelas para o cérebro fornecidas pelos sistemas de imagens: PET (tomografia por emissão de pósitrons); fMRI (imagens por ressonância magnética funcional): MEG (magnetoencefalografia) e outros – abreviações que escondem máquinas poderosas oferecendo visões do dinâmico fluxo elétrico através do qual o cérebro vivo conduz suas tarefas de milissegundo em milissegundo. Das ciências da informação vêm argumentos de que é possível modelar processos cerebrais por computação – até imitá-los no mundo artificial do computador, fazendo com que os neurocientistas retomem a reivindicar direitos sobre aquela terra incógnita final, a natureza da própria consciência, oferecendo literalmente dezenas de livros – sobretudo especulativos – com títulos que permutam o lugar do termo “consciência” foram publicados durante a última década (“Journal of consciousness studios”, e Tucson, no Arizona) abrigando regulares “conferências sobre consciência”. Diante disso, Rose, continua cético, mas tentará no livro o cérebro no século XXI: como entender, manipular e desenvolver a mente, explicar por que acha que, como neurocientistas, não temos nada de muito útil a dizer a respeito daquele “grande C” (de Consciência) em especial, e porque, portanto, como Wittgenstein disse muitos anos atrás, é melhor ficarmos calados.
O fisicalismo é a alegação de que a mente é idêntica ou produto das atividades do cérebro e que não há nenhum aspecto não físico em uma pessoa. Ou seja, mente e corpo são compostos da mesma matéria, têm a mesma natureza.
No quinto modulo desenvolvido no artigo Filosofia da mente e as bases biológicas da psicologia: um vínculo necessário nas pesquisas e compreensão do difícil problema do suporte material do espírito humano (corpo e cérebro) na perspectiva edelmaniana, Gerald M. Edelman , Prêmio Nobel de Medicina em 1972, expõs no livro Second Nature, publicado em 2006, é que o funcionamento do cérebro humano está em aberto desde o nascimento da criança, e não opera segundo um roteiro predefinido, com a citação: “A prática de ignorar a biologia quando se pensa nos assuntos da mente e no modo como o conhecimento é adquirido, sem fazer referência à biologia, tem uma história. Em grande medida, a filosofia da mente tem prosseguido as suas pesquisas sem se preocupar (a não ser de forma anedótica) com o corpo ou o cérebro” (EDELMAN, Gerald M.) , explicitado no capítulo IV – As Bases Biológicas da Psicologia, objetiva demonstrar, que a condição mínima para a existência do espírito é um tipo especifico de morfologia, de modo a analisar as formas mais gerais a ligação entre a Psicologia e a Biologia, falando em parte por considerar que os filósofos foram induzidos em erro ao avançarem à margem da biologia. Evidencia como sendo necessário ao conhecimento, para se compreender a “matéria” do espírito, dado o caráter único da consciência e a incapacidade do raciocínio para “perscrutar” os seus próprios mecanismos. Procura explicitar aspectos científicos e opiniões próprias da neurociência no limiar do conhecimento de forma como conhecemos, querendo levar o leitor a tomar conhecimento de algumas teses clássicas a respeito do espírito. Descreve-nos uma teoria Biológica (da Psicologia) de forma como conseguimos ser possuidores do espírito, ocupando-se de organização da matéria subjacente ao nosso espírito – os neurônios, as suas ligações e os seus padrões. Questiona-nos sobre: Que significa ter espírito, estar ciente de, estar consciente? Por que havemos de pensar que com a neurociência (estudo do cérebro) irá trazer-nos algo de novo acerca do nosso espírito? Por causa daquilo que já aprendemos: assim como descobrimos a forma como a matéria se organiza em termos de estruturação específica das coisas, devemos conseguir perceber a forma como outras estruturas semelhantes dão origem ao espírito. È disso que EDELMAN trata: estabelecer uma ligação entre aquilo que sabemos a respeito de nosso espírito, e aquilo que começamos, a saber, a respeito do nosso cérebro. Com o objetivo global de mostrar que é cientificamente possível compreender o espírito, descobrir a maneira como o espírito se relaciona com a matéria, em particular com a forma especifica de organização da matéria que lhe é subjacente. Toma como posição fundamental ao longo do livro que o espírito é um tipo especial de processo que depende de organizações especificas da matéria. Conclui que, ao analisarmos o nosso espírito, temos de ter em consideração quer o nosso parentesco quer as nossas diferenças relativamente às outras espécies. Uma dessas diferenças é que cada um de nós possui uma “alma” individual baseada na linguagem. No entanto, seja o que for que venhamos a descobrir a respeito das propriedades da linguagem, a triste realidade é que nem a psicologia nem a biologia permitirão a transmigração das almas. Temos que incorporar a biologia nas nossas teorias do conhecimento e da linguagem. Para conseguir isso, temos de desenvolver aquilo a que Edelman chama de epistemologia biologicamente fundamentada – uma explicação do modo como conhecemos e somos conscientes, à luz dos fatos da evolução e da biologia do desenvolvimento, onde o núcleo de qualquer ligação entre a psicologia e a biologia repousa, claro está, nos fatos da evolução. Foi Darwin quem primeiro reconheceu que a seleção natural devia poder explicar inclusive a emergência da consciência humana.
Partindo deste cenário, passaremos as considerações de modo sintético, a partir dos oitos textos desenvolvidos nos módulos do programa de Doutorado do Instituto Packter em Filosofia da Mente, sob a orientação da Profª Titular Mariluze Ferreira Andrade e Silva, procurando explicitar sobre a Filosofia da Mente, em enfoques dos vários filósofos da mente, objetivando investigar as contribuições dadas pela biologia e pela neurociência à Filosofia da Mente para o entendimento da relação corpo-alma-mente, enfocando a condição humana em situações existenciais de seus mundos possíveis.
Para compreender as mentes de hoje, temos de compreender as pressões e restrições evolutivas que lhes deram o feitio. Nossas mentes têm todas as capacidades imaginadas por Santo Agostinho; elas podem conter o mundo, como Emily Diakinsen teria escrito. Nós temos individualidade e somos nós próprios. Somos conscientes, temos sentimentos. Amamos e odiamos, conseguimos teorizar o universo e construir filosofias e valores éticos. Conseguimos inventar e desinventar deuses. Acima de tudo, somos seres sociais e, nossas mentes funcionam com significados, não com informações. Sob alguns aspectos a expansão das capacidades mentais, dos nossos ancestrais unicelulares até o homo sapiens, aconteceu pari passu com a evolução de…quê?. Não apenas do cérebro, mas do cérebro no corpo e ao mesmo tempo na sociedade, na cultura e na história.
Portanto, podemos concluir, que a mente humana se revela muito mais ampla de que precisaria ser para simplesmente acomodar a perspectiva de um perceptor e agente humano individual dentro do mundo. Ela não apenas pode conceber uma realidade mais objetiva como pode ampliá-la numa sucessão de etapas objetivas que já levaram muito além das aparências. E permite que diferentes indivíduos e partindo de pontos de vistas divergentes, convirjam para concepções que podem ser universalmente partilhadas.
Como acabamos de ver, a rede do cérebro (formada pela conectividade dos sistemas neuronais, no sistema nervoso central – Mapas cartográficos) é criada pelo movimento celular durante o desenvolvimento e pela expansão e ligação entre neurônios com numero crescente progressivamente, cuja estrutura anatômica e do sistema nervoso é alcançada através de uma série de acontecimentos ao longo do desenvolvimento cerebral na vida humana e animal, justificando sua categorização de forma dialética com o mundo, embora condicionado pelas leis da física, constituindo ainda um local não classificado, diante de sua diversidade a ser conhecida pela nossa mente (cérebro) numa morfologia evolutiva especifica, que interage a vários níveis, desde os átomos até os músculos, cuja complexidade e o número das ligações cerebrais são extraordinários. O cérebro é um exemplo de um sistema que se auto-organiza, pois, as estruturas dinâmicas do cérebro apresentam a propriedade sistêmica de terem memórias: as alterações prévias modificam as alterações seguintes de maneiras especificas e especiais. O comportamento do sistema nervoso é, em certa medida, auto-alimentado em ciclos: a atividade cerebral conduz ao movimento, o qual por sua vez provoca mais – sensações e percepções e mais movimento. As camadas e os circuitos entre eles – constituem o objeto mais complexo que conhecemos e são dinâmicos, modificam se continuamente.
No primeiro módulo desenvolvido no artigo, Como o Cérebro Visual pode interferir nas condições humanas? , o farmacologista Philippe Meyer, professor de Filosofia e História das Ciências na Faculdade de Medicina Necker, em Paris, com a citação: “A Biofilosofia consiste simplesmente em considerar a biologia moderna para meditar sobre as grandes incógnitas da condição humana” (Philippe Meyer) , procura ao se deter especificamente sobre a capacidade de olhar o mundo, propor elos entre a física e a psicologia, oferece-nos uma leitura desafiadora para neurobiólogos e filósofos, enfocando questões como o pensamento, a memória e a linguagem. O autor considera a biologia moderna essencial para meditar sobre as grandes incógnitas da condição humana, entre elas a capacidade do conhecimento daquilo que chamamos de realidade – cuja varias maneiras de como enxergá-la (o) (o mundo que nos cerca), o objeto em si mesmo e aquilo que nós vemos, existe uma imensa distância, motivada pela complexidade dos níveis neuronais e moleculares, o cérebro visual, que procede a interferências nas condições humanas, em parte conhecidas pela psicofisiologia e pela neurobiologia, e também por variações psicológicas e filosóficas, que propiciam reflexões sobre os resultados dessas pesquisas desenvolvidas pela Biologia moderna e a neurociência apontada, que é possível compreender que as representações dos mundos possíveis de uma pessoa, dependem, em parte pelo cérebro visual; diante a complexidade do objeto, ilustrado pelo cérebro humano (particularmente pelo cérebro visual), cujo mecanismo pode achar-se além das capacidades máximas de apreensão, diversificada, que a imagem mental dos objetos que nos cercam seja a mesma para todos os homens e que uma visão objetiva do universo tenha um sentido; e, que o cérebro dos homens imponha à realidade conceitos que não tenham nenhuma relação com ela. Expressa então o seu desejo de difusão dos estudos de biofilosofia, moderna área de conhecimento voltada para o relacionamento das ciências humanas e sociais, com as clínicas neurológicas, psicológicas e filosóficas (Filosofia Clínica), estimulando o diálogo entre as ciências biológicas, exatas e humanas. Nessa perspectiva, tópicos como a relação entre o cérebro e a matéria, a fenomenologia da percepção das cores, os elos entre a visão inconsciente e subconsciente e as flutuações fenotípicas (ou seja, individuais, que nascem ao mesmo tempo de diferenças superficiais do programa genético comum e de influências adquiridas, ligadas ao meio e à aprendizagem) da percepção sensível, são objeto de reflexão, sempre numa óptica em que o raciocínio filosófico e materialidade físico-química da linguagem neuronal caminham lado a lado, tanto no processo de análise/pesquisa, na intervenção do cérebro visual nas condições humanas, como no posicionamento do individuo na interpretação de seu contexto histórico-cultural.
Portanto, podemos concluir com NAGEL, que uma visão ou forma de pensar é tanto mais objetiva – do que outra quanto menos depende dos aspectos específicos da constituição do individuo de sua posição no mundo ou do caráter do tipo particular de criatura que ela é. Uma forma de conhecer será tanto mais objetiva quanto menos ela dependa das capacidades subjetivas especificas. Podemos pensar na realidade como um conjunto de esferas concêntricas que se revelam progressivamente á medida que aos poucos nos afastamos das contingências do eu. Podemos aumentar nosso conhecimento do mundo acumulando informações que se encontram num determinado nível – pela observação extensiva a partir de certo ponto de vista e formarmos uma nova concepção que inclua uma apreensão mais imparcial de nós mesmos, do mundo e da nossa interação com ele.
A versão mais comum do dualismo é chamada de interacionismo. O interacionismo acrescenta à tese dualista a afirmação de que a mente e o corpo, embora diferentes, interagem causalmente entre si. Essa versão do dualismo foi defendida pelo filósofo francês do século XVII Descartes e representa a visão de senso comum sobre o assunto. Outro filósofo clássico que apresentou uma concepção dualista como essa foi Platão. Muitas religiões também adotam concepção semelhante, ao afirmar que o ser humano, além do corpo possui uma alma e que essa é imaterial e imortal.