A Amazon inaugurou na última semana três novos centros de distribuição no Brasil, na maior expansão da empresa no país em oito anos.
Embora o mercado de comércio eletrônico ainda esteja concentrado nas regiões Sul e Sudeste, outros centros começam a crescer e a chamar a atenção das plataformas de comércio.
A Amazon registrou prejuízo líquido de US$ 2,0 bilhões no segundo trimestre deste ano, ou US$ 0,20 por ação diluída. Em igual período do ano passado, a empresa havia registrado lucro de US$ 7,8 bilhões, ou US$ 0,76 por ação.
As vendas líquidas da Amazon chegaram a US$ 121,2 bilhões no segundo trimestre, de US$ 113,1 bilhões em igual intervalo de 2021. Excluindo-se o impacto desfavorável de US$ 3,6 bilhões por causa do câmbio no período, o crescimento líquido nas vendas foi de 10% na comparação anual, apontou a empresa.
Assinantes do Amazon Prime têm frete grátis, acesso aos serviços de streaming (Prime Vídeo), de música, além de revistas, jogos e alguns livros.
A Amazon, gigante americana de comércio eletrônico, abriu três centros de distribuição no Brasil em dois meses (setembro e outubro). O investimento em logística é para tentar atender a pressa dos novos consumidores de produtos online. Eles querem receber as compras no mesmo dia. A Amazon promete entregas entre um e três dias. Atraso em entregas é uma das principais reclamações de consumidores contra a empresa.
Essas varejistas também acabam investindo no modelo “cross-docking”, que são como centros de distribuição menores, que funcionam como entrepostos. A Magazine Luiza é notável neste modelo, possuindo 246 cross-dockings enquanto o Mercado Livre conta com 20.
De acordo com Gouvêa de Souza, a Amazon estava atrasada na logística em relação a suas concorrentes locais. "Agora, ela está de fato acelerando para poder se equiparar com o nível de serviço oferecido pelas líderes locais."
O centro de distribuição mais recente é o de Itaitinga (CE), inaugurado no fim de outubro. É o 12º centro da Amazon no país. No início do mesmo mês, a empresa abriu um centro em Cabo de Santo Agostinho (PE), com 41 mil m² e que emprega 860 pessoas. Os dois centros logísticos ampliam a aposta da empresa no Nordeste.
No ano passado, foram inaugurados quatro centros de distribuição, um deles com mais de 100 mil metros quadrados. A empresa não abre os valores que foram investidos nos centros de distribuição.
Com essas inaugurações, a empresa chega a oito centros de distribuição de produtos no Brasil. O primeiro foi aberto em janeiro de 2019, em Cajamar, na Grande São Paulo.
É o caso do Nordeste e do Centro-Oeste. "A chegada de concorrentes em uma região melhora o nível de serviço oferecido e levanta as expectativas do consumidor", diz o especialista.
Hoje a Amazon emprega mais de 6.300 pessoas diretamente em sua área de Operações e espera gerar milhares de vagas temporárias para a época de Black Friday e Natal. Neste ano, foram abertas 2.400 vagas fixas na divisão de operações.
Em 2020, a Amazon tinha apenas um centro de distribuição, ou seja, o número cresceu 1100% desde então, para 12 centros de distribuição. Os tamanhos estão entre 30 mil e 50 mil metros quadrados, distribuídos em sete estados.
A Amazon busca outras soluções de entrega e logística, com inspiração vinda de outros países. "A Amazon já se expandiu muito pelo mundo. Vários países têm complexidades similares ao Brasil. A Índia, por exemplo, é um país mais complicado que o Brasil", afirma Pagani.
Além de realizar as próprias entregas, a Amazon também investe em oferecer esse serviço para vendedores parceiros, o chamado marketplace. Ou seja, esses vendedores podem usar os centros de distribuição e a estrutura de entrega da Amazon por um pagamento.
No mês em que o ecommerce se prepara para a Black Friday, o executivo da Amazon no Brasil diz que sua preocupação maior hoje é garantir entrega e estoque. “Me preocupo menos com crescimento e mais em ter orgulho de que a gente prometa e consiga entregar.”
Para o Mercado Livre, as maiores queixas são estorno do valor pago, atraso na entrega e propaganda enganosa, enquanto no Magazine Luiza as reclamações são de atraso na entrega, produto não recebido e estorno do valor pago.
A maior quantidade de centros de distribuição auxilia a Amazon na sua operação logística, abrangendo mais regiões no Brasil e com posições mais estratégicas. Assim, os produtos acabam chegando em menores prazos de tempo nos domicílios.
A inauguração dos novos centros de distribuição, segundo Szapiro, está alinhado à necessidade de atender essa base crescente de consumidores que usam o serviço e esperam que a entrega ocorra rapidamente.
"O mercado brasileiro de comércio eletrônico mudou muito nos últimos dois, três anos. Primeiro pelo crescimento acelerado na pandemia, mas principalmente porque o consumidor mudou, passou a ter consciência de produtos, marcas e canais disponíveis", diz Marcos Gouvêa de Souza, especialista em varejo e diretor-geral e fundador da consultoria GS&Gouvêa de Souza.
Essa proximidade com o cliente é a obsessão da Amazon, diz Szapiro. Segundo ele, a estratégia da empresa para o Brasil tem abrangência nacional, e a abertura dos novos galpões dará capilaridade às entregas.