O caso do menino Henry Borel, de 4 anos, que morreu no dia 8 de março, no Rio de Janeiro, continua sendo investigado pela Polícia, que busca saber as circunstâncias da morte da criança.
O UOL ainda apurou que governador em exercício no Rio, Cláudio Castro (PSC), recebeu um telefonema do vereador Dr. Jairinho horas após a morte de Henry, enteado do parlamentar.
No documento, a perícia constatou múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores; infiltração hemorrágica na parte da frente, lateral e posterior da cabeça; edemas no encéfalo; grande quantidade de sangue no abdômen; contusão no rim à direita; trauma com contusão pulmonar; laceração hepática (no fígado); e hemorragia retroperitoneal.
Monique gritou pelo namorado. No trajeto para o hospital, a mãe realizou procedimento boca a boca, recomendado pelo médico, mas o menino não respondeu. Questionado do motivo pelo qual o vereador, como médico, não ajudou a reanimar a criança, ele alegou que a última vez que tinha feito massagem cardíaca tinha sido em um boneco durante a faculdade.
Além disso, o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio) também está investigando o fato de Jairinho não ter prestado os primeiros socorros no garoto e ter pedido para que Monique fizesse respiração boca a boca na criança. O Cremerj informou que "está acompanhando os fatos e tomará todas as medidas cabíveis."
Em depoimento, a mulher disse que no dia 7 (domingo), às 15h47, mandou uma mensagem de texto ao vereador: "Estou cansada de você!". Em resposta, às 01h47, do dia 8 (segunda), o parlamentar respondeu: "Pelo amor de Deus".
Na quarta-feira (24), Rosângela Medeiros, mãe de Monique, relatou aos policiais que era muito próxima do neto e que a criança costumava dormir em sua casa, em Bangu, de três a quatro vezes por semana. Além disso, era comum que os avós passassem algumas noites na residência do casal, na Barra da Tijuca.
No depoimento, que durou cerca de 5 horas, a menina, que não teve o nome divulgado, na presença de um psicólogo, contou que era agredida frequentemente por Jairinho há 8 anos. Mesmo que o caso tenha sido registrado na DCAV, a delegacia da Barra da Tijuca, que investiga a morte de Henry, também está analisando o conteúdo da oitiva.
A Polícia Civil abriu uma investigação para apurar a morte do menino e, no dia 17, Jairinho e Monique Medeiros prestaram o primeiro depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca). Na ocasião, a mulher disse acreditar que o filho pode ter acordado, ficado em pé em cima da cama e se desequilibrado ou tropeçado no encosto da poltrona, fazendo com que ele caísse no chão.
Ainda em depoimento, Monique relatou que Jairinho dormiu e que, por volta de 3h30, ela levantou e acordou o parlamentar. Nesse momento, o vereador foi ao banheiro e, ao voltar para o quarto, a mãe encontrou o filho no chão já desacordado.
Uma ex-namorada de Jairinho afirmou em depoimento na terça-feira (23) que ela e a filha foram agredidas pelo político há cerca de oito anos, quando os dois mantinham um relacionamento. A testemunha - que não teve o nome divulgado - detalhou, por cerca de seis horas, as violências sofridas pelas duas. Segundo ela, as agressões não foram denunciadas por medo de retaliações.
"Eu passei os piores dias da minha vida com ele [Jairinho]. Hoje não consigo olhar no olho da minha filha por tudo que ele fez e eu não vi. Eu me culpo todos os dias da minha vida", finalizou.
Rosângela, empregada doméstica de Jairinho e Monique, também foi ouvida e contradisse a versão dada pela mãe do garoto. A trabalhadora falou que foi avisada a respeito da morte de Henry no dia que foi trabalhar. Quando foi ouvida pela polícia, na semana passada, Monique relatou que a limpeza do apartamento foi feita pela funcionária — prejudicando a perícia — já que ela não tinha conhecimento do ocorrido e que chegou a dar folga para ela na hora do almoço.
Ontem, a Polícia Civil realizou uma operação para cumprir quatro mandados de busca e apreensão sobre a morte de Henry. Agentes foram a quatro endereços ligados ao pai, à mãe e ao padrasto da vítima.
De acordo com as investigações, na madrugada do dia 8, o médico e vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), padrasto de Henry, e a namorada dele e mãe da criança, Monique Medeiros, levaram o menino ao Hospital Barra D'Or, na Barra da Tijuca, onde relataram que a criança apresentava dificuldade respiratória. O casal então ligou para o pai do garoto para relatar o ocorrido.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou, na terça-feira (30), uma perícia complementar no apartamento onde Henry Borel passou os seus últimos momentos de vida. A investigação ainda tenta recuperar as mensagens apagadas dos celulares de Jairinho e Monique Medeiros. Os 11 aparelhos foram apreendidos durante a operação que cumpria quatro mandados de busca e apreensão, ocorrida no dia 26 de março.