A figura central de uma das histórias mais célebres da Grécia Antiga, Narciso é um jovem que ficou eternizado pela beleza e também pela vaidade. Apaixonado pelo próprio reflexo, que via nas águas de um lago, ele acabou morrendo nas margens.
Como dizia o sábio pensamento latino: Orandum ut sit, mens sana in corpore sano; quer dizer, “há que fazer oração para ter uma mente sã num corpo são”.
Assim, quando Narciso foi novamente ao lago para refrescar-se, debruçou-se sobre as águas resplandecentes e viu um belo jovem sob ele. Ele nunca houvera visto seu próprio reflexo, e não fazia idéia que aquele jovem era ele mesmo. Apaixonou-se imediatamente pelo rapaz do lago e pensou ser recíproco o seu sentimento. Assim que ele sorriu, o rapaz também sorriu para ele. Quando ele tentou alcançar o jovem, os braços refletidos estenderam-se em sua direção. Mas quando tentou toca-los, as águas ondularam-se e a imagem desapareceu. Ele chorou e lamentou até perceber que se apaixonara por seu próprio reflexo. Mas já era tarde. Ele estava tão profundamente apaixonado que tudo o que podia fazer era ficar onde estava olhado para si mesmo até o esgotamento.
Assim continuamos procurando e nos apaixonando por nossos reflexos, por nossos semelhantes e iguais, enquanto tentamos afastar todos aqueles que que não tem a nossa cor, os nossos costumes, nossa raça, nosso nivel cultural ou poder economico, e convicções politicas e religiosas. E enquanto vamos em busca dos nossos reflexos, ampliamos mais nossa sombra, entorpecemos nossos sentidos.
No narcisismo primário, crianças e jovens acreditam ser superiores e investem toda sua libido em si mesmas. Entretanto, com o passar do tempo, essa libido é dirigida para fora, para outros objetos que não o próprio indivíduo.
E se o outro é como ele outro Narciso, é espelho contra espelho: o olhar que mira reflete o que o admira num jogo multiplicado em que a mentira de Narciso a Narciso inventa o paraíso.
Narciso é incapaz de ver o efeito que provoca nos outros; sabe que atrai aduladores e admiradores e Eco transforma-se no espelho do negligente Narciso. Ele se julga intocável; ela alimenta o desejo de estar em seus braços.
Eco ficou chorando ao lado do corpo dele, até que a noite a envolveu. Ao despertar, Eco viu que Narciso não estava mais ali, mas em seu lugar havia uma bela flor perfumada. Hoje, ela é conhecida pelo nome de “narciso”, a flor da noite.
A crueldade de Narciso nesse caso não constituiu uma exceção. Ele desprezou todas as ninfas, como havia desprezado a pobre Eco. Certo dia, uma donzela que tentara em vão atraí-lo implorou aos deuses que ele viesse algum dia a saber o que é o amor e não ser correspondido. A deusa da vingança (Nêmesis) ouviu a prece e atendeu-a.
O conhecimento mal direcionado só alimenta o individualismo e a necessidade da ribalta. Quando nos deixamos levar pela excessiva vaidade e orgulho, tornamo-nos refens de nossa auto imagem. Magnetizado por ela, passamos a usar nossa luz de forma mesquinha e presos nessa miragem, perdemos a capacidade de irradiar nossa luz, afastando-nos da essencia, entusiasmamos pelo palco, pelo aplauso e pelo falso elogio. Somente a dura lição de cronos, o tempo, mostra-nos a verdade, muitas vezes, tardiamente.
Ao longo dos séculos, têm sido incontáveis as representações e reinvenções do mito, nas mais variadas épocas e disciplinas. A figura é uma presença assídua na literatura desde Ovídio; um dos exemplos mais famosos é a peça de teatro Narciso ou o Auto-Admirador (1752) de Jean-Jacques Rousseau.
a) os “plebeus” podiam casar-se com membros das famílias patrícias, forma pela qual conseguiam quitar suas pendências de terra e dinheiro, conseguindo assim certa ascensão social.
Ela pediu à deusa que Narciso se apaixonasse intensamente por alguém, mas que jamais pudesse ter o amor correspondido. A maldição teve êxito, no entanto, ele se apaixonou pela sua própria imagem.
Eco era uma ninfa do lago que foi expulsa do Olimpo por Hera, devido aos seus ciúmes. Antes, ela falava muito e distraia a deusa com as suas conversas, enquanto Zeus se afastava para traí-la. Furiosa, Hera resolveu castigá-la e determinou que apenas poderia a se comunicar por repetições.
Preocupada, a mãe resolveu consultar o profeta Tirésias, um idoso que era cego, mas conseguia enxergar o futuro. Ela perguntou se a vida do filho seria longa. O oráculo respondeu que sim, contanto que ele nunca visse o próprio reflexo, já que seria a sua perdição.
Viu-se ao espelho (o reflexo da água num lago, pois tudo era natural) e contemplou-se com satisfação e disse para si mesmo: “sou mesmo perfeito”.
Um dia, Narciso estava caçando com seus amigos e acabou por separar-se deles. Ele desviou-se para uma clareira onde havia um cintilante lago. Eco encontrava-se sentada próxima ao lago e o avistou, apaixonou-se imediatamente.
Quando Narciso inclinou seu corpo para bebê-la, ele se deparou com sua imagem refletida na fonte. Ele ficou encantado com a imagem que via a ponto de não conseguir parar de admirá-la, não sabendo que era ele mesmo.
2. [UFSCAR]
“Quando a notícia disto chegou ao exterior, explodiram revoltas de escravos em Roma (onde 150 conspiraram contra o governo), em Atenas (acima de 1.000 envolvidos), em Delos e em muitos outros lugares. Mas os funcionários governamentais logo as suprimiram nos diversos lugares com pronta ação e terríveis torturas como punição, de modo que outros que estavam a ponto de revoltar- se caíram em si.” (Diodoro da Sicília, sobre a Guerra Servil na Sicília. 135-132 a.C.)
Narciso, antes de ser uma personagem da mitologia grega, era simplesmente um rapaz escorreito, não se pode negar; tinha uma cara de príncipe de conto de fadas, usava o cabelo comprido ou curto conforme a ocasião, vestia com gosto e maquilhava-se só com produtos naturais, absolutamente naturais.