O QFA – questionário de frequência alimentar é uma ferramenta a partir da qual o paciente é apresentado a uma lista de alimentos e convidado a contar com que frequência cada item é consumido.
A inclusão da informação do tamanho de porção consumida dentro do QFA vem sendo um tópico muito discutido, pois os autores verificam que a coleta desta informação não contribui significativamente para melhorar a validade dos QFAs12. Existem três formas possíveis de se apresentar os questionários: a primeira é a que prevê a coleta da informação sem a adição do tamanho de porções, ou seja, um questionário simples (qualitativo). A segunda possibilidade é especificar o tamanho de uma porção de referência como parte da pergunta. Assim, por exemplo, a pergunta seria "com que freqüência uma xícara de leite é consumida?", ao invés de se perguntar "quantas vezes o leite é consumido?". Para alimentos que vêm em unidades, como um ovo, uma banana, um pão, esta especificação adicional pode proporcionar clareza à questão. A terceira possibilidade seria se incluir um espaço adicional para cada alimento, no qual o entrevistado descreveria o tamanho de porção usualmente consumida, normalmente com a ajuda de instrumentos visuais.
Desde a década de 60, o método de freqüência alimentar tem sido considerado uma ferramenta simples, econômica e capaz de distinguir os diferentes padrões de consumo entre os indivíduos4.
A relação de causalidade é forte quando se observa o consumo elevado de um determinado nutriente, principalmente quando se tem mais de um alimento fonte e particularmente quando as fontes se apresentam de maneiras diferentes30.
A partir dos estudos identificados nesta revisão foi possível observar diferenças inter-regionais nas publicações; diferenças metodológicas, tanto no desenvolvimento do questionário (elaboração das listas de alimentos, definição do tamanho das porções, tempo precedente de interesse, categorias para determinar a frequência de ingestão) como na validação (tempo da aplicação do método de referência, utilização ou não de dados de-atenuados e/ou ajustados pela energia); e ausência de instrumentos específicos e validados para crianças menores de cinco anos, sendo adultos e adolescentes os grupos populacionais mais contemplados nos estudos de validação. Dessa forma, verifica-se a necessidade da condução de estudos que supram essas lacunas. O rigor metodológico e os resultados estatísticos satisfatórios observados nos estudos desta revisão garantem a adequação dos QFCA validados para as respectivas populações alvo. Há que considerar que essa adequação está condicionada àqueles nutrientes com alta correlação, indicada, principalmente, para carboidrato, fibras, cálcio e vitamina C, além da energia.
IDepartamento de Nutrição; Faculdade de Saúde Pública; Universidade de São Paulo. Av. Dr. Arnaldo, 715 - Cerqueira Cesar; 01246-904 - São Paulo - SP; [email protected]
Em certo sentido, a associação pode ser confundida pela presença de outros nutrientes ou substâncias. Ou seja, mesmo que tenha sido observada uma associação somente com um alimento fonte, outros fatores contidos em tal alimento poderão ter relações similares com a doença. A hipótese, por exemplo, de que a ingestão de álcool possa causar câncer de mama foi reforçada pela observação não apenas da associação entre ingestão de álcool e câncer de mama, mas também por associações independentes com o consumo de cerveja e bebidas destiladas, fazendo com que seja menos provável que algum outro fator, além do álcool nestas bebidas, seja responsável pelo incremento do risco da doença (câncer de mama)31.
O QFA resultou em 83 itens alimentares, distribuídos em minimamente processados, processados e ultraprocessados. O ano anterior foi escolhido como tempo para estimar o consumo dos alimentos, e as opções de frequência variaram de “nunca” até “10 vezes”. O instrumento inclui orientações para preenchimento e colhe dados sobre o tamanho das porções (pequena, média, grande e extragrande), bem como informações complementares sobre as preparações culinárias. Registrou-se um percentual elevado de pessoas com excesso de peso (44,1%).
Este trabalho aborda de forma sistemática o delineamento e os procedimentos metodológicos necessários para a realização de estudos de validação de Questionários de Freqüência Alimentar QFA.
Por fim, Salvo & Gimeno44 avaliaram a reprodutibilidade e a validade de um questionário de freqüência alimentar com 97 itens alimentares para a população adulta com excesso de peso, utilizando como referência o recordatório 24 horas, aplicado três vezes com intervalo de 15 dias.
O questionário de freqüência alimentar (QFA) é considerado como o mais prático e informativo método de avaliação da ingestão dietética e fundamentalmente importante em estudos epidemiológicos que relacionam a dieta com a ocorrência de doenças crônicas1-3.
Neste sentido, o termo "validade" refere-se ao grau com que um instrumento representa bem um objeto medido15. Diz-se, então, que uma medição é validada quando está livre de erros sistemáticos12,16. Portanto, estudos de validação estimam parâmetros estatísticos desconhecidos dentro de um modelo que especifica relações entre a medição da ingestão e o consumo verdadeiro17.
As informações obtidas pela soma dos registros alimentares da amostra representaram 153.617 dados alimentares, ou seja, todos os alimentos consumidos pela amostra nos dois dias de registro. Optou-se por somar os alimentos registrados nos dois dias com o objetivo de incluir o maior número possível de alimentos mais frequentemente consumidos pela população em questão. Foram identificados, então, 1.149 alimentos, em suas diversas formas de preparo (por exemplo, “frango cozido” e “frango assado”).
Após definição de quais estudos seriam incluídos com base na busca eletrônica e na consulta às listas de referências bibliográficas, foram realizadas buscas específicas, nas mesmas bases de dados, pelo nome de autor, definido considerando sua participação como primeiro autor e/ou aqueles que constavam como autores de, no mínimo, dois artigos. Os trabalhos assim identificados foram submetidos aos mesmos procedimentos utilizados naqueles identificados por meio das listas de referências bibliográficas.
Os resultados do presente estudo mostram que adultos e adolescentes representam os grupos mais contemplados nos estudos de validação de QFCA realizados no Brasil, enquanto estudos específicos para crianças menores de cinco anos não foram encontrados. Isso poderá dificultar que outros pesquisadores desenvolvam trabalhos sobre frequência alimentar e saúde nesse grupo populacional, a não ser que os mesmos se proponham a desenvolvê-los e validá-los.
Avaliar a ingestão alimentar é um desafio aos pesquisadores devido à complexidade envolvida, sendo, para isso, usado em estudos epidemiológicos o Questionário de Frequência de Consumo Alimentar (QFCA). Este artigo identificou os estudos que desenvolveram e/ou validaram QFCA no Brasil, analisando os métodos e os principais resultados. Foram consultadas as bases de dados PubMed, Lilacs e SciELO, e incluídos artigos publicados até 2013 sobre o desenvolvimento e/ou validação do QFCA na população brasileira, os quais foram caracterizados e analisados de acordo com: i) as principais características metodológicas do processo de elaboração e validação e ii) os principais resultados relacionados com a validação. Foram revisados 41 artigos, dos quais seis tratavam do desenvolvimento do QFCA, 17 da validação e 18 de ambos. Houve diferenças inter-regionais nas publicações e metodológicas tanto na elaboração dos questionários quanto na validação. Nos estudos de validação do QFCA, adultos e adolescentes foram os grupos mais contemplados, não sendo encontrados para crianças menores de cinco anos. O rigor metodológico e os resultados estatísticos satisfatórios observados garantem a adequação dos QFCA, validados para as respectivas populações alvo, com altas correlações para energia, carboidrato, fibras, cálcio e vitamina C.
O procedimento de validação descreve a identificação dos erros de medição e não o método do qual se derivam as medidas. A validação, portanto, considera o contexto dentro do qual o método será usado18.