A mensagem que o filme busca contar é clara: a solidariedade, no ser humano, não surge naturalmente. Mesmo sabendo que porções certas, na medida, permitiriam que outros colegas comessem melhor, os prisioneiros se esbaldam. Comem o máximo possível.
Muitas pessoas estão associando O Poço em uma metáfora à religião. A plataforma é o purgatório, onde quem está em cima, perto do céu, está do paraíso, e quem está nos níveis mais embaixo, estão perto do inferno, onde sofrem e morrem de fome. E as pessoas podem transitar entre esses níveis.
O Poço, filme espanhol dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia e disponível na Netflix, utiliza o roteiro da prisão para escancarar o egoísmo humano dentro de uma óbvia divisão de classes. Se quem está no topo economizasse comida, sobraria para a cela seguinte e assim todos conseguiriam comer, pelo menos um pouco.
Por que a garota é a mensagem? Goreng entende que a prisão representa o que há de mais egoísta dentro do seu humano. Ao salvar a filha de Miharu, ele entende que uma vida que está em risco pode ser salva se fizermos uma ação de solidariedade.
Em vários momentos, os personagens soltam frases sobre como o lugar funciona - mensagens que, claro, também servem de reflexão para quem está assistindo. Quando Goreng sugere a divisão de recursos, seu companheiro pergunta se ele é comunista. "Os de cima não ouvem os comunistas", alerta.
Nem tudo em O Poço (disponível no catálogo da Netflix) é óbvio, claro, mas a metáfora parece ser: é um filme sobre a questão de classes e o comunismo como solução. É óbvio, como ressalta constantemente Trimagasi (Zorion Eguileor), e ele explica: os de cima são os de cima e os de baixo são os de baixo.
Ao conhecer Imoguiri (Antonia San Juan), que trabalhou anteriormente para o governo, Goreng acredita que existem 200 níveis, mas na conclusão do filme, 333 níveis são revelados, metade de 666.
No meio, um poço pelo qual passa um elevador trazendo alimento. Ele para em cada andar por um tempo determinado, dois minutos apenas. ... À medida que o elevador desce, vai sobrando cada vez menos. A partir de certo andar, as pessoas têm de se contentar com restos.
O único alento, e também o maior medo de quem vive no Poço, é que cada 30 dias as duplas trocam de lugar aleatoriamente. Quem está no nível um pode ir parar no 147, e quem está no 147 pode ir para o nível um. Essa dinâmica força com que todos os presos passem pelas mais diferentes situações.
Está todo mundo assistindo a O Poço, novo filme original da Netflix. Como muita gente não entendeu a trama, a própria plataforma de streaming resolveu tentar explicar. ... Bem, de acordo com a Netflix, o filme é mesmo uma crítica ao capitalismo — mas também não propõe nenhuma solução ou outro regime que seria melhor.