O homem cordial seria a contribuição brasileira para a humanidade, na perspectiva de Sérgio Buarque. Tinha como virtudes a hospitalidade, a generosidade e a expansividade emocional, características e legado da vida rural e colonial brasileira.
"Quando dizem que o brasileiro é cordial, cordial não significa que é gentil, que é sentimental. Porque do coração vem a bondade, a gentileza, mas vem também o ódio e a vingança — e o brasileiro é as duas coisas", disse.
Em linhas gerais, o homem cordial seria o retrato mais fiel do brasileiro. Ele seria de origem patriarcal (o pai como detentor de direito de vida e morte sobre todos), de herança rural; um homem dominado pelo coração, ou seja, muito afável por um lado, mas, por outro, também muito impulsivo e por vezes até violento.
Segundo a historiadora Lilia Schwarcz, essa afirmação teria assombrado Sérgio Buarque por toda sua vida, porque desvirtuou-se o conceito de "cordialidade" ao afirmar que o brasileiro seria, portanto, amigável e bondoso. ... Logo, o brasileiro seria aquele que prioriza os laços emotivos frente à razão.
Raízes do Brasil é um livro do historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda. ... Publicada em 1936, Raízes do Brasil aborda aspectos centrais da história da cultura brasileira. O texto consiste de uma macrointerpretação do processo de formação da sociedade brasileira.
Influenciado por esse método de análise, Sérgio Buarque de Holanda desenvolveu o conceito do homem cordial, um modelo de análise do brasileiro em suas relações sociais e políticas. Sua interpretação histórica do Brasil foi e ainda é a narrativa hegemônica sobre o que é o Brasil nas ciências humanas.
O homem cordial era, segundo Sérgio Buarque, o brasileiro nato que preferiria privilegiar os seus em detrimento de contribuir com o público. Essa complicada fórmula teria dado origem ao povo brasileiro: estruturalmente corrupto.