RESUMO: Thomas Hobbes apresenta o medo como uma paixão fundamental para a origem do Estado. Por tendência natural, o homem prefere a liberdade do estado de natureza à vida em sociedade. ... Com contrato que estabelece o Estado o medo recíproco é neutralizado e os homens convivem em paz.
A paixão política do medo é o componente passional que pode compatibilizar as razões da paz com a paixão pela paz. Ao fazer parte de um cálculo pró-paz a paixão-medo marca presença na origem das obrigações contratuais e da obediência civil. Contudo, o ato de sentir medo não se encontra confinado ao próprio medo.
A paixão política do medo está na base, portanto, da fundação do estado político moderno. É declaradamente uma paixão positiva posicionada de forma estratégica para contrapor-se a uma série de paixões negativas (cobiça, inveja, raiva, etc.) que obstaculizam o êxito dos acordos necessários ao surgimento da civilização.
Ora, num tal estado, uma paixão haverá de necessariamente predominar sobre todas as outras: o medo. ... Mas não é nessa forma simples que o medo será a paixão dominante no estado de natureza.
Para Hobbes, o medo da morte faz com que os indivíduos se unam em torno de um acordo ou pacto social e passem a reconhecer a autoridade de um conjunto de regras, de um regime político ou de um governante.
Na visão de Hobbes, o estado surge como uma instituição que assegura uma dada restrição à liberdade que cada indivíduo impõe a si mesmo, dentro de uma coletividade, como maneira de cessar o estado de guerra de todos contra todos.
Grande defensor do absolutismo, Hobbes defende essa forma de governo utilizando argumentos lógicos e estritamente racionais (excluindo quaisquer preceitos ou argumentos religiosos). Sua teoria baseia-se na ideia de que é necessário um Estado Soberano para controlar a todos e manter a paz civil.
Para Thomas Hobbes, a única função do Estado é manter a paz entre os cidadãos. Cada homem, ao querer possuir o que entende ser necessário para si mesmo, pode entrar em conflito com outro que poderá querer a mesma coisa. ... Sem Estado não há civilização, não há cidadania, não há paz.
A tese é de que as paixões levam os homens a serem lobos uns para os outros no estado de natureza, assim como elas os acompanham na instituição do Estado civil, além de atuarem decisivamente na sustentação e possível dissolução desse Estado.
Como resultado, enquanto que Hobbes destaca o medo, a glória e a esperança, Rousseau destaca a piedade, o amor de si e o amor próprio, sendo a última a origem das paixões nocivas que suscitam o conflito entre os homens.