O jovem, a partir dos 12 ou 13 anos, está passando por um período de instabilidade psicológica natural. De acordo com a psicopedagoga Nadia Bossa, professora da Universidade Santo Amaro, em São Paulo, nesse período ele revive conflitos típicos da infância.
Vulnerabilidade, ajustes, emoções intensas, reatividade, hipersensibilidade emocional, busca incessante por novas emoções, comportamento impulsivo e procura contínua por uma identidade – essas são algumas experiências que compõem a vida de um adolescente.
Em outras palavras, nessa fase o jovem é governado por um cérebro onde os sentimentos ganham grande intensidade e a razão fica em segundo plano. Esse é o motivo pelo qual, entre outras coisas, eles sempre buscam atividades que causem emoções fortes, sem analisar o risco a que estão se submetendo.
Com o amadurecimento do córtex pré-frontal, o adolescente vai se aproximando do mundo adulto, embora de maneira não muito suave. "Nessa fase, começam a se desenvolver o comportamento autorreflexivo, a autorregulação e o raciocínio, levando a uma maior consciência crítica de si e dos outros", diz Berlim de Mello.
Em grande parte em razão de uma idiossincrasia do desenvolvimento do cérebro, os adolescentes sentem, em média, mais ansiedade e medo e encontram mais dificuldade em aprender a não ter medo do que as crianças ou os adultos.
Muitas vezes, os adolescentes mudam o jeito de se vestir, se dedicam a novos hobbies ou demonstram outros interesses que podem parecer estranhos para aqueles que o conhecem desde a infância; outras vezes, podem engajar em comportamentos de risco, como uso de substâncias, violação de regras e atitudes promíscuas, que ...
No cérebro, explica Louzada, a adolescência é uma etapa "tanto de mais vulnerabilidade quanto potencialidade". "É um período em que ganhamos algumas conexões neurais e perdemos outras, reforçando alguns circuitos. Construímos estruturas cerebrais que são importantes para toda a vida."
Intuitivamente, muitas pessoas acreditam que o desenvolvimento do cérebro estaria associado a um aumento linear em suas dimensões, que acompanharia a idade. No entanto, não é o que ocorre. As diferentes áreas do cérebro desenvolvem-se segundo trajetórias individuais, e aumentam ou diminuem de tamanho ao longo do tempo.