Aníbal Quijano* Esse eixo tem, portanto, origem e caráter colonial, mas provou ser mais duradouro e estável que o colonialismo em cuja matriz foi estabelecido. Implica, conseqüentemente, num elemento de colonialidade no padrão de poder hoje hegemônico.
O atual padrão de poder mundial consiste na articulação entre: 1) a colonialidade do poder, isto é, a idéia de "raça" como fundamento do padrão universal de classificação social básica e de dominação social; 2) o capitalismo, como padrão universal de exploração social; 3) o Estado como forma central universal de ...
A descolonização é geralmente, no âmbito político e histórico, entendido como o fim do período de dominação territorial das terras principalmente no Sul Global por potências europeias.
A colonialidade do ser (gênero e sexualidade) (MIGNOLO, 2003, 2010; MALDONADO-TORRES, 2007) pode ser definida como uma realidade do mundo moderno colonial, que faz com que se inferiorizem pessoas, logo, uma forma de se destituir a existência humana (RESTREPO; ROJAS, 2010).
No projeto colonial coube distinguir raças e etnias, em função da naturalização e legitimação da consolidação de estruturas de dominação e exploração. No primeiro momento, as novas categorias raciais são classificadas pelo sentido falacioso de superioridade biológica entre europeus e não europeus.
Enquanto o termo colonialismo tem seu entendimento limitado ao período específico da colonização, a colonialidade se refere ao vínculo entre o passado e o presente, no qual emerge um padrão de poder resultante da experiência moderna colonial.
O eurocentrismo se configurou como sendo uma perspectiva de conhecimento que tem a Europa, os valores e modos de formação de conhecimento europeus como centro da elaboração sistemática epistemológica.
O pensamento decolonial é um pensamento que se desprende de uma lógica de um único mundo possível (lógica da modernidade capitalista) e se abre para uma pluralidade de vozes e caminhos. Trata-se de uma busca pelo direito à diferença e a uma abertura para um pensamento-outro.
O decolonial seria a contraposição à "colonialidade", enquanto o descolonial seria uma contraposição ao "colonialismo", já que o termo descolonización é utilizado para se referir ao processo histórico de ascensão dos Estados-nação após terem fim as administrações coloniais, como o fazem Castro Gómez e Grosfoguel (2007.
Mignolo, argentino, denuncia o que chama "geopolítica do conhecimento": os modos de conceber, produzir e transmitir saberes na modernidade-colonialidade que alçam a produção científica de base racionalista a conhecimento neutro e universal – mas em verdade eurocêntrico e dependente da expropriação e do apagamento de ...