Atualmente vemos um grande número de casais que preferem morar junto um tempo para depois oficializar a relação. Para alguns, é uma forma de ter a certeza de que querem assumir o compromisso, e até a fase da organização pode ser atraenta, preparando a decoração de casamento e pensando nas mil e uma possibilidades para o vestido de noiva. Já para outros o medo de ter um documento que os una fala mais alto. Uma pesquisa foi feita pela Universidade de Virgínia com dois grupos de casais, um grupo com os que moram juntos e outro com os que são casados. A conclusão que chegaram demonstra que o grupo de casados oficialmente, diante de uma situação de perigo, tinham menos estresse e receio tendo o companheiro por perto. Já os que moravam juntos expressavam muito mais estresse com ou sem o parceiro por perto.
Portanto, casar no papel pode ser a resposta para sentir essa segurança tão gostosa que só sente quem sabe que tem com quem contar. Além disso, casar com festa, nem que seja um mini wedding com as pessoas mais especiais é sempre uma alegria!
Muitos ainda ficam na dúvida em dar o passo pela maneira tradicional, dizer o "sim" oficialmente diante da família e cortar o bolo casamento e, justamente por isso, partem para outras formas de consagrar a união, mas isso não quer dizer que o amor é menor ou o relacionamento não é sério. Apenas não acham necessário formalizar de "forma jurídica". E você, acha melhor casar trocando votos com frases curtas de amor ou morar juntos?
Talita Aguado, 29 anos, pedagoga, conta que ela e o namorado decidiram ir morar juntos também por uma questão de redução de despesas. “Nós dois já morávamos sozinhos, na mesma cidade. Estávamos sempre juntos, em um apartamento ou no outro. Então chegamos à conclusão de que o mais sensato era morarmos, definitivamente, juntos”, diz.
O que acontece é que muitos casais se sentem mais seguros emocionalmente se não chamarem o “morar junto” de “casamento”, conforme discorre a psicoterapeuta Célia. “Caso a experiência não seja boa eles podem se separar sem carregar o peso de uma separação formal”, explica.
Seu interesse se centralizou no chamado “efeito de coabitação”. Segundo a pesquisa, os casais que apenas vão morar “sob o mesmo teto” quando comparados com os “casados de papel passado”, não são tão estáveis emocionalmente. Ainda afirma que os mesmos, se algum dia chegam a oficializar a união, estão mais propensos ao divórcio.
Célia Lima psicoterapeuta, especialista Personare destaca que o casamento em si – o ato de assinar papéis e fazer uma cerimônia (tanto faz se religiosa ou não) – é só a coroação do que já foi estabelecido. “Morar junto já é o próprio casamento: tudo já está sendo compartilhado, começando pelo espaço, passando pela divisão de tarefas e terminando com as despesas”, comenta.
Porém, sem levar em conta a questão religiosa – que, claro, sempre deve ser respeitada e acordada entre o casal –, nada é “errado” quando ambas as partes estão de acordo.
Célia Lima destaca que toda união precisa de acordos, é como um contrato. “Portanto, é muito prático e necessário que uma das primeiras questões a serem levadas em consideração seja a situação financeira do casal”, diz.
É fato que muita coisa muda na vida da mulher e do homem a partir do momento que eles decidem morar juntos. “Se esse casal ainda morava com os pais antes de tomarem essa decisão, eles vão ter que aprender a administrar o lar. Fazer compras, cozinhar, lavar as próprias roupas, pagar as contas da casa, dividir as despesas, são algumas situações novas com as quais vão se deparar”, lembra Célia Lima.
Morar juntos é ter um pilha de loiça para lavar, depois de um dia terrível de 10 horas de trabalho. E o outro cantar contigo para que, num karaoke com o detergente, o trabalho se torne divertido.
Claro que é praticamente impossível responder a esta pergunta já que cada casal possui suas particularidades. Mas, de forma geral, Célia Lima acredita que a partir do momento que as “casas se misturam”, homem e mulher, talvez, possam começar a conversar a respeito de morar juntos.
Fernanda relata que ela e o namorado também dividem todos os gastos. “Se, por um motivo ou outro, estamos um pouco mais ‘apertados’ naquele mês, tratamos de economizar. Deixamos de sair por um ou dois finais de semana e aí as coisas ‘entram no eixo’ novamente. Acho que o segredo é ter um bom diálogo com o parceiro, aí tudo tende a dar certo”, diz.
“Ambos são profissionalmente estáveis? Caso não sejam, é importante ter uma reserva que garanta o pagamento de aluguel e de todas as despesas da casa por alguns meses – três ou quatro, por exemplo. Problemas de ordem financeira são um estopim que pode detonar uma crise num casal ainda em formação”, destaca a psicoterapeuta.
Tu podes casar com todas as honras. Dar uma festa linda. Gastar as massas na Lua de Mel. Mudares-te com o teu marido ou esposa para um apartamento lindo, pronto, decorado, cheio de almofadas em cima da cama… Vocês podem ter-se casado – mas vão demorar muito para saber o que é morar juntos. Acho que existem casais que se casam com pompas, e talvez nunca tenham realmente morado juntos.
Quem mora junto geralmente é solidário. Casar não. Qualquer um casa. Para casar basta a assinatura e o champanhe. Casar leva umas horas. Morar juntos leva tempo. O tempo todo.
Precisamos entender que um casamento bem-sucedido pode ter significados diferentes para pessoas diferentes. Hoje em dia, os papéis de gênero que tradicionalmente atribuímos a homens e mulheres, o status parental e o contexto cultural e social dos indivíduos desempenham um papel importante na evolução dos relacionamentos ao longo do tempo. O que antes era um motivo de ruptura matrimonial pode agora ser uma oportunidade para evoluir e se adaptar às necessidades da sociedade moderna.
“Ou seja, quando ambos passam mais tempo na casa um do outro do que na própria casa; quando não veem sentido em dormir sozinhos; quando se pegam planejando a compra de um móvel que acomode as coisas de ambos; planejando uma viagem para daqui a meses; quando percebem que juntos vão economizar mais que morando em casas separadas… talvez seja esse o momento de conversar a respeito de morarem juntos”, exemplifica a psicoterapeuta.