O que esperar do clima em agosto? O oitavo mês do ano é o terceiro e último do trimestre do inverno climático, a despeito da estação fria terminar pelo critério astronômico apenas na segunda metade de setembro. O mês, assim, é o que costuma ter temperatura média mais alta no trimestre climatológico de inverno, sendo menos frio nas normais históricas que junho e julho.
Mantendo-se o ciclo, e este é um ponto em aberto, poderia haver uma incursão polar forte a muito forte na última semana de agosto. O modelo europeu não sinaliza tal tendência de ar gelado no final de agosto, mas o modelo norte-americano CFS aponta uma massa de ar polar de grande intensidade na última semana do mês.
Primeiramente, no extremo norte do país e no leste do Nordeste, as chuvas são provocadas por elementos que não oscilam muito de uma semana para a outra, portanto, pode-se concluir que a ocorrência de chuva será frequente com oscilação de intensidade, não havendo riso de estiagem.
Em relação à temperatura, a onda de frio que está prevista para o final dessa semana, contribui para a anomalia negativa no Mato Grosso do Sul e no sul do Mato Grosso. Vale prestar a atenção nos pequenos valores positivos no Sudeste e no Sul, que passam a idéia de, que mesmo com o frio intenso nos próximos dias, o restante do mês será mais quente.
Utilizando da mesma lógica, ao analisara a previsão (linhas vermelhas), vemos que o índice AAO entrará em uma tendência negativa, podendo atingir valores negativos históricos, o que contribui para o avanço de uma massa de ar polar intensa a partir desta quinta-feira (01). No decorrer da próxima semana a AAO passa a ter uma tendência positiva, o que contribui para a diminuição da frequência e da amplitude dos sistemas frontais no Centro-Sul.
Para o mês de agosto, são previstas temperaturas médias elevadas para o Norte, Nordeste, norte do Mato Grosso e centro-oeste do Mato Grosso do Sul, com valores acima de 24°C (indicado em laranja no mapa - veja figura 1b).
Agosto, pelos padrões históricos, costuma ter eventos de neve de maior intensidade que o mês de julho. Porto Alegre, por exemplo, teve seu histórico evento de neve no dia 24 de agosto de 1984.
A tendência é que a chuva comece a retornar entre a segunda e a terceira semana do mês com uma condição mais favorável para a chuva na segunda quinzena de agosto, contudo o aumento da precipitação não deve ser suficiente para evitar que agosto finalize com os índices de chuva abaixo da média na maioria das áreas do Centro-Sul do Brasil. Por conta da atmosfera mais instável na segunda quinzena, será o período com aumento de risco de temporais.
Já para o Centro-Sul, os sistemas precipitantes serão modulados pela Oscilação Antártica e a intensidade da chuva pelo Oceano Atlântico, como foi explicado no item anterior. Assim, se espera que as chuvas mais volumosas ocorram entre a primeira e a segunda semana, com a segunda metade do mês mais seca em todo o Centro-Sul.
No entanto, esses eventos de frio e chuva, apesar de contribuírem para elevar ou baixar a média, ocorreram em um curto período de tempo, podendo ser tratados como eventos extremos. A seguir são apresentados os fatores que estão influenciando o clima no Brasil.
O efeito da temperatura da superfície do Oceano Atlântico, se dá em como a precipitação ocorre quando um sistema frontal passa a atuar. Em outras palavras, podemos determinar a “qualidade” da chuva: mais persistente e volumosa ou de curta duração e baixo volume. Como as águas estão se resfriando na costa sul e mais aquecidas entre Santa Catarina e o estado do Rio de Janeiro, se esperam chuvas menos volumosas no Sul e volumes maiores entre o leste catarinense e o Rio de Janeiro, quando atuantes.
Já em Julho, as chuvas provocaram transtornos no leste do Nordeste, no estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul, sem falar na onda de frio no início do mês, que proporcionou neve no Sul e geadas de moderada a forte intensidade em todo o Centro-Sul.
No leste da Região Nordeste, as temperaturas deverão ser mais amenas devido a persistência de dias chuvosos, com temperaturas que vão variar entre 24 e 26°C (indicado em cinza no mapa – veja figura 1b).
O INMET é um órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e representa o Brasil junto à Organização Meteorológica Mundial (OMM) desde 1950.
Analisando o comportamento da AAO, notamos duas tendências negativas: uma durante a segunda quinzena de Maio e a segunda no início de Julho. Ambos favoreceram o aumento de umidade e a redução das temperaturas no Centro-Sul, com destaque para a onda de frio durante a primeira semana de Julho. Vale ressaltar, também, o mês de Junho, quando a AAO esteve positiva, contribuindo para condições mais secas e quentes.
Na sequência, a expectativa é que o Sul do Brasil volte a ser alcançado por massas de ar frio que serão intercaladas com alguns dias de marcas mais amenas ou elevadas, mas que não devem gerar longas sequências de dias de temperatura acima da média.
O que chama a atenção da MetSul é que vem se observando um ciclo de 30 dias entre o ingresso de ar polar de grande intensidade. Houve uma intensa onda de frio no fim de junho e outra de enorme intensidade no final de julho.