“Um doce olhar” é o filme sobre a perda da inocência, sobre a descoberta do mundo – especialmente as decepções – e como isso molda uma pessoa. Yakup custa a voltar de sua viagem, talvez nunca volte, como indica a primeira cena. Ainda assim, o menino precisa sobreviver a essa ausência.
Mas não posso ir muito longe com a imaginação. Afinal, quem nunca experimentou o modo drástico como nossas vidas podem mudar em um curto período de tempo? Para todos nós, sempre chega o momento em que precisamos encarar nossas responsabilidades…
Elegante, encantador e carinhoso, Um Doce Olhar é esteticamente fascinante, exibindo quadros belíssimos que poderiam ser emoldurados – como os planos que mostram Yusuf deitado e cercado por verde e lama, ou a insuspeitadamente emblemática imagem do garotinho em pé ao lado de uma árvore, olhando para cima.
Em “Ovo” ele é um homem maduro, um poeta de pouco sucesso, dono de um sebo que volta à cidade natal para o funeral de sua mãe. Em “Leite”, está no final da adolescência, não consegue entrar numa universidade, sonha em escrever poesias, e não é aceito no serviço militar.
Quando é finalmente convidado pelo professor a ler um texto desconhecido, Yusuf gagueja e tropeça em palavras, incapaz de concluir sequer a leitura do título e revela que sua prometida habilidade era apenas memorização – e uma natural tentativa de mostrar-se melhor do que é.
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Todas as ações realizadas pelo nosso protagonista foram respostas as suas necessidades. Necessidades de compreender a vida, de aprender, de se sentir parte na sala de aula, de amenizar o sofrimento da mãe.
O menino é de poucas palavras, e, na escola, apresenta dificuldades de aprendizado. Um pedagogo ou psicólogo logo diagnosticaria uma dislexia. Talvez o problema seja apenas uma timidez excessiva. A dificuldade de aprendizagem, relacionamento e a gagueira podem não passar de uma consequência de sua ansiedade.
O filme refletido a partir dos conceitos piagetianos nos mostra um final aberto, suas cenas nos apontam para diferentes interpretações sobre aprendizagem e desenvolvimento.
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Desenvolvimento e aprendizagem caminham juntos, porém apresentam semelhanças e diferenças que precisam ser consideradas na organização do ensino, para que o processo de aquisição do conhecimento aconteça.
Um Doce Olhar mostra a jornada de Yusuf, um garoto turco que está aprendendo a ler e a escrever, e que nas horas vagas ajuda o seu pai, um simples apicultor que guarda as colméias nos galhos mais altos das maiores árvores de uma misteriosa floresta. Mas quando seu pai parte em busca de descobrir porque as abelhas estão sumindo, Yusuf se prepara para viver a sua maior aventura, tentando dar algum sentido à sua vida. Ganhador do Urso de Ouro em Berlim.
Um doce olhar é um filme mágico, muito bem roteirizado e no centro um personagem de nuances angelical e de uma força interior quase adulta. Um cenário natural de grandiosa beleza, um silêncio que fala aos nossos olhos. Yusuf é um menino que expressa toda a genialidade de uma criança bem criada mas, seus fantasmas, medos e receios o torna tímido e isolado, como que quizesse se proteger do imaginável mundos dos grandes, de um doce olhar e expressões faciais firmes mas inocente. Tenho a impressão de que o pequeno ator colocou tudo dele nesse personagem. É extraordinário ver crianças serem conduzidas com maestria e explorar todo um talento que ás vezes nem ela própria saiba ter. Não me canso de assistir, posso dizer qué meu filme de cabeceira. Parabéns a por todo o contexto que compõem essa obra.
Esta sequência, aliás, já nos prepara para boa parte do filme. Em planos abertos que revelam a grandiosidade inesperadamente claustrofóbica do interior de uma floresta, vemos o personagem se preparando para subir ao topo de uma árvore enquanto seu cavalo de carga se diverte comendo grama e minúsculos gravetos lambuzados de mel.
Por sua vez, o bondoso e rígido pai revela-se um homem de bom coração, mas que não hesita quando precisa falar gravemente. Tão dedicado à tarefa de apicultor quanto à paternidade, o personagem é responsável pelos momentos mais sensíveis e intensos da produção, como quando cochicha com o filho sobre sonhos, bebe seu leite ou conversa sobre os sabores dos méis de determinadas flores – e principalmente na cena que abre a narrativa, e que termina numa tensa reticência.
Kaplanoglu é um diretor de filmes com planos longos e diálogos contidos, principalmente em “Um Doce Olhar”. Pouco se diz, mas muito acontece nos olhares, nas ações e reações de seus personagens. Há também pouca música em seus filmes, apenas nos momentos-chaves.
Queremos através deste trabalho, na perspectiva de Piaget , de como o sujeito aprende e interage com o objeto de conhecimento, analisar os processos de desenvolvimento e aprendizagem do protagonista.Queremos evidenciar a necessidade da escola, em rever os conceitos e fazer um trabalho diferenciado, proporcionando o processo de ensino aprendizagem a todos os seus educandos.
Grande crédito também vai para o roteiro de Kaplanoglu e Orçun Köksal, que não criaram um Yusuf ideal, digno de pena e sorrisos. Ele é um ser humano real e completo, com suas qualidades e defeitos, oferecendo alguns golpes baixos quando cegado pelo ciúme. Apesar do filme se desenvolver vagarosamente, com poucas falas e aparentemente pouca ação, na verdade há toda uma ebulição de sentimentos ocorrendo a cada sequência, tanto através de Yusuf e seus pais ou pelo uso da belíssima fotografia que nada mais faz do que colocar a câmera no lugar certo para captar a extraordinária beleza dos campos turcos. Não é o seu típico filme de festival que estica demais uma boa idéia e se arrasta por horas.
Parte final da trilogia formada pelos filmes “Ovo” e “Leite”, que acompanham o protagonista na maturidade e juventude, respectivamente, “Um Doce Olhar” (ou apenas Mel, tradução do original Bal), conta a história do jovem Yusuf, um garotinho de seis anos que tenta estar sempre com o pai, por quem tem uma clara admiração de herói, e mal disfarça, durante as aulas, sua ansiedade para ler em voz alta e ganhar uma estrela de parabéns acompanhada de invejados aplausos dos colegas.
O reflexionamento se dá em diferentes momentos na vida de Yusuf. Com os seus olhares na sala de aula, quando observa os colegas, quando observa o pai que para si é uma referência
Neste último filme da trilogia, o diretor trabalha com uma fotografia mais escura, assinada por Baris Ozbicer, em seu primeiro trabalho com Kaplanoglu. A luz nas cenas de interiores, especialmente na casa da família de Yusuf, faz lembrar os quadros do pintor holandês Vermeer (1632-1675).
O ensino não pode ser encarado como um conjunto de procedimentos operacionais lineares e uniformes, mas uma compreensão das superações das ideias do senso comum, para as ações e operações do sujeito que interage com o objeto de conhecimento, construindo o seu próprio conhecimento.
Estabelecemos relações a partir dos conceitos de assimilações e abstrações. A abstração reflexionante e a capacidade de desenvolvimento cognitivo.