Este texto vai te explicar mais sobre o Talibã e é o sexto de uma trilha de conteúdos sobre grupos terroristas. Confira os demais posts da trilha: 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 9
O grupo fundamentalista Talibã tomou hoje a capital do Afeganistão, Cabul, em sua maior movimentação em quase 20 anos. A tomada foi feita sem muita resistência, indicam relatos vindos do país, depois de uma semana inteira de avanços em direção a Cabul.
Somente em 2020 o governo dos EUA materializou o interesse formal de retirar as tropas, no qual um acordo foi assinado com o Talibã ainda sob a gestão Donald Trump. A retirada das tropas americanas, no entanto, só foi concretizada em abril de 2021, quando o novo presidente Joe Biden anunciou que o exército dos Estados Unidos encerraria a sua ocupação até setembro deste mesmo ano. Infelizmente, o processo de negociação foi mal-sucedido, a retirada das tropas foi mal avaliada, e o grupo voltou novamente ao caminho de dominação do país.
Ao passo que a presença militar norte-americana foi sendo removida do Afeganistão, o Talibã, aos poucos, começou a retomar o controle sobre os territórios do país da Ásia Meridional. Em agosto de 2021, com quase ¾ do território afegão já ocupado pela organização, a mesma tomou o controle da capital, Cabul, e ocupou a sede do governo nacional, causando a fuga do até então presidente Ashraf Ghan para o vizinho Tajiquistão.
Em 1999, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) adotou uma resolução que vinculou Al-Qaeda ao Talibã como entidades terroristas e impôs diversas sanções contra os grupos.
Após os atentados, a presença das tropas americanas no Afeganistão só aumentou, causando reprovação da população do país, que foi cada vez mais abandonando o apoio à "guerra ao terror".
Suspeitando que o Talibã estivesse abrigando Bin Laden, forças americanas e britânicas bombardearam o país em outubro do mesmo ano. Logo em seguida, em uma incursão terrestre, forçaram a retirada dos talibãs das grandes cidades. Bin Laden, no entanto, conseguiu fugir. A ONU convidou depois as principais facções afegãs para formarem um governo provisório.
Com a saída de Bush e entrada do democrata Barack Obama ao poder, a retirada das tropas do Iraque e Afeganistão foi ganhando apoio popular. O governo Obama foi marcado por tentativas de acelerar a retirada do Exército do Afeganistão, mas com temores sobre o vácuo de poder que poderia deixar. Ao mesmo tempo, acordos com o Talibã avançavam e regrediam, com diversos ataques ocorrendo nas regiões de fronteira com o Paquistão.
Enquanto os extremistas assumiam o comando, diplomatas e cidadãos de diferentes nações começaram a abandonar o país, bem como a sua própria população: mais de 250 mil afegãos fugiram de suas localidades desde maio, e multidões aflitas tentaram fugir do país diante da reascensão do Talibã ao poder.
Em 14 de abril de 2021, o presidente Joe Biden, do exato mesmo lugar onde Bush havia declarado a guerra ao terror 20 anos, anunciou a retirada das tropas até o fim deste mês.
Desde a ocupação do Afeganistão a partir de 2001, as ações do Talibã passaram a ser pautadas na recuperação do território e em expulsar os Estados Unidos e a OTAN do país. O grupo, portanto, não deixou de estar em atividade.
O grupo, criado no sul do Afeganistão, tem origem nas tribos que ocupavam a fronteira do país com o Paquistão. É formado principalmente pelos pashtun, um povo que lutou contra o imperialismo britânico, a invasão soviética e hoje se dedica a combater a intervenção do ocidente na região.
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Havia um grande obstáculo: fazer o Talibã e o governo afegão concordarem. A retirada precoce das tropas americanas causava o temor em analistas e no povo afegão de uma nova escalada da violência. Além disso, o histórico de nunca ter cumprido promessas jogava suspeitas sobre o Talibã.
Mas apesar de serem aliados, existem enormes diferenças entre o Talibã e a Al-Qaeda. A principal delas é que o Talibã é uma organização provincial, que age apenas na sua região e não realiza ataques em países do ocidente, ao contrário da Al-Qaeda. Outra diferença é que o Talibã é composto por membros de tribos afegãs, enquanto a Al-Qaeda é composta por árabes.
A formação do Talibã remonta aos anos 90, quando mujahideens afegãos e guerrilheiros islâmicos se uniram para combater a ocupação soviética no Afeganistão. A própria CIA (Agência de Inteligência Central) dos Estados Unidos é apontada como uma das apoiadoras da formação do grupo na época.
Um dos maiores erros que o ocidente comete em relação ao Talibã é confundi-lo com os terroristas da Al Qaeda. "O Talibã é provincial, age apenas na sua região e não tem nada a ver com os ataques a países do ocidente", explica Nasser. Outra diferença entre as milícias é que a Al Qaeda é composta por árabes, enquanto o Talibã congrega indivíduos das tribos afegãs, a maioria deles da etnia pashtun. Porém, apesar das ideologias distintas, os dois grupos são aliados e se ajudam nas questões de logística, armas e dinheiro. Além disso, quando expulso de vários países, Osama Bin Laden, um dos fundadores da Al Qaeda, foi acolhido pelo Talibã no Afeganistão.