A partir da correlação do cenário de negacionismo científico evidenciado na pandemia da COVID-19 com a trajetória eurocêntrica da ciência ocidental, bem como do estabelecimento de verdades, parâmetros e premissas conduzidos e legitimados pela mesma, são refletidos alguns aspectos a serem deslocados no modelo cognitivo vigente, no sentido de sua vivificação e de sua ligação com a vida e com outros saberes. Nessa direção, apostando em perspectivas e métodos outros, o trabalho objetiva tecer aproximações entre a educação em ciências e o método da cartografia, por meio de uma revisão bibliográfica, nas seguintes bases de dados: Redalyc, SciElo e DOAJ, tendo sido encontrados somente seis trabalhos que atendessem aos critérios de inclusão. Assim, são investigadas e discutidas as contribuições possíveis dessa metodologia à pesquisa e educação em ciências, especialmente no que diz respeito às políticas de cognição, interpelando o entendimento corrente de conhecimento - considerado uma representação da realidade ou da verdade. Entendemos que uma perspectiva inventiva e emancipadora de ciência, que encarna o conhecer no acesso à experiência, amplia-se nas singularidades e multiplicidades, construindo territórios comuns - não unívocos -, cultivando confiança e pertencimento.
Que caminhos poderíamos abrir se experimentássemos? Que possibilidades se apresentam quando passamos a nos perguntar a serviço de que tipo de existência está um discurso ou conjunto de ideias, em vez de meramente aceitá-los ou descartá-los? As formas hegemônicas de conhecer, fundamentando-se na expectativa de uma realidade a ser descoberta, descrita e analisada, estruturam-se sobre parâmetros e premissas que estabelecem o erro e o acerto - elementos basais dos modelos vigentes de educação. É um desafio resistir à postulação de um conhecimento “melhor” que o outro, um conhecimento que “supere” o outro, numa hierarquização arbórea e linear. Nesse sentido, a proposta de conhecimento como invenção visa ampliar o conceito de cognição como representação e, ao fazê-lo, tomar pé das implicações que o modelo representacional carrega consigo, tais como a hierarquização das verdades e a destituição de conhecimentos divergentes ou marginais. Assim, o presente artigo envolveu-se em cavar possibilidades para que o método da cartografia possa ocupar e ganhar espaço no meio científico, incorporando maneiras outras de saber, conhecer e manejar a pesquisa e o conhecimento, anunciando elementos singulares à educação em ciências e à pesquisa científica em geral.
Embora pretenda-se uma captura do real, nem mesmo uma fotografia constitui uma representação da realidade: ainda configura um recorte, um olhar, a escolha de um ângulo. As pesquisas científicas, mesmo quando admitem a relevância das subjetividades, acabam fixando-as, como se as próprias subjetividades admitidas pudessem ser então representadas - simplesmente. De que maneira se fotografam relações, sensações, presenças, encontros, atravessamentos? Esses emergem com a experiência ou estão afixados no campo prontos para serem “descobertos” e “analisados”? Se admitimos que são emergências, estas não podem ser plenamente objetificadas em situações representáveis como realidade transposta, e convém reconhecer que sujeito e objeto que se cocriam no encontro.
São traçadas vias gerais de percurso, mas o itinerário não é inalterável. Numa imagem é como se, em jornada por uma cidade ainda não conhecida, fosse concebido um roteiro de andanças e visitações, mas durante a caminhada, ao topar com um artista de rua, fosse possível demorar um pouco mais, ou atravessar ruas para fotografar uma escultura, em descaminhos que, ao contrário de trair o propósito primeiro de conhecer a cidade, contribuem para uma apreensão mais ampla e profunda daquele lugar. Ademais, o decorrer da pesquisa reposiciona os pesquisadores e pesquisadoras no campo e, assim reposicionados(as), adquirem novas perspectivas e olhares para a mesma pesquisa.
A invenção não se dá, portanto, a partir do vazio, cria-se desde e na experiência, produzindo diferenciações, dando lugar aos imprevistos, considerando que o conhecimento é reinventado ali, no encontro, não pretendendo excluir dogmaticamente os modelos canônicos, mas fazendo-lhes perguntas, questionando sua universalidade, percebendo as implicações políticas que carregam, abrindo espaço para a recriação, numa atitude outra, aos processos do conhecer e do pesquisar. Dessa maneira, a invenção, na ótica cartográfica, não busca tomar-se como modelo, pergunta-se como questionar um tipo de verdade sem propor outra que ocupe seu lugar; reflete sobre como tornar confiável um saber que não quer colocar-se como certo ou verdadeiro. É possível tomar, então, o conhecimento como uma busca de sentidos, implicações e valores, numa jornada ética no lugar das capturas moralizantes entre bem e mal.
Coadunando com a teórica portuguesa Grada Kilomba, essa ciência normativa que se pretende neutra e universal constitui muitas formas de violência e de alienação, desconsiderando conhecimentos desviantes ou invalidando-os como ciência. Dessa maneira, que implicações derivam dessa trajetória excludente que tem sido percorrida pelo conhecimento e pela ciência? Que relações são estabelecidas com a sociedade por um conhecimento que homogeneíza, institui verdades que, por considerarem-se objetivas e universais, julgam-se neutras, isentas, precisas e inequívocas, agindo como tal?
Posição não dogmática, mas serena, firme, de quem se encontra em permanente estado de busca, aberto à mudança, na medida mesma em que, de há muito, deixou de estar demasiado certo de suas certezas.
A crítica que ora se faz ao modelo cognitivo vigente não intenciona descartá-lo, mas ampliá-lo, alargá-lo, numa perspectiva inclusiva, criadora e inventiva, encarnada, tomando-o numa proposta de enação: conhecer é fazer. Tomar o conhecimento como criação requer, no lugar de descrever a experiência, acessá-la. Conceber o conhecimento como representação do mundo ou como criação não se trata de uma posição somente teórica, mas de uma política cognitiva:
Todas as partes em que se divide um inteiro são necessariamente iguais. Porém, ao dizer que dá mais bolo para quem gosta mais, um dos alunos problematiza um dos pressupostos que fundam a operação de divisão por meio de uma força afetiva. A ideia de partilhamento que subjaz à divisão é colocada em questão. A matemática é problematizada e, ao dar corpo a um mundo, se constitui nela própria (Cammarota & Clareto, p. 600).
Apresentamos aqui algumas pistas encontradas numa revisão de literatura movida pela seguinte questão: como o método da cartografia tem sido trabalhado pelas pesquisas científicas do campo da educação em ciências e quais têm sido suas principais contribuições? Como dito anteriormente, as bases de dados utilizadas foram: Redalyc, base latino-americana que indexa revistas científicas com acesso aberto e sem fins lucrativos; SciElo, também latino-americana de livre acesso e modelo cooperativo; e DOAJ, de origem sueca, que hospeda periódicos de acesso aberto com a curadoria da comunidade. O levantamento foi realizado de outubro a novembro de 2020, com diferentes estratégias e palavras-chave, como será descrito a seguir - de acordo com as possibilidades e recursos de cada base de dados em questão. O critério de inclusão dos artigos foi que tratassem de educação em ciências - ou que articulassem educação e ciência de alguma maneira - e, além disso, que trabalhassem com o método da cartografia.
Quanto mais certo de que estou certo me sinto convencido, tanto mais corro o risco de dogmatizar minha postura, de congelar-me nela, de fechar-me sectariamente no ciclo de minha verdade.
A dimensão autoritária da ciência, em sua proclamação de verdades, tem logrado a confiança do grande público ao tentar gritar mais alto? Tem colaborado com o acolhimento das multiplicidades, das diferenças, abrindo espaço para outras cosmogonias e formas de experienciar a vida? O pensamento ocidental, amparado no cartesianismo, refina etnocentrismo em egocentrismo e vice-versa e vem sustentando visões de mundo excludentes, dominadoras, imperialistas, que definem como sendo inferiores e subjugáveis o que foge ou anuncia outras possibilidades, os outros. Os outros, mulheres, negros, indígenas, operários, crianças, periféricos, não obstante, seguem insistindo em ser; abrem desvios e seus (des)caminhos apresentam perspectivas desviantes, que teimam em indagar: e se toda a cultura e pensamento ocidentais se admitissem como nada mais do que um ponto de vista?
Na base Redalyc, recorremos inicialmente aos descritores: “método da cartografia” e “educação em ciências”. Como esta base de dados não produziu um vínculo restritivo entre as palavras que são colocadas entre aspas, essa busca precisou reconfigurar-se por uma só palavra-chave: cartografia. Para que fosse feito um recorte, visto que foram encontrados mais de 4000 trabalhos, foi selecionada a área Educação para refinamento. Dos 546 artigos encontrados a partir daí, houve um segundo crivo realizado por meio do comando “CTRL+F”, localizando os que tivessem a palavra “ciência”. Dessa maneira, foi possível estabelecer uma articulação da educação, ciência e cartografia, sendo encontrados 56 artigos. Porém, como dentre esses havia muitos trabalhos no campo da geografia física (cartografia como estudo de mapas), assim como outros usos do termo, foi feita uma seleção por meio do título, resumo e leitura flutuante (quando necessária) dos textos, sendo assim encontrados somente 4 que trabalharam a cartografia como método de pesquisa.
A partir de una correlación entre el escenario de negacionismo científico evidenciado en la pandemia COVID-19 y la trayectoria eurocéntrica de la ciencia occidental, así como del establecimiento de verdades, parámetros y supuestos conducidos y legitimados por ella, se reflejan algunos aspectos a ser desplazados en el modelo cognitivo actual, en el sentido de su dinamización y su conexión con la vida y con otros saberes. En esta dirección, apostando por otras perspectivas y métodos, el trabajo pretende tejer aproximaciones entre la enseñanza de las ciencias y el método de la cartografía, a través de una revisión bibliográfica, en las siguientes bases de datos: Redalyc, SciElo y DOAJ, habiéndose encontrado solo seis trabajos que cumplieron con los criterios de inclusión. Así, se investigan y discuten los posibles aportes de esta metodología a la investigación científica y la educación, especialmente en lo que respecta a las políticas cognitivas, cuestionando la comprensión corriente de conocimiento - considerado una representación de una realidad o verdad. Entendemos que una perspectiva inventiva y emancipadora de la ciencia, que incorpora el conocimiento en el acceso a la experiencia, se expande en singularidades y multiplicidades, construyendo territorios comunes, no unívocos, cultivando la confianza y la pertenencia.
O que está em questão não é culpabilizar a ciência, mas implicar as maneiras vigentes de pensar e fazer ciências com o cenário de negacionismo em recrudescimento, refletindo que aspectos teórico-epistemológicos podem (ou devem) sofrer afetações e deslocamentos no sentido de sua vivificação e de sua ligação com a vida e com outros saberes. Entende-se, aqui, que a ciência como representação de verdades universais, baseada em pretensões de neutralidade, impessoalidade, objetividade, linearidade, contribuiu e segue contribuindo para o estabelecimento do cenário descrito. Neste sentido, pensar outros rumos, formas, critérios e estratégias envolve também repensar métodos, e é nessa seara que se insere o presente trabalho.
O objetivo deste artigo é tecer aproximações entre a educação em ciências e o método da cartografia, por meio de uma revisão bibliográfica em que se investigam contribuições possíveis dessa metodologia, bem como das perspectivas teórico-epistemológicas que carrega consigo, especialmente no que diz respeito às políticas de cognição e do deslocamento da compreensão de conhecimento como representação de uma realidade ou verdade.
As projeções cartográficas são classificas em três tipos diferentes: cilíndrica, cônica e plana, polar ou azimutal.
A cartografia é a área do conhecimento que se preocupa em estudar, analisar e produzir mapas, cartogramas, plantas e demais tipos de representações gráficas do espaço. ... Temos aí a constituição da Cartografia como ciência moderna.
A Geografia ensina a ler o mundo por meio da cartografia que se dá por meio da abstração espacial, sendo esta a capacidade de reconhecer a dinamicidade que configura a fisionomia do espaço.
Mas foi somente no século XVIII, com o surgimento das ciências especializadas, que a Cartografia alcançou o status de ciência. A partir de então, começaram a surgir os primeiros mapas temáticos (cartas geológicas, climáticas, agrícolas, urbana etc.), tendo como base o traçado de mapas já existentes.
Os primeiros mapas formais foram traçados no século VI a.C., durante expedições militares e de navegação. Com o passar dos anos, a cartografia se formalizou e evoluiu como ciência, dando origem à arte de representar a superfície da Terra por meio de desenhos. A criação de mapas já era comum em povos primitivos.
A cartografia esta presente na agricultura,na previsão do tempo,construção de rodovias,aviação,planejamento ambiental e GPS.
A cartografia é a ciência da representação gráfica da superfície terrestre, tendo como produto final o mapa. Ou seja, é a ciência que trata da concepção, produção, difusão, utilização e estudo dos mapas.
Hoje entendemos cartografia como a representação geométrica plana, simplificada e convencional de toda a superfície terrestre ou de parte desta, apresentada através de mapas, cartas ou plantas.
A Cartografia Temática é usada na elaboração de mapas temáticos e cartogramas. São convenções, símbolos e cores usadas para que haja uma melhor compreensão do tema exposto e seu espaço geográfico.
A cartografia temática é considerado como sendo o estudo da elaboração de mapas temáticos e cartogramas. A cartografia é responsável pela elaboração e estudo de representações e mapas cartográficos no geral, incluindo croquis, plantas e cartas gráficas.
Podemos representar com a cartografia mapas de infinitos assuntos. ... Nela se incluem as cartas gráficas, os croquis e as plantas cartográficas. As plantas cartográficas são as representadas cartograficamente em escala muito grande, dessa forma possuem área pequena e detalhamento grande.
A Cartografia é a área do conhecimento que se preocupa em produzir, analisar e interpretar as diversas formas de se representar a superfície, como os mapas, as plantas, os croquis e outras composições.
Os mapas são instrumentos de comunicação, servem para representar graficamente uma dada área do espaço terrestre. ... Por isso, os mapas podem ser divididos em vários tipos e a sua classificação varia de acordo com o tema tratado.
A representação gráfica espacial por meio de croquis/ilustrações são um recurso para a análise dos fenômenos que ocorrem na superfície terrestre. As habilidades manuais que o desenho/ilustração proporciona favorecem a percepção do objeto pelo sujeito que investiga os fenômenos espaciais.
Mapas físicos: São mapas que representam os fatores naturais, como vegetação, clima, relevo, hidrografia, etc. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Mapas Político: São mapas que representam as fronteiras entre países ou divisões intenas entre estados (ex.
Os elementos fundamentais do Mapa são:
Verificado por especialistas. 3-a) Que abordagem o texto e o mapa têm em comum? R. Tanto o texto como mapa, falam da perda da superfície florestal em vários continentes, como o Americano e o Europeo, como ela tem evoluido com o passar do tempo.
Mapa temático é uma representaçao de informacoes sob uma perspectiva geografica. Exemplos: Fisicos, Politicos, Religiosos, Climaticos e Etnico. Resposta: Um mapa temático é um mapa baseado numa carta topográfica que representa qualquer fenómeno geográfico da superfície terrestre.