Os ácidos fenólicos são fitonutrientes de forte poder antioxidante que fazem parte da composição de diversos alimentos, especialmente vegetais, cogumelos e frutas.
– Como qualquer outro álcool, os fenóis têm grupos hidroxila capazes de participar de ligações intermoleculares de hidrogênio (ligações de hidrogênio), ainda mais fortes do que aquelas que outros álcoois podem formar.
Os fenóis são uma família de compostos orgânicos (álcoois) caracterizados por possuir um anel aromático no qual um ou mais átomos de hidrogênio associados aos átomos de carbono do anel são substituídos por um ou mais grupos hidroxila (-OH) .
Os ácidos graxos insaturados são as estruturas mais suscetíveis ao processo oxidativo, havendo uma dependência direta entre o grau de insaturação e a susceptibilidade à oxidação (Cosgrove et al., 1987).
A oxidação nos sistemas biológicos ocorre devido à ação dos radicais livres no organismo. Estas moléculas têm um elétron isolado, livre para se ligar a qualquer outro elétron, e por isso são extremamente reativas. Elas podem ser geradas por fontes endógenas ou exógenas. Por fontes endógenas, originam-se de processos biológicos que normalmente ocorrem no organismo, tais como: redução de flavinas e tióis; resultado da atividade de oxidases, cicloxigenases, lipoxigenases, desidrogenases e peroxidases; presença de metais de transição no interior da célula e de sistemas de transporte de elétrons. Esta geração de radicais livres envolve várias organelas celulares, como mitocôndrias, lisossomos, peroxissomos, núcleo, retículo endoplasmático e membranas (Machlin & Bendich, 1987). As fontes exógenas geradoras de radicais livres incluem tabaco, poluição do ar, solventes orgânicos, anestésicos, pesticidas e radiações.
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Os taninos são polímeros fenólicos com propriedades de defesa vegetal, assim como ligninas. O termo tanino foi inicialmente utilizado para descrever compostos que poderia ser utilizado no processamento da pele animal, o curtimento. Há duas categorias de taninos: os condensados e os hidrolisáveis, considerando que a maioria dos taninos tem massa molecular entre 600 e 3000 Da.
Apesar da taxa de absorção inferior à dos ácidos hidroxicinâmicos livres, ácidos clorogênicos foram detectados intactos no plasma e/ou urina de humanos e animais após consumo na forma de 5-CQA isolado30,38,39 ou de alimentos que apresentam alta concentração destes compostos, como café41,49 e ameixa.37 Após a ingestão de café por voluntários sadios, foram detectados três ácidos monocafeoilquínicos (3, 4 e 5-CQA) e três dicafeoilquínicos no plasma.41 A concentração plasmática de CGA total foi em média 7,66 µmol/L e dois picos de concentração foram identificados, entre 30 e 60 min e entre 90 e 240 min após a ingestão do café.
Esta revisão aborda a rota de absorção dos principais ácidos fenólicos presentes em alimentos de origem vegetal consumidos na dieta ocidental e os metabólitos formados, tema que constitui, hoje em dia, um gargalo para explicar a modulação de processos que podem diminuir o risco de doenças pela ingestão de alimentos funcionais e compostos bioativos.
As isoflavonas (isoflavonoides) representam um grupo de flavonoides no qual a posição de um anel aromático (anel B) está invertida (Figura 8). Estes isoflavonoides, são encontrados principalmente em leguminosas, apresentam várias atividades biológicas diferentes. Em alguns tipos, como a rotenona, podem ser utilizados eficazmente como inseticida e como veneno para ratos e para peixes. Outras isoflavonas apresentam atividade antiestrogênica.
Estes flavonóides podem também ocorrer em complexos supramoleculares junto a íons metálicos quelados e a copigmentos flavonas. O pigmento azul de trapoeraba (Commelina communis) consiste em um grande complexo composto de seis moléculas de antocianinas, seis flavonas e dois íons magnésio associados (KONDO et al., 1992). As antocianidinas mais comuns e suas cores estão indicadas na Figura 11 e na Tabela 1.
Os flavonóides concentram-se mais na parte aérea das plantas, ocorrendo em menor proporção nas raízes e nos rizomas. São os metabólitos secundários mais difundidos no reino vegetal, encontrando-se em maior quantidade nas famílias Leguminosae e Compositae. A grande vantagem dos flavonóides é a sua baixíssima toxicidade. Eles são essenciais para a completa absorção de vitamina C, ocorrendo normalmente onde quer que haja essa vitamina. Eles podem proteger as plantas contra os danos causados pela luz ultravioleta. Os flavonoides são divididos em quatros grandes grupos: as antocianinas, as flavonas, os isoflavonóides e os flavonóis.
Vários fatores alteram a biodisponibilidade de compostos bioativos presentes nos alimentos: a complexidade da matriz alimentícia, a forma química do composto de interesse, estrutura e quantidade de outros compostos ingeridos concomitantemente (fatores exógenos) e ainda o tempo de trânsito intestinal, esvaziamento gástrico, metabolismo do composto e grau de conjugação, possíveis interações com proteínas na circulação sanguínea e tecidos, composição da microflora intestinal e o perfil genético do indivíduo (fatores endógenos).8,11 Avaliados em conjunto, estes fatores respondem pelas variações intra e inter-individuais na biodisponibilidade de uma determinada substância.2
Os taninos atuam na defesa das plantas como: Toxinas reduzindo o crescimento e a sobrevivência de muitos herbívoros; repelente alimentar a uma grande variedade de animais; mamíferos, como bovinos, cervos e macacos, evitam consumir plantas ou parte de plantas com alto teor de taninos e frutos imaturos, frequentemente, tem alto teor de taninos, que inibem sua ingestão por animais, encontrados nas camadas externas.
Medindo a eficiência de alguns ácidos fenólicos como antioxidantes em sistema lipídico, através do RancimatÒ, verificou-se que os ácidos protocatequínico, caféico, ferúlico, gálico e sinápico possuem uma boa atividade (Dziedzic & Hudson, 1984), embora estes compostos, assim como os demais ácidos fenólicos, possuam baixa solubilidade neste sistema, limitando em parte, sua utilização e seu potencial antioxidante (Pratt, 1992). Contudo, estas substâncias podem ser modificadas para se tornarem lipossolúveis através de alquilação ou esterificação com ácidos graxos de cadeia longa ou álcoois. Ademais, em avaliação do potencial dos ácidos caféico, protocatequínico, p-hidroxibenzóico, ferúlico e p-cumárico em sistema lipídico, alguns deles, como o caféico e o protocatequínico, apresentaram atividade antioxidante maior que o a-tocoferol e o BHT (Von Gadow et al., 1997).
Os compostos fenólicos recebem este nome, por apresentarem em sua estrutura, pelo menos uma unidade de fenol (um grupo hidroxila ligado a um anel aromático – um anel de seis átomos de carbono, contendo três duplas ligações -, podendo haver mais de uma hidroxila – OH – por anel). A grande maioria deles é solúvel em água e ocorre na forma de glicosídeos (que ao contrário dos alcalóides, não apresentam nitrogênio na sua fórmula estrutural) e ácidos carboxílicos (DELPHINE et al., 2019).
Na família dos compostos fenólicos pouco distribuídos na natureza estão um número reduzido deles, embora estes sejam encontrados com certa freqüência. Neste grupo estão os fenóis simples, o pirocatecol, a hidroquinona e o resorcinol. A esta família também pertencem os aldeídos derivados dos ácidos benzóicos, que são constituintes dos óleos essenciais como a vanilina.
A validação e o desenvolvimento de biomarcadores dependem do conhecimento de fatores que envolvem a liberação do CBA da matriz do alimento, a absorção, metabolismo, distribuição e excreção, enfim, todo o caminho e transformações que ocorrem com estes compostos.
Com essas propriedades antioxidantes, destaca-se o α-tocoferol, um componente derivado fenólico da vitamina E, presente no plasma sanguíneo e capaz de “capturar” radicais livres de peróxido que são potencialmente prejudiciais às células.
Uma pequena parte dos ácidos clorogênicos é absorvida sem hidrólise e aproximadamente 1% dos ácidos clorogênicos ingeridos são encontrados intactos na urina de humanos 30,39 e animais.38 A maior parte é metabolizada e absorvida no cólon, onde estes compostos sofrerão hidrólise por esterases de origem microbiana e subsequente absorção ou metabolização adicional dos ácidos fenólicos livres (quínico, cumárico, cafeico e ferúlico).34-36,38,39,44
Apesar de o termo flavonóide derivar do latim flavus, que significa amarelo, observa-se que os grupos flavonóis e flavonas são incolores e que a classe das antocianinas possui substâncias que variam no seu espectro de coloração do verde ao azul. A cor das antocianinas é influenciada por vários fatores, incluindo o número de grupos hidroxil e metoxil no anel das antocianinas, a presença de metais quelantes como o ferro e o alumínio e pH do vacúolo da célula no quais estes estão armazenados. As antocianinas são de importância vital como atrativo para polinizadores e dispersores de sementes.
Os taninos são polímeros fenólicos com propriedades de defesa vegetal, assim como ligninas. O termo tanino foi inicialmente utilizado para descrever compostos que poderia ser utilizado no processamento da pele animal, o curtimento. Há duas categorias de taninos: os condensados e os hidrolisáveis, considerando que a maioria dos taninos tem massa molecular entre 600 e 3000 Da.
Os flavonoides, em especial a quercetina, as catequinas e as isoflavonas constituem os compostos fenólicos sobre os quais as informações sobre a absorção e metabolismo são mais abundantes na literatura.8,10,11 Os ácidos clorogênicos e demais ácidos fenólicos foram menos estudados até o momento, apesar da sua abundância em frutas e vegetais e contribuição para o pool de ingestão desta classe de substâncias.