CRUZ, Antonio Carlos dos Santos. EJA: A Formação Docente e seus Desafios na Preparação do Aluno para o Mundo Moderno. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 03, Vol. 01, pp 5-17, Março 2018. ISSN: 2448-0959
”A idéia, portanto, não é de desprezar o saber acadêmico tradicional, mas sim de, complementá-lo quando necessário, com uma abordagem etnológica, a fim de aproveitar os conhecimentos dos alunos como feedback para a reestruturação do conceito pedagógico utilizado.
A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação, fez dele um dos primeiros brasileiros a ser exilados (GADOTTI, 2006, p. 43).
Dessa forma, a EJA, além de ser um modelo pedagógico indispensável para vencer o desafio do analfabetismo brasileiro de uma vez por todas, também pode ser considerada uma metodologia base para a formação de alunos e professores para os níveis elementar e médio. Dessa forma, esses docentes poderão entender melhor e vencer as barreiras de aprendizagem de seus alunos. Afinal, o que se deseja é que as pessoas aprendam a aprender. Só assim o conhecimento poderá ser multiplicado e plenamente utilizado. Isso vem diretamente ao encontro do interesse nacional em aumentar a produtividade e a competitividade do país ao nível internacional.
Segundo Gentil (2005, p.03), “no ano de 1854 surgiu a primeira escola noturna e em 1876 já existiam 117 escolas por todo o país”. Desde período em diante o termo Educação para Jovens e Adultos se tornou mais comum dentro do parlamento. Já no início do século XX, especialmente na década de 30, as discussões sobre a EJA levaram à inclusão na Constituição de 1934 a gratuidade do ensino e frequência obrigatória dos alunos, incluindo os adultos.
Ao longo do tempo, o avanço econômico e tecnológico passou a exigir mão-de-obra cada vez mais qualificada e alfabetizada, com isso várias medidas políticas e pedagógicas foram sendo adotadas, tais como: a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA), o Movimento MOBRAL, o Ensino Supletivo etc.
Os esforços brasileiros atuais, em especial o Programa Brasil Alfabetizado, de 2003, são os maiores que o Brasil já fez para erradicação do analfabetismo. Esses esforços entretanto, seriam apenas letra morta, caso não houvesse a participação da sociedade civil. É graças a entidades como a Associação Alfabetização Solidária – que esse e outros programas de interesse para nossa sociedade conseguem ser implementados. Fundada há 11 anos, a ALFASOL tem se destacado como um modelo nacional em Educação de Jovens e Adultos.
Tratava-se da aculturação sistemática dos nativos, educação que perdurou por volta de duzentos e dez anos, e que não relegou suas funções como dominadores espirituais, ancorou a sua linha curricular de forma muito competente, fazendo maciço investimento na erudição de seus alunos com o apoio a realeza. (GENTIL, 2005, p. 2).
ARROYO, M. Educação de Jovens e Adultos: um campo de direitos e de responsabilidade pública. In: GIOVANETTI, Maria Amélia, GOMES, Nilma Lino e SOARES, Leôncio (Orgs.). Diálogos na Educação de Jovens e Adultos. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2006, p.19-50.
O perfil dos professores se constitui ao longo de sua carreira e necessita de acompanhamento em longo prazo. Ou por todo o tempo “Em termos de grupo, o perfil consubstancia-se historicamente na cultura profissional, como patrimônio que assegura a sobrevivência do grupo e permite a definição de estratégias indenitárias adaptadas a cada realidade histórica social” (ESTRELA, 1997, p.47). Ser professor significa contribuir para a formação de cidadania, portanto, o docente faz toda a diferença:
São pessoas que vivem no mundo do trabalho, capitalismo, com responsabilidades sociais e familiares, com valores éticos e morais formados a partir da experiência, do ambiente e da realidade cultural em que estão inseridos e nada disso deve ser relevado no processo educacional. Arroyo assim afirma, essas diferenças podem ser uma riqueza para fazê-lo educativo.
A década de 40 pode ser considerada marcante para a educação de jovens e adultos, visto que houve várias iniciativas políticas e pedagógicas com esse propósito, tais como: regulamentação do FNEP (FUNDO NACIONAL DE ENSINO PRIMÁRIO), criação do INEP, primeiras atividades voltadas ao supletivo, lançamento da CEAA (CAMPANHA DE EDUCAÇÃO DE ADOLESCENTES E ADULTOS), 1º Congresso Nacional de Educação de Adultos em 1947 e o Seminário de Interamericano de Educação de Adultos em 1949.
Esta faixa etária exige várias alterações frente a essas mudanças, passa a exigir também um ensino voltado para o campo da pesquisa e ao trabalho criativo. Com relação à qualidade da formação para atuação na EJA, o que ocorre é uma crescente descaracterização dos cursos de formação, juntamente a falta de livros escritos que propicie apoio a essa formação, a pouca contribuição das universidades, ao desprezo desde ensino e a formação para o trabalho docente.
Que a educação seja o processo através do qual o indivíduo toma a história em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma. Como? Acreditando no em si mesmo e em sua capacidade de transformação, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as consequências de sua escolha. Mas isso não será possível se continuarmos bitolando os alfabetizando com desenhos pré-formulados para colorir, com textos criados por outros para copiarem, com caminhos pontilhados para seguir, com histórias que alienam, com métodos que não levam em conta a lógica de quem aprende. (FUCK, p. 14 e 15, 1994).
Dessa forma, faz-se necessário uma qualificação dos profissionais envolvidos neste processo, é fundamental que a equipe docente esteja bem preparada, por este motivo é extremamente importante uma formação continuada, onde todos tenham a oportunidade de repensar a sua prática. Pois, a formação continuada é um processo possível para a melhoria da qualidade do ensino, dentro do contexto educacional contemporâneo.
Para o autor, formação permanente é uma conquista da maturidade, da consciência do ser. Quando a reflexão permear a prática, docente e de vida, a formação continuada será exigência para fazer do homem atuante no seu espaço histórico, crescendo no saber e na responsabilidade.
Em relação à escola, os motivos são o modelo pedagógico, perfil dos professores, falta de material, dentre outros. No âmbito social, o fracasso fica por conta das políticas públicas de educação e a secular desigualdade econômica e social da sociedade brasileira. Para uma pessoa adulta que retoma seus estudos, o desejo maior é o de se preparar para o trabalho, de ter autonomia e de se dar bem profissionalmente.
A concepção moderna do educador exige uma sólida formação cientifica, técnica e política, claro que, atrelada a uma prática pedagógica crítica e consciente para avaliar a atual condição da educação.
A defasagem escolar é grande, segundo a Lei 9.394/96 art. 37 “a educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento”, dessa forma, e se realmente acontecesse o que está previsto em lei, teríamos muito mais jovens dentro das escolas. Em consequência do desemprego, a busca pelo ensino profissional e técnico aumentou significativamente. O jovem quer trabalhar, mas falta qualificação e oportunidades, principalmente a de concluir a educação básica e ter parcial domínio das novas tecnologias.
É preciso que a todos, inclusive a escola compreendam que os educandos de Educação de Jovens e Adultos vivem problemas como preconceito, vergonha, discriminação, críticas, dentre tantos outros e que tais questões são vivenciadas tanto no cotidiano familiar como na vida em comunidade. Os alunos de Educação de Jovens e Adultos têm um traço de vida, origens, idade, vivências profissionais, históricos escolares, ritmos de aprendizagem e estruturas de pensamentos muito diferentes.
A partir da Constituição de 1988, a educação de jovens e adultos, em forma de supletivo, passou a ser um direito público, sendo-lhe ofertada obrigatoriamente. Na década de 1990, esta temática passou a ser mais discutida, tendo a educação da população como ferramenta para o desenvolvimento do país. Alfabetizar os adultos e incentivá-los a continuar os estudos é uma forma de garantir o direito à liberdade de expressão e comunicação na sociedade, de forma igualitária, onde todos, sem restrições, possam sentir-se de fato cidadãos interagindo com o meio. Por esse motivo, há uma preocupação com a qualificação de profissionais para desempenhar essa tarefa árdua.
Para superar a dicotomia entre ensino e pesquisa, teoria e prática, e possibilitar a construção de uma práxis dinamizada pela iniciativa, pelo envolvimento do futuro professor em projetos educativos próprios e fundamentados, torna-se necessário reconhecer tal complexidade (2006, p.12-13).
Como dar aula para adulto e como saber se o seu aluno está satisfeito?
Dentro desse contexto, o educador da EJA deve propor um ensino que almeje resgatar a cidadania do indivíduo, bem como sua autoestima e também o interesse de participar da sociedade, a partir da promoção de situações que desenvolvam o pensamento crítico e reflexivo, sem deixar de considerar os conhecimentos e ...
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Quando se fala em EJA, é necessário reconhecer as possibilidades de o adulto aplicar na vida pessoal e profissional aquilo que ele está aprendendo ou aprendeu. Sem essa perspectiva de valor agregado: ... Torna-se difícil a aceitação, compreensão e comprometimento do adulto no processo de aprendizagem.
Na EJA, assim como nas outras modalidades de ensino, o conhecimento e experiências do aluno devem ser valorizados. CERTA. Na EJA, assim como nas outras modalidades de ensino, o conhecimento e experiências do aluno devem ser valorizados.
As salas de aula da EJA, nos dias atuais, são compostas por adultos que não tiveram a oportunidade de estudar, ou por causa do trabalho diário e as vezes até um tanto pesado, em se tratando dos alunos da zona rural principalmente, os impediam de frequentar uma sala de aula do ensino regular, e por jovens que também ...
Os perfis do aluno da EJA da rede pública são na sua maioria trabalhadores proletariados, desempregados, dona de casa, jovens, idosos, Portadores de deficiências especiais. São alunos com suas diferenças culturais, etnia, religião, crenças.
De acordo com a Lei Federal nº 9.
A EJA possibilita ações educativas propiciando aos educandos não apenas o acesso á escola, mas como também á educação continuada que estimula ao aluno a lidar com, as transformações que ocorrem na sociedade inclusive no mercado de trabalho.
O programa é fundamental para que jovens e adultos possam retomar os estudos e, com isso, dar o primeiro passo na carreira. É que, ao conseguir o diploma do ensino médio, você tem o pré-requisito para ingressar no ensino superior, podendo escolher a área que mais combina com você e com seus sonhos profissionais.
A EJA iniciou-se, fundamentalmente, num trabalho de parceria com a educação popular, com os movimentos sociais e com as práticas comunitárias que buscavam formas de emancipação e libertação da maioria da população, diante das diferentes maneiras e processos de exploração e submissão histórico-social.
Como foi dito anteriormente, o EJA pode ser realizado em duas modalidades diferentes: presencial e EaD, sendo a primeira realizada com aulas em uma escola e a segunda com encontros periódicos.