Tim Lopes foi morto há 21 anos, em 2 de junho de 2002, a mando do traficante Elias Maluco. Repórter da Globo, ele foi torturado, morto e queimado enquanto fazia uma reportagem investigativa na Vila Cruzeiro, favela da zona norte do Rio de Janeiro.
As buscas pelo corpo do repórter revelaram a existência de um cemitério clandestino na favela da Grota. Cerca de um mês depois do crime, um teste de DNA confirmou que fragmentos de um corpo encontrado pela polícia eram de Lopes.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em parceria com a Abraji, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro realizaram um encontro no auditório da ABI, no centro Rio.
Tim Lopes começou a atuar como jornalista na década de 1970. Além da TV Globo, ele trabalhou na sucursal do Rio de Janeiro da Folha, nos jornais O Dia, Jornal do Brasil e O Globo e na revista Placar.
Nove pessoas foram indiciadas pelo crime, sendo que duas morreram antes de serem julgadas. Maurício de Lima Matias, o Boizinho, foi morto em confronto com a polícia e André Barbosa, o André Capeta, teria se suicidado, segundo indicaram as investigações à época.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em parceria com a Abraji, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro realizaram um encontro no auditório da ABI, no centro Rio.
O detetive Daniel Gomes foi o responsável pela investigação do desaparecimento do repórter. Ele recebeu pistas de lojistas da Vila Cruzeiro que afirmaram que Tim havia chegado ao complexo na parte da tarde do dia 2 de junho e que, por volta das 20h, foi abordado por traficantes.
Ângelo Ferreira da Silva, o Primo, foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão. Ele foi considerado culpado dos mesmos crimes, mas, como colaborou com as investigações, recebeu uma pena menor que a dos demais.
A sentença foi que ele teria sido vítima de um assassinato orquestrado pelo traficante carioca Elias Maluco, que foi preso no dia 19 de setembro de 2002, 109 dias depois do incidente, e foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão no dia 25 de maio de 2005, junto com outros sete acusados de participação no crime.
Quinze anos depois, em setembro de 2020, Elias Maluco foi encontrado morto na Penitenciária Federal de Catanduvas, de segurança máxima, no oeste do Paraná. Ele foi achado com um lençol enrolado em seu pescoço, e o caso foi tratado como suicídio.
De acordo com as investigações, Elias Maluco teria feito questão de matá-lo em represália à reportagem "Feira das Drogas", exibida pelo Jornal Nacional. O jornalista filmou traficantes vendendo cocaína e maconha na entrada da favela da Grota. Por este trabalho, Lopes recebeu o Prêmio Esso de Telejornalismo de 2001.
Na Globo, participou da série de reportagens do "Fantástico" chamada Hora da Verdade, que promovia o encontro de familiares de vítimas com assassinos presos. Uma série de eventos foi marcada nesta quinta-feira (2) para homenagear o jornalista.
Tim decidira fazer a reportagem após receber denúncias de moradores da Vila Cruzeiro de que menores eram obrigadas a participar dos bailes funks, usando drogas e se prostituindo. O jornalista da TV Globo tinha experiência nesse tipo de cobertura. No ano anterior, recebera o Prêmio Esso de Telejornalismo e o Prêmio Líbero Badaró, com a série “Feira das drogas”, na qual denunciava a ação de traficantes, livres de qualquer repressão, nas favelas da Grota, da Rocinha e da Mangueira e em ruas da Zona Sul.
Contudo, eles aproveitaram uma mudança na lei para pedir o desarquivamento do inquérito, exigindo que as ossadas atribuídas ao repórter sejam examinadas por uma nova perícia. Segundo a defesa, Elias estava fora do Rio no dia do crime.
Às 8h30, havia uma instalação com fotos de Tim Lopes e texto do jornalista Alexandre Medeiros em frente à Câmara dos Vereadores, no centro da cidade. Às 10h, foi realizada uma cerimônia religiosa no Santuário Cristo Redentor para familiares e amigos.
O corpo foi carbonizado, numa fogueira de pneus, o chamado microondas. Somente em 5 de julho, um exame de DNA confirmou que os restos mortais encontrados num cemitério clandestino, no alto da favela, eram mesmo do jornalista. O enterro aconteceu no dia 7 de julho.
Ângelo Ferreira da Silva, o Primo, foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão. Ele foi considerado culpado dos mesmos crimes, mas, como colaborou com as investigações, recebeu uma pena menor que a dos demais.