Como visto em Coringa, o personagem vivido por Joaquin Phoenix dança com bastante frequência, principalmente como um meio de auto-expressão. Um homem que luta com problemas de saúde mental, não consegue se conectar com outras pessoas, e muitas vezes é alvo de ataques de estranhos. Mas quando está sozinho, fica livre para mexer os braços e pés como quiser.
Ao surgir na TV e denominar os desfavorecidos de "falhados" e "palhaços", o candidato a prefeito gerou grande revolta. Em resposta, foi marcado um protesto de proporções gigantescas para o dia que Arthur iria à televisão.
Dito e feito: entre os meses de junho e agosto de 2018, a dieta de Joaquin foi uma maçã por dia. Ele perdeu 22 kg entre o primeiro encontro com o elenco e a leitura coletiva do roteiro (ou seja, poucos dias, o suficiente para pegar todos de surpresa). A imersão no personagem pode ter começado pouco antes, mas ela se manteve ao longo das gravações.
Aí, enfurecido com o que descobriu sobre o seu passado, ele abraça o seu lado mais sombrio e sufoca a mãe com uma almofada. Como uma forma sinistra de libertação, declara que não foi "Feliz" nem um único dia na sua vida.
Será que Coringa é um mero incentivo à destruição e à violência? Embora fosse possível pensar isso numa primeira análise, a mensagem do filme vai muito além. Ela nos obriga a rever as dicotomias de "bem" e "mal", "herói" e "vilão" enquanto conceitos absolutos.
Após ser atacado por um grupo de meninos, ele recebeu uma arma de um companheiro de trabalho, mas infelizmente deixou cair o objeto durante uma apresentação, o que o levou à demissão.
Phoenix também se inspirou na época da discoteca para dançar como o Coringa. Mas ainda não se sabe se tentou imitar John Travolta enquanto se preparava.
Neste longa-metragem de Todd Phillips, a narrativa é distinta dos outros filmes do universo Batman. Além de tratar de temas sociais de grande relevância, Coringa nos mostra o passado do vilão e nos faz questionar: como foi possível chegar a este estado?
“Há música nele“, reconhece o diretor. O jeito que ele anda na rua, que trabalha girando a placa, como ele abre ou segura a porta do elevador, é uma coreografia inconsciente. Na cena do banheiro é a primeira vez que todos podem ver essa dança ser mais explícita.
Durante a conversa descobrimos que o protagonista já esteve internando num hospital psiquiátrico e toma 7 comprimidos diferentes, mas continua sendo negligenciado pelo sistema. Arthur se questiona:
Sem trabalho, sem perspectivas e sem condições mínimas de vida, Arthur representa o cidadão destruído, que perde o controle e começa uma onda de rebelião. Já Thomas Wayne, por outro lado, se torna um símbolo da elite que entregou esses indivíduos à própria sorte.
Deste modo, fica notório que estes são os atos loucos de um homem desesperado que sente que tem o mundo contra ele. Em seguida, começa a explicar os seus motivos, alegando que homens milionários como Thomas Wayne não se preocupam com o resto da sociedade.
Embora carregue uma arma apenas para se proteger, porque vive num mundo onde ninguém pode vacilar, a sua fúria vai aumentando, ao mesmo ritmo que os sentimentos de cansaço e desespero.
Nas cenas finais, Arthur está internado num hospital psiquiátrico e conversa com a terapeuta. No rosto, mantem o seu riso de Coringa que anuncia que a confusão está apenas começando.
Depois da mãe passar mal e ser hospitalizada, Fleck vai atrás da ficha psiquiátrica da mãe e descobre que foi adotado e sofreu violência por um antigo companheiro dela. Mais tarde, quando vai visitá-la, Arthur decide sufocá-la com o travesseiro e matá-la.
O momento que marca a transição de Arthur para Coringa é a cena da dança no banheiro. Originalmente, ela foi escrita com o intuito de Arthur se desfazer da arma, que agora seria evidência de um crime. Todd e Joaquin foram ao tal banheiro e se perguntaram se essa seria a ação certa. “Arthur se importaria o suficiente ao ponto de se desesperar? Ele teria visto isso em um filme? Por que se sujeitaria a isso?” foram alguns dos argumentos levantados.
Arthur é uma pessoa excluída devido a problemas mentais, e deseja ser um comediante. No entanto, ao decorrer do tempo, seu comportamento se torna cada vez mais imprevisível e inquietante.
Sucesso das duas mentes (Todd e Joaquin) mereceu ser citado à parte aqui nesta lista, mas é justamente a união e a boa conversa entre ambos que resultou na impecável representação. Eles sentiram o mesmo medo de trabalhar com o personagem, que foi tantas vezes interpretado e adaptado ao longo dos anos. O diretor, por exemplo, falou com toda tranquilidade que “ainda não havia uma versão ruim” do personagem, e ele não queria ser o primeiro a quebrar a tradição.
Mesmo assim, o homem tenta cumprir as suas obrigações e até começa por recusar a arma que Randall, um companheiro de profissão, lhe oferece. No entanto, a sua instabilidade e necessidade de proteção acabam falando mais alto e ele passa a carregar o objeto.