O Que Aconteceu Depois Da Semana De Arte Moderna De 1922?

O que aconteceu depois da Semana de Arte Moderna de 1922

Era 13 de fevereiro de 1922 quando o Theatro Municipal de São Paulo registrou casa cheia. Inaugurado havia pouco mais de uma década, o local recebeu naquele dia o governador do estado, o prefeito da cidade, jornalistas, estudantes, fazendeiros, industriais, comerciantes e, claro, artistas. A ocasião entraria para a história: estava começando a Semana de Arte Moderna de 22, que prometia renovar o ambiente artístico do país.

Um exemplo dessa politização é a obra Seja marginal seja herói, de Oiticica. A poesia-bandeira não apenas representa a transgressão de valores burgueses como carrega um recado claro: aquele que vive à margem, não envolvido pelos dogmas do centro, consegue enxergar (e compreender) melhor a própria sociedade. Elaborada em 1968, a pintura sobre tecido reproduz a foto do corpo de Alcir Figueira da Silva, um homem que se suicidou após assaltar um banco e ser alcançado pela polícia. “Que diabólica neurose o teria levado a preferir a morte à prisão?”, questionou Oiticica em texto apresentado naquele mesmo ano. Para ele, Alcir era um anti-herói que simbolizava o quanto a sociedade precisava de uma reforma completa.

Como foi a Semana de Arte Moderna de 1922?

Décadas depois, a união entre artistas e a discussão sobre a arte nacional continuaram a se fortalecer, mas impulsionadas por novos meios: os museus. Isso porque eles permitiram a ampliação do acesso a exposições, experimentações e palestras. “É o que gera o 'caldo' para que a arte brasileira tanto absorva o que vem de outros países quanto experimente seus próprios elementos, assim se configurando em uma vanguarda brasileira que não é mais derivada das europeias como aconteceu na Semana de 22”, diz Paula Braga, professora na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Paulo, e uma das autoras do livro Sobre a arte brasileira: da pré-história aos anos 1960 (Editora WMF Martins Fontes/Edições Sesc São Paulo).

d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.

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Entre as características buscadas naquele momento e presentes na contemporaneidade estão a autonomia das normas eurocêntricas, a liberdade artística e a valorização da cultura nacional — comprovando que, apesar das críticas recebidas em 1922, os modernistas seguem influenciando.

“Da libertação do nosso espírito sairá a arte vitoriosa. E os primeiros anúncios da nossa esperança são os que oferecemos aqui à vossa curiosidade. São estas pinturas extravagantes, estas esculturas absurdas, esta música alucinada, esta poesia aérea e desarticulada”, declarou Aranha durante a abertura da Semana de 22, segundo conta o livro Mário de Andrade e a Semana de Arte Moderna, da coleção Modernismo — do surgimento no mundo à explosão do movimento no Brasil, publicada pela Faro Editorial em novembro de 2021. “O que hoje fixamos não é a renascença de uma arte que não existe. É o próprio comovente nascimento da arte no Brasil”, comemorou Graça Aranha.

Mas, assim como outros eventos artísticos, a Semana de 22 não foi bem-recebida pela sociedade naquele início de século. Antes dela, a Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti — a primeira a empregar o termo “moderno” no Brasil — havia sido rejeitada em 1917, antecipando o que estava por vir. A mostra continha 53 obras que, na concepção de Monteiro Lobato, teriam sido feitas por alguém que enxerga “anormalmente a natureza” e a interpreta “à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes”.

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A proposta de muitos artistas atuais é revisar narrativas históricas e trazer à tona discussões que, por muito tempo, foram abafadas. É o caso da valorização das heranças indígenas e das questões étnico-raciais representadas na 34ª Bienal de São Paulo, que aconteceu entre 4 de setembro e 5 de dezembro de 2021. Nessa última edição do evento, nove artistas indígenas foram convidados — o maior número desde 1951, quando a Bienal foi inaugurada —, sendo cinco brasileiros: Daiara Tukano, Sueli Maxakali, Jaider Esbell, Uýra e Gustavo Caboco. “Isso evidencia que a história do nosso país precisa ser contada como sendo de opressão”, analisa a professora da UFABC.

Atualmente considerado um dos principais marcos da cultura brasileira, o evento foi financiado pela aristocracia — na época, representada sobretudo pela figura do fazendeiro, empresário e mecenas Paulo Prado. Foi ele quem definiu o líder do movimento: Graça Aranha. Coube ao escritor e membro fundador da Academia Brasileira de Letras mostrar ao público que a bandeira do festival era a liberdade — criativa, de expressão, dos padrões eurocêntricos e do conservadorismo então vigente.

No ano em que o evento de arte moderna celebra seu centenário, entenda sua importância e como o trabalho artístico no país evoluiu desde então

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Já durante as apresentações de 1922, modernistas foram vaiados pelo público e incompreendidos pela imprensa. “Em música são ridículos, na poesia são malucos e na pintura são borradores de telas”, opinou o jornalista e crítico Oscar Guanabarino.

Ela destaca o Clube dos Artistas Modernos (CAM), criado em 1932 e liderado por Flávio de Carvalho, e a Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM), que foi fundada em 1932 por Mário de Andrade e reuniu figuras como Sérgio Milliet, Anita Malfatti, Lasar Segall e Tarsila do Amaral. “Essas duas agremiações artísticas formadas na cidade de São Paulo expressam, antes de mais nada, o êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país ao longo da década de 1930”, analisa Zaccara, que também é vice-presidente da Associação Nacional dos Pesquisadores de Artes Plásticas (ANPAP).

Mulheres foram protagonistas no modernismo. Da esquerda para a direita: Pagu, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Elsie Houston, Benjamin Péret e Eugênia Álvaro Moreyra. (Foto: Domínio público)

Resumo da Semana de Arte Moderna de 1922

A missão dos modernistas consistia em abandonar o academicismo. Nas palavras de Aranha, o estilo acadêmico era “um grande mal na renovação estética do Brasil” que sufocava a originalidade dos artistas e tornava tudo “medíocre e triste”. Em vez disso, era o subjetivismo que deveria direcionar os trabalhos artísticos. Desejava-se que cada um fosse livre para criar suas obras sem se ater a regras.

Mais tarde, em 1928, Oswald de Andrade e Raul Bopp idealizaram a Revista de Antropofagia, inspirados pelo quadro Abaporu. O título da tela significa “antropófago” em tupi-guarani, assim remetendo ao propósito do antropofagismo de assimilar criticamente as vanguardas europeias e recriá-las a partir da cultura brasileira. Difundindo pensamentos combativos e posições radicais, o periódico se consolidou como um dos principais veículos modernistas.

Exemplares contemporâneos estão também na exposição Brasilidade Pós-Modernismo, que já passou pelo Rio de Janeiro (onde recebeu mais de 25 mil visitantes) e agora está no Centro Cultural do Banco do Brasil, em São Paulo, até 7 de março. A mostra contém trabalhos de 51 artistas feitos a partir de 1960 e divididos em seis núcleos temáticos: Liberdade, Futuro, Identidade, Natureza, Estética e Poesia. “A brasilidade se mostra diversificada e miscigenada, regional e cosmopolita, popular e erudita, folclórica e urbana”, analisa Tereza de Arruda, historiadora da arte e curadora.

Principais artistas da Semana de Arte Moderna de 1922

A partir de 1960, grandes instituições — como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e os Museus de Arte Moderna (MAM) de São Paulo e do Rio de Janeiro — passaram a fornecer respaldo para o desenvolvimento de uma linguagem vanguardista realmente brasileira. Tanto o MAM paulistano quanto o carioca promoviam, por exemplo, cursos e sessões de cinema que colocavam em pauta as tendências artísticas do momento.

A curadora destaca também a diversidade de linguagens, interlocutores e contextos por meio da qual a brasilidade se expressa, e o fato de que essa pluralidade carrega traços que ganharam os holofotes por aqui há cem anos. “A tendência atual é voltada para questões direcionadas ao cotidiano, com muitos aspectos já almejados na Semana de Arte de 22”, avalia.

Como o modernismo literário contribui para o processo de construção da identidade do povo brasileiro?

Esse trabalho literário e cultural buscava criar uma interpretação genuinamente brasileira, afastada das influências estrangeiras. ... O Movimento Modernista da década 1920 buscava também encontrar as raízes da sociedade brasileira, afirmando o nacionalismo como um estágio para se chegar ao universal.

Como era a arte brasileira antes do modernismo?

As primeiras manifestações artísticas do Brasil ocorreram muito antes dos portugueses desembarcarem em terras brasileiras. As formas artísticas mais antigas foram encontradas no Piauí, são pinturas rupestres e têm cerca de 15.

Como a arte contemporânea chegou no Brasil?

No Brasil, o estilo da Arte Contemporânea começou a ser fomentado também durante a década de 1950, principalmente por meio do movimento de vanguarda do Neoconcretismo. A Pop Art americana, ao aparecer em todo o mundo, influenciou também a maneira como se fazia arte aqui no Brasil, principalmente nos anos 1960.

Como aconteceu a arte contemporânea no Brasil?

No Brasil, a Arte Contemporânea começou a se desenvolver a partir da década de 1950, com o movimento vanguardista conhecido por Neoconcretismo. Desde então, alguns artistas se tornaram conhecidos por uma arte inovadora, viva e autoral.

Quais os materiais utilizados na arte popular?

Resposta. barro,palha ,pigmentos natural,renda ,bordados , cerâmica ,argila .

Quais os materiais que pode ser usado para fazer obra de arte?

Os itens básicos são: tintas, pincéis, lápis coloridos, giz de cera, papeis com diversas cores e texturas, retalhos de tecidos, cola, tesoura, recipientes para misturas de tintas e muitos outros.

Que tipos de materiais podem ser utilizados para produzir arte?

Materiais comuns são: a tinta a óleo, acrílica, o guache e a aquarela. Pintura da artista Helene Beland. É também possível lidar com pastéis e crayons, embora estes materiais estejam mais identificados com o desenho.

O que é material na arte?

A matéria pode ser considerada propriamente o que chamamos de material para a arte, sendo assim, é o que se utilizou para que a obra de arte pudesse ser realizada e finalizada, assim a matéria para o nosso exemplo de artes visuais são as tintas, para a música seria a melodia, os sons e para o teatro e a dança, as ...

Quais são os materiais usados para fazer uma escultura?

Existem diversas técnicas na elaboração de uma escultura, como a cinzelação, a fundição, a moldagem ou a aglomeração de partículas na criação de um objeto. Os materiais mais usados para se fazer uma escultura são o bronze, o mármore, a argila, a cera, a madeira e até mesmo o ouro.

O que se usa para esculpir?

Mármore, pedra calcárea, granito e pedra sabão são tipos de matérias-primas utilizadas na confecção de esculturas a partir da técnica do cinzelamento.

O que é escultura para que serve?

Escultura é uma arte que representa ou ilustra imagens plásticas em relevo total ou parcial. Existem várias técnicas de trabalhar os materiais, como a cinzelação, a fundição, a moldagem ou a aglomeração de partículas para a criação de um objeto.

Qual o melhor material para esculpir?

4 Tipos mais comuns de massas para escultura: conheça as suas características

  1. Massa epoxi. Existem várias marcas de massa epoxi e elas são normalmente bi-componente: é preciso misturar um secante e um adesivo para o produto se formar. ...
  2. Polyclay. ...
  3. Oil Clay. ...
  4. Massa de biscuit.

Qual o melhor tipo de argila para escultura?

Costumo utilizar dois tipos de argila: a marrom e a cinza. A cinza , mais plástica, é melhor para fazer esculturas minuciosas, rica em detalhes, porém é necessário umidecê-la constantemente para não trincá-la ,pois ela seca mais rápido que a marrom.

Como usar argila para esculturas?

Apóie a argila com uma das mãos e empurre para baixo com a outra. Estique a parte que foi pressionada e dobre-a por cima do resto da massa, depois volte a empurrar para baixo. Repita várias vezes. Durante o processo, você vai ouvir as bolhas de ar estalando, com a pressão.

Como se faz uma escultura de argila?

Os materiais principais para fazer uma escultura de argila são: a argila, água, uma esteca e tinta acrílica ou esmalte para cerâmica, para que você possa pigmentar e decorar sua escultura. Você poderá usar também um molde para que você inicie uma forma de base para começar a modelar o restante.